
A história da música contemporânea está repleta de centenas de rivalidades, tanto amigáveis quanto não. Beatles versus Rolling Stones. Britney versus Christina. Iggy Pop versus camisetas. Com as indicações ao Grammy deste ano, uma nova disputa surgiu para superar todas elas: Fab Morvan do Milli Vanilli versus o Dalai Lama e a ministra da Suprema Corte Ketanji Brown Jackson.
A lista de indicados de cada ano sempre traz algumas pessoas improváveis para a festa — olhando para vocês, páginas do Grammy de Bernie Sanders e Alex Trebek — e a categoria mais discretamente divertida é Melhor Audiolivro, Narração e Gravação de Contação de Histórias. Vencedores anteriores incluem intrusos tão inusitados quanto Edward R. Murrow, Dudley Moore, dois Burns não-musicais (George e Ken), Betty White e o indicado 10 vezes (?!) Jimmy Carter.
Para este ano, role além dos músicos de primeira linha nas grandes categorias e chegue à “Categoria 70”, que encontrará Jackson e o Dalai Lama disputando a supremacia do Grammy contra metade da dupla desacreditada dos anos 90.
Jackson está indicada por suas memórias, Lovely One, que o The New York Times chamou de “profundamente pessoal e cheio de esperança”. Meditations: The Reflection of His Holiness the Dalai Lama apresenta as reflexões do Dalai Lama sobre música clássica indiana e peças de Maggie Rogers e Rufus Wainwright. (Trevor Noah e a atriz Kathy Garver completam os indicados.)
Mas são as memórias de Morvan, You Know It’s True: The Real Story of Milli Vanilli, que renderão mais manchetes se ele vencer. O histórico do grupo no Grammy dificilmente é ilustre, vencendo Melhor Artista Revelação em 1990 e depois tendo o prêmio revogado após ser revelado que eles não cantaram no álbum e dublaram nas apresentações. (Rob Pilatus, o outro membro do grupo, morreu em 1998.)
“Fab viveu uma das ascensões mais dramáticas e surreais que o mundo da música já testemunhou”, diz a descrição do livro. “No auge da fama, com singles no topo das paradas e fãs gritando pelo mundo todo, tudo implodiu”.
(Não por nada, mas como um desvio divertido, se um artista ganha um Grammy, tem ele revogado e depois ganha novamente, ele é tecnicamente um vencedor de Grammy pela primeira vez? A Rolling Stone investiga.)
Se Morvan vencer, isso pode sinalizar o ápice de um arco de redenção que o levou da figura mais desacreditada da indústria a um triste porta-voz das maquinações moralmente duvidosas de um negócio que agora está correndo de frente com vocais de IA e faixas quase legítimas.
“Então deixa eu entender direito, anos atrás a indústria descobriu que o Milli Vanilli não eram realmente as vozes em seu disco vencedor do Grammy e eles foram destituídos de seu Grammy“, tuitou Jermaine Dupri antes das indicações serem anunciadas. “Mas agora estamos nos preparando para aceitar pessoas que nem sequer conseguem cantar, criando músicas para uma pessoa falsa? Como isso é diferente do Milli Vanilli“?
Então, sim, zoe o Grammy o quanto quiser. Mas é só aqui e em um número de stand-up dos anos 90 que você pode começar uma frase com: “Uma estrela pop desacreditada, uma ministra da Suprema Corte e o Dalai Lama…”
+++LEIA MAIS: Grammy 2026: veja a lista completa dos indicados
O post Um membro do Milli Vanilli disputará com o Dalai Lama por um Grammy… apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
