Em sua carreira solo, Ozzy Osbourne trabalhou com alguns dos melhores músicos da história do heavy metal. A lista de guitarristas, em especial, chama atenção: Randy Rhoads, Jake E. Lee, Zakk Wylde e Gus G estão entre os que foram membros oficiais de sua banda; já entre colaboradores pontuais, há nomes como Steve Vai, Alex Skolnick e Brad Gillis.
E ainda tem aqueles que foram testados ou quase trabalharam com o cantor: George Lynch, Richie Kotzen, Buckethead… e por aí vai. Entre todos eles, apenas um recusou o convite para trabalhar com o Madman.
O “não” veio de Nuno Bettencourt. O músico nascido em Portugal e residente dos Estados Unidos desde a infância ficou famoso pela obra com o Extreme — razão pela qual negou entrar para a banda de Osbourne.

Bettencourt relembrou a história, dividida em duas eras distintas, em entrevista ao Page Six. A etapa inicial envolve um sonho de adolescente: Nuno, ainda com 15 anos de idade, queria entrar para a banda de Ozzy após a morte de Randy Rhoads, em 1982. Chegou a tentar a sorte, sem sucesso.
“Havia um anúncio para enviar uma fita cassete. Então, eu gravei e enviei. Jurei que iria conseguir entrar para a banda. Claro que não rolou. Ninguém nunca me ligou.”
Já adulto e experimentando o sucesso com o Extreme, Bettencourt recebeu o convite com o qual tanto sonhou na adolescência. De certa forma, era tarde demais.
“Doze anos depois, entre 1995 e 1996, estou abrindo um show do Aerosmith com o Extreme em Londres e meu agente de turnês chega dizendo: ‘Sharon [esposa e empresária do Ozzy] acabou de ligar, Ozzy quer que você entre para a banda dele’. E eu disse ‘não’. Eu estava em uma banda que estava começando a se estabelecer, o Extreme, e tínhamos lançado hits.”
O mais surpreendente é que, ainda em 1996, o Extreme anunciou o encerramento de suas atividades, após uma série de divergências e a repercussão modesta do álbum Waiting for the Punchline (1995). Ainda assim, Nuno não se arrepende da decisão — com ineditismo reconhecido pelo próprio Ozzy semanas antes de sua morte, em julho, às vésperas do festival de despedida Back to the Beginning.
“As últimas palavras que dissemos um ao outro quando tiramos a grande foto em grupo do Back to the Beginning foram… eu estava aos pés dele, agarrei sua mão e disse: ‘Obrigado por tudo e pelo que você significa para mim’. Daí ele me puxou pela mão e disse, rindo: ‘Você foi o único guitarrista que me disse ‘não’. [Risos] Eu te amo. Obrigado por estar aqui’.”

Nuno Bettencourt homenageando Ozzy Osbourne
No dia 5 de julho, Nuno Bettencourt foi, provavelmente, um dos músicos que mais subiu ao palco do Villa Park, estádio na Inglaterra que recebeu a despedida de Ozzy Osbourne e do Black Sabbath. O guitarrista participou de várias apresentações dos supergrupos montados para tocar músicas das carreiras da banda e do artista homenageados.
No início de setembro, o integrante do Extreme voltou a prestar tributo a Osbourne, agora no palco do MTV Video Music Awards (VMA). Junto de membros do Aerosmith e de Yungblud, ele tocou as músicas “Crazy Train” e “Mama I’m Coming Home”.
Sobre isso, o português-americano afirmou:
“Homenageá-lo significa tudo para mim, especialmente para o meu ‘eu’ adolescente que começava a ouvir rock e metal. Ele foi um padrinho para nós. O fato de ele ter feito o que fez com o Black Sabbath e tido uma carreira solo totalmente diferente, bem como uma estrela de reality show… esse cara afetou a cultura e tocou a todos de maneiras diferentes. Participei do Back to the Beginning, toquei, conversei com ele, em despedi, ainda que não soubéssemos que ele iria falecer — quer dizer, sabíamos, mas não sabíamos.”
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