A partir do próximo dia 16 de outubro, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, um dos maiores eventos de cinema do Brasil e da América Latina, apresenta a sua 49ª edição, que permite cinéfilos e entusiastas da sétima arte conferir centenas de produções inéditas, obras de diretores consagrados e novos talentos em sessões distribuídas por toda São Paulo e região.
Para ajudar com a maratona cinematográfica, a Rolling Stone Brasil preparou uma lista com 15 produções dirigidas por mulheres para ficar de olho na Mostra de São Paulo 2025, incluindo O Som da Queda, vencedor do prêmio do júri no Festival de Cannes, Palestina 36, candidato da Palestina ao Oscar 2026 e Eleanor the Great, estreia de Scarlett Johansson (Viúva Negra) na direção. Confira:
O Som da Queda
O Som da Queda, de Mascha Schilinski, traz quatro meninas, Alma, Erika, Angelika e Lenka, que passam a juventude na mesma fazenda, no norte da Alemanha. À medida que a casa se transforma ao longo de um século, os ecos do passado permanecem ali, nas paredes. Embora separadas pelo tempo, suas vidas começam a refletir umas nas outras.
Palestina 36
Palestina 36 , de Annemarie Jacir, mostra vilarejos por toda a Palestina que se insurgem contra o domínio colonial britânico, Yusuf, que tenta construir sua vida para além dessa crescente agitação, se vê dividido entre sua casa na região rural e a inquietude de Jerusalém. Mas a história é implacável. Com o aumento do número de imigrantes judeus fugindo do antissemitismo na Europa e a população palestina se unindo na maior e mais longa revolta contra os 30 anos desse domínio colonial, tudo parece se encaminhar em direção a um conflito inevitável, em um momento decisivo para o Império Britânico e o futuro de toda a região.
Eleanor the Great
Eleanor the Great, de Scarlett Johansson, acompanha uma espirituosa senhora de 94 anos que conta uma história que ganha uma perigosa vida própria. Eleanor Morgenstein sempre se viu envolvida e conectada com as pessoas ao seu redor. Após uma perda devastadora, ela se muda da Flórida para Nova York para viver com sua filha e seu neto, na esperança de se reconectar com a família. Porém essa mudança a faz se sentir ainda mais à deriva e invisível. Um dia, sem se dar conta, ela entra em um grupo de apoio ao qual não pertence exatamente e acaba revelando uma história que, inadvertidamente, lhe traz um nível de atenção que não pretendia. Eleanor se vê envolvida por consequências revigorantes quando uma jovem estudante de jornalismo a procura como amiga e mentora. Mas, quando as coisas começam a ir longe demais, Eleanor precisa encarar a verdade.
Cyclone
Cyclone, de Flávia Castro, se passa em São Paulo, 1919. Desafiando todas as regras, uma jovem operária e dramaturga conquista uma cobiçada bolsa para estudar teatro em Paris, mas logo descobre que o maior obstáculo para realizar seu sonho é ter nascido em um mundo onde as mulheres nem sequer são donas do próprio corpo.
A Natureza das Coisas Invisíveis
Na história de A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo, Glória tem 10 anos e passa as férias no hospital onde sua mãe trabalha como enfermeira. Lá ela conhece Sofia, uma menina que está convencida de que a piora na saúde da bisavó é causada pela internação no hospital. Unidas pelo desejo de sair dali, as crianças encontram conforto na companhia uma da outra. Quando a partida se torna inevitável, as meninas e suas mães seguem para um refúgio no interior de Goiás para passar os últimos dias de um verão inesquecível.
Criadas
Em Criadas, de Carol Rodrigues, Sandra retorna à casa de sua prima Mariana em busca de uma foto de sua falecida mãe, que trabalhou ali como empregada residente para os pais de Mariana. Embora tenham sido criadas juntas, Sandra, negra de pele escura, e Mariana, negra de pele clara, viveram aquela casa de formas muito diferentes. Ao se reconectarem, memórias há muito enterradas tomam forma ao redor delas. Fantasmas da infância, da ancestralidade, de um amor que nunca foi embora completamente.
Amiga Silenciosa
Em Amiga Silenciosa, de Ildikó Enyedi, no coração de um jardim botânico em uma cidade universitária medieval da Alemanha ergue-se um majestoso gingko. Testemunha silenciosa, acompanhou por mais de um século os discretos ritmos de transformação de três vidas humanas. Em 2020, um neurocientista de Hong Kong, dedicado a estudar a mente dos bebês, inicia um experimento inesperado com a antiga árvore. Em 1972, uma jovem estudante é profundamente marcada pelo simples gesto de observar um gerânio e se conectar a ele. Em 1908, a primeira aluna mulher da universidade descobre, pelas lentes de uma câmera fotográfica, padrões sagrados do universo escondido nas plantas mais simples. Acompanhamos suas tentativas desajeitadas de estabelecer laços — cada um enraizado em seu próprio tempo — enquanto são transformados pela força discreta, duradoura e misteriosa da natureza. O velho gingko nos aproxima do que significa ser humano, e de nossa busca por pertencimento.
Ainda é Noite em Caracas

Na trama de Ainda é Noite em Caracas, da dupla Mariana Rondón e Marité Ugás, Adelaida é uma mulher de 38 anos que se vê completamente sozinha após o enterro da mãe presa em uma cidade à beira do colapso. Nas ruas de Caracas, os protestos são brutalmente reprimidos. Ao voltar para casa, descobre que seu apartamento foi tomado por mulheres ligadas ao regime. Sem saída, refugia-se no apartamento vizinho, onde se depara com o cadáver da moradora. Forçada a dividir o confinamento com um jovem em quem não pode confiar, Adelaida mergulha em uma espiral claustrofóbica de paranoia, medo e morte, até perceber que, para sobreviver, precisa abrir mão de sua identidade e se tornar outra pessoa: a Filha da Espanhola.
Sorry, Baby
Em Sorry, Baby, de Eva Victor, algo ruim aconteceu com Agnes. Mas a vida continua — pelo menos para todos ao redor dela.
Amora

Amora, de Ana Petta, apresenta Pedro, de 4 anos, que mora com a irmã e a mãe em uma vila de casas no centro de São Paulo. Sua vida é feita de árvores, vizinhos e brincadeiras, até a chegada da notícia de que tudo será demolido para dar lugar a um prédio. A narrativa segue os olhos atentos e a imaginação do menino, registrando a dor da separação dos amigos, os conflitos com a construtora e o esvaziamento das casas, enquanto os moradores se mobilizam para preservar a memória daquele espaço.
Aqui Não Entra Luz

Entre memórias pessoais e pesquisas históricas, uma cineasta, filha de uma trabalhadora doméstica, percorre os quatro estados brasileiros que mais receberam mão de obra escravizada e revela como os espaços de moradia foram projetados para segregar corpos e sustentar hierarquias. No caminho, encontra mulheres que enfrentam esse legado e lutam para que suas filhas possam sonhar outros destinos. Aqui Não Entra Luz, de Karol Maia, constrói um retrato íntimo e político de como a arquitetura no Brasil ainda carrega os traços da escravidão.
Não Deixe o Sol
Em Não Deixe o Sol, de Jacqueline Zünd, o calor não para de aumentar, obrigando as pessoas a viverem suas vidas durante a noite. Presas em formas curiosas de solidão, elas acabam se afastando. É nesse cenário que Jonah oferece algum conforto a desconhecidos. Enquanto criar vínculos se torna cada vez mais raro, sua dedicação ajuda a preencher um vazio generalizado. Jonah assume, sem maiores dificuldades, a vida de outras pessoas, incorporando diferentes papéis. Porém, quando se vê no papel de pai para Nika, uma menina de 9 anos, sua vida rapidamente começa a desmoronar. A garota o desafia com sua tristeza e seu silêncio e, à medida que ela lentamente se desarma para ele, Jonah vê despertar algo que parecia perdido há muito tempo.
Deus Não Vai Ajudar
Em Deus Não Vai Ajudar, de Hana Jušić, no início do século 20, uma mulher chilena chamada Teresa chega a uma comunidade montanhosa de pastores croatas, rígida e isolada, afirmando ser a viúva de um dos irmãos que havia emigrado. Sua presença abala profundamente a dinâmica entre os membros da comunidade e desperta inquietações, mas também traz um sopro de liberdade.
A Irmã Mais Nova
A Irmã Mais Nova, de Hafsia Herzi, acompanha Fátima, de 17 anos, a caçula de três irmãs. Ela tenta, com alguma cautela, trilhar seu próprio caminho, dividida entre novos desejos, a descoberta de sua atração por outras mulheres e a lealdade à sua calorosa família franco-argelina. Depois que ingressa na universidade em Paris, ela começa a namorar, fazer amigos e passa a explorar um universo até então desconhecido, enquanto enfrenta um dilema atemporal e doloroso: como permanecer fiel a si mesma quando conciliar diferentes partes da própria identidade parece impossível?
Fuck the Polis

Em Fuck the Polis, de Rita Azevedo Gomes, a descoberta de uma doença grave leva Irma até a Grécia, o reino da luz, onde ela faz uma viagem guiada pelo deus Apolo através de lugares sagrados. Cerca de vinte anos depois, Irma revisita esse percurso apolíneo. Entre o conto de João Miguel Fernandes Jorge (baseado no relato pessoal dessa jornada) e a experiência da diretora Rita Azevedo Gomes, “Fuck The Polis” nos leva até as ilhas gregas, entre vozes e mares, pedras e danças, ventos e templos, ruínas e deuses corroídos. Um filme sobre uma ligação profunda com o mundo e a tentativa intensa de enxergar o mundo ao redor, quando a história coexiste com o presente, e nossas memórias e sentimentos subjetivos dançam com a objetividade da realidade que nos cerca.
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