O Iron Maiden não lança material inédito desde Senjutsu, lançado em 2021, e o futuro criativo da banda permanece indefinido. A divergência entre as principais forças criativas do grupo ficou evidente em entrevista à edição de outubro da revista Metal Hammer, revelando posições opostas sobre a gravação de um novo disco.
Bruce Dickinson manifestou interesse em retornar ao estúdio, motivado pela entrada do baterista Simon Dawson no lugar de Nicko McBrain. O vocalista relatou ter compartilhado essa vontade com Steve Harris, afirmando em entrevista: “Eu disse: ‘O baterista está se saindo muito bem, não está? Talvez devêssemos fazer um álbum novo’. Mas ele resmungou e disse: ‘Não tenho tempo’”. A resposta do baixista e líder da banda reflete sua postura atual em relação ao processo criativo, que considera desgastante e demandante.
Steve Harris justificou sua posição explicando que compor exige isolamento e esforço intenso. “Não sei, essa é a resposta para isso. Compor é estressante. Eu me tranco e me torturo por algumas semanas. Não diria que é traumático, mas dá um trabalho danado”, declarou o músico, que também lidera o British Lion. Em março de 2024, Harris já havia expressado opinião semelhante em conversa com Eddie Trunk, afirmando que, apesar de ter ideias constantemente, não existia planejamento concreto para novo projeto. “Ainda temos bastante turnê pela frente, então não sei. Vamos ver. Eu fico tendo ideias o tempo todo. Acho que tenho sorte nesse sentido, tenho tantas ideias que nem sei se conseguiria colocá-las todas em prática na minha vida inteira”, comentou.
A mudança na formação da banda aconteceu em maio, quando Simon Dawson assumiu a bateria após Nicko McBrain decidir afastar-se das extensas turnês. Dawson, conhecido pelo trabalho no British Lion e pelos anos com The Outfield, causou forte impressão em Bruce Dickinson desde os primeiros ensaios. O vocalista descreveu-se como “agradavelmente chocado” com o desempenho do novo integrante e destacou características que diferenciam sua abordagem da de seu antecessor.
Segundo Dickinson, não há estranhamento em dividir o palco com o novo baterista porque o estilo de Dawson é facilmente distinguível. “Não é estranho pelo fato de que, quando ouço o que vem de trás de mim, sei que não é o Nicko. Então não espero ver o Nicko, porque tudo no Simon é diferente. A bateria dele é afinada de outra forma, ele toca as músicas com uma pegada diferente da do Nick“, explicou o cantor em participação no programa Rock Of Nations. O vocalista elogiou particularmente a precisão rítmica de Dawson, afirmando que a bateria dele é afinada com timbre mais grave e encorpado, e que o músico mantém rigorosamente o andamento das músicas. “Os guitarristas ficam todos sorrindo de orelha a orelha e Steve também. Porque ninguém fica com aquela sensação de: ‘ei, você está acelerando demais’ ou ‘está muito devagar’. É isso que o Simon traz: estabilidade”, destacou.
Produzido por Kevin Shirley com coprodução de Steve Harris, Senjutsu, décimo sétimo álbum do Iron Maiden, apresenta um título que significa “tática e estratégia” em japonês, com capa criada por Mark Wilkinson baseada em conceito de Harris. O álbum duplo tem mais de 80 minutos de duração distribuídos em 10 faixas, sendo três com mais de 10 minutos e apenas duas com menos de cinco minutos.
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