
Estrela de Crepúsculo e vencedora do BAFTA de Atriz em Ascensão em 2010, Kristen Stewart também construiu uma carreira em filmes independentes, como Acima das Nuvens (2014), pelo qual ganhou o Prêmio César, Personal Shopper (2016), e Love Lies Bleeding: O Amor Sangra (2024). Em 2022, ela foi indicada pela primeira vez ao Oscar de Melhor Atriz, por sua interpretação de Diana, em Spencer (2021).
Agora, a atriz está deslanchando sua carreira na direção, com o longa The Chronology Of Water. Na última terça-feira, 4, durante o Almoço Feminino da Chanel 2025, ela criticou à desigualdade de gênero em Hollywood, e detalhou as dificuldades que as cineastas ainda enfrentam.
“Em um momento pós-Me Too, parecia possível que as histórias feitas por e para mulheres finalmente recebessem o reconhecimento que merecem, que pudéssemos ser autorizadas ou até mesmo encorajadas a expressar a nós mesmas e nossas experiências compartilhadas, todas as nossas experiências sem filtro”, começou a artista (via NME).
O Me Too foi um movimento social global contra o assédio e o abuso sexual, que ganhou destaque em 2017 com uma hashtag nas redes sociais. Impulsionado por denúncias contra o produtor de Hollywood, Harvey Weinstein, a ação encorajou vítimas a compartilharem suas experiências, aumentou a conscientização sobre o problema e teve um impacto significativo no sistema jurídico estadunidense.
Acordos de confidencialidade (NDAs) em casos de assédio sexual foram proibidos em vários estados, prazos para denúncias de crimes sexuais foram eliminados e novas leis foram criadas para responsabilizar os criminosos. O Me Too também incentivou o diálogo sobre práticas mais seguras no local de trabalho.
Porém, segundo Stewart, o auge do movimento se dissipou e as desigualdades de oportunidade ainda são evidentes. “Quando o conteúdo é muito sombrio, muito tabu, quando a franqueza com que apresenta observações sobre experiências rotineiramente vividas por mulheres frequentemente provoca repulsa e rejeição”, continuou.
“Para algumas pessoas, é constrangedor falar sobre desigualdade, e é ainda mais constrangedor quando a natureza da desigualdade é, de certa forma, efêmera. Podemos discutir disparidades salariais e impostos sobre absorventes higiênicos e mensurá-los de várias maneiras quantificáveis, mas a violência silencia. É como se nem devêssemos sentir raiva. Mas eu poderia comer este pódio com garfo e faca, de tanta raiva que sinto.”
Ela continuou: “O retrocesso em relação ao nosso breve momento de progresso é estatisticamente devastador. É devastador. Um número tão lamentável de filmes do ano passado foi feito por mulheres. Nossa indústria está em estado de emergência”.
Um estudo de 2023 da USC Annenberg Inclusion Initiative revelou que apenas 12,1% dos principais filmes lançados em 2023 foram dirigidos por mulheres, enquanto um estudo da San Diego State University descobriu que as mulheres representavam 24% dos diretores, roteiristas, produtores, produtores executivos, editores e diretores de fotografia nos filmes de maior bilheteria de 2024.
“Sou grata a vocês. Não sou grata a um modelo de negócios machista que finge querer estar conosco enquanto suga nossos recursos e menospreza nossas verdadeiras perspectivas”, concluiu a artista.
Stewart sempre se posicionou sobre a desigualdade de gênero na indústria do entretenimento. Em 2024, ela comentou em entrevista que os esforços para levar filmes dirigidos por mulheres à produção pareciam falsos. “[Há uma] ideia de que podemos marcar essas caixinhas e, assim, acabar com o patriarcado e com a ideia de que todos nós somos feitos dele. É fácil para elas dizerem: ‘Vejam o que estamos fazendo. Estamos fazendo o filme da Maggie Gyllenhaal! Estamos fazendo o filme da Margot Robbie!’ E você pensa: ‘OK, legal. Vocês escolheram quatro.’”
The Chronology Of Water é uma adaptação do drama biográfico homônimo de Lidia Yuknavitch. A história acompanha uma aspirante a nadadora olímpica que foge de um lar abusivo, enfrenta vícios e traumas e encontra sua voz através da escrita. O longa escrito, produzido e dirigido por Stewart teve sua première brasileira no dia 8 de outubro, durante a Mostra Panorama do Festival do Rio, e estreia nos cinemas do país em 15 de janeiro de 2026.
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