
por Fiuza
Na noite do ultimo sábado (25), o Guns N’ Roses fez a segunda apresentação — das 5 confirmadas em solo brasileiro — na capital paulista. A banda liderada pelo temperamental Axl Rose (vocais), conta com Slash (guitarra), Duff McKagan (baixo), Richard Fortus (guitarra), Dizzy Reed (teclado), Melissa Reese (teclado e sintetizadores) e o novo integrante Isaac Carpenter (bateria).
A banda californiana não vinha ao Brasil desde 2022, quando tocou no Rock in Rio e fez uma longa turnê solo. O show de abertura ficou por conta da banda brasileira Raimundos, em todas as apresentações no país.
Difícil não falar sobre os vocais de Axl Rose, hoje com 63 anos, mas vou tentar me conter. O Guns N’ Roses segue sendo uma das maiores bandas de hard rock do planeta, prova disso são as apresentações lotadas mundo afora, mas Axl não está em sua melhor forma, no entanto disse que não ia cair na armadilha de falar sobre sua voz.
O set list está sendo praticamente o mesmo nessa turnê, com o nome desnecessariamente longo de Because What You Want and What You Get Are Two Completely Different Things (“Porque o que você quer e o que você terá são duas coisas completamente diferentes”), mas duas coisas não mudaram, aliás, três: a abertura com “Welcome To The Jungle”, o encerramento com “Paradise City”, e os vocais de Axl. Mas não vou comentar sobre isso.
O solo de Slash em “Welcome To The Jungle” (Appetite For Destruction, 1987) invadiu o Allianz Parque às 20h em ponto. Difícil não se empolgar com a canção, já que foi uma das primeiras que ouvi do (então) quinteto. Certa feita um amigo me disse que se apaixonou por Guns quando estes mesmos acordes chegaram aos seus ouvidos. Não duvido, é realmente uma baita música.
O septeto continua o show com “Bad Obsession” (Use Yout Illusion I, 1991)), “Chinese Democracy” (Chinese Democracy, 2008), “Pretty Tied Up” (Use Your Illusion II, 1991), “Mr. Brownstone” e “It’s So Easy” (Appetite For Destruction, 1987).
Os lado-b continuam e deixam o público um pouco morno. A grande maioria das pessoas que foram ao show esperavam ver os clássicos, claro, mas foram presenteados também com músicas que o Guns raramente (ou nunca) tinham tocado ao vivo. Isso explica a duração do concerto: 3 horas e um tiquinho.
“The General” (single de Perhaps, 2023), “Perhaps” (Perhaps, 2023), “Slither”, cover do Velvet Revolver e outro cover (que já se tornou parte da banda) “Live And Let Die”, fecham a primeira parte do show.
Depois vieram “Hard Skool” (Hard Skool, 2021) e o cover de Jimmy Web, “Wichita Lineman”, seguidas pelo tributo a Ozzy Osbourne com “Sabbath Bloody Sabbath” e “Never Say Die”. A apresentação continua com “Estranged” e “Yesterdays” (Use Your Illusion II, 1994), “Double Talkin’ Jive” e “Don’t Cry” (Use Your Illusion II, 1991).
Axl deu uma escapada pra tomar uma água e trocar de camiseta e Duff McKagan assumiu os vocais em “Thunder And Lightning”, cover do Thin Lizzy, seguida por “Absurd” (single de 2008) e “Roquet Queen” (Appetite For Destruction, 1987), com solo gigante de Slash. Na sequência vieram “Knockin’ On Heaven’s Door”, cover de Bob Dylan e “You Could Be Mine” (Use Your Illusion II, 1991) com a apresentação da banda, seguida por um solo interminável de Slash para dar início a — talvez a música que mais arrancou gritos do público — “Sweet Child O’ Mine” (Use Your Illusion II, 1991).
O final da apresentação ficou por conta de “Civil War” (Use Your Illusion II, 1991), “November Rain” (Use Your Illusion I, 1991), “This I Love” (Chinese Democracy, 2008), “Human Being”, cover do New York Dolls, e duas do Appetite For Destruction (1987): “Nightrain” e “Paradise City”.
Entre marmanjos tatuados, patricinhas e velhos roqueiros, o Guns N’ Roses agradou a todos, especialmente crianças que estavam em um show pela primeira vez (ouvi uns três pais comentarem isso). E como prometi, não falarei da voz do Axl, mesmo porquê na grande maioria das músicas quase não se escutava o vocal do loiro briguento, de tanto que as pessoas cantavam junto com a banda.
Mais do que lemos (e vemos) por aí, a idade chega pra todos, e ver uma banda desse nível ao vivo é de arrepiar. Me lembro do comercial de O Exterminador do Futuro II em que “You Could Be Mine” tocava enquanto um caminhão arrebentava uma ponte em perseguição ao personagem do Schwarzenegger, e fiquei louco pra saber quem estava tocando.
O Guns pode parecer uma banda formada pelos seus professores do primário, mas vale muito a pena, e, citando meu colega de bancada, Igor Miranda, que escreveu em outro artigo: “Axl Rose segue sofrendo da inconstância vocal percebida nas últimas duas décadas, com mais noites ruins do que boas, mas ainda com alto nível de entrega”, fico feliz de ter pegado uma noite boa.
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