
O Mogwai está prestes a completar 30 anos de carreira. Para um grupo associado à cena de post-rock — gênero predominantemente instrumental com seu ápice na virada do milênio —, isso significaria muita nostalgia e celebração do passado.
Entretanto, os escoceses sempre se mantêm com sua visão fixa no presente. Isso lhes trouxe sucesso e um retorno ao Brasil após sete anos — algo celebrado pelo guitarrista e eventual vocalista Stuart Braithwaite em entrevista à Rolling Stone Brasil. Ele declarou:
“Nunca reclamo sobre quantos shows a gente faz, mas sempre são os mesmos países. Então a gente não vai sempre no Brasil ou outros países da América do Sul. É uma ocasião especial quando podemos ir.”
Apesar do tempo longe do país, Braithwaite jogou um balde de água fria em quem esperava saudosismo no show. Como o Mogwai não se repete — nas palavras do músico —, o repertório será focado principalmente no álbum The Bad Fire (2025)
Ele afirmou:
“Nós não somos uma dessas bandas que só toca o mesmo set o tempo todo e talvez uma ou duas novas. A gente vai tocar muita coisa nova. Eu gosto quando toda vez que você vê uma banda seja diferente da outra.”
Serão duas apresentações do Mogwai no Brasil. Primeiro, em 2 de novembro, abrem para o Weezer na área externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo, compondo o lineup de uma espécie de festival junto a Bloc Party, Judeline e Otoboke Beaver. Já no dia 5 de novembro, realizam uma performance solo no Circo Voador, Rio de Janeiro. Há ingressos à venda para ambos os compromissos via Eventim.
O tipo de programação apresentada na capital paulista faz parte da iniciativa de curadoria Índigo, da 30e, mais voltada ao público indie. O músico escocês reconheceu: não é algo que se vê todo dia.
“Estou animado para o show em São Paulo, porque não é algo comum. Haverá pessoas que nunca escutaram nossa banda antes. Estou super pilhado. Não é o tipo de show que normalmente fazemos. Mas a gente conhece os caras do Bloc Party, e vai ser legal poder assisti-los.”
Sucesso comercial e documentário
O retorno ao Brasil ocorre em meio a um período de sucesso comercial tardio para o Mogwai. Após duas décadas consagrados no underground por uma sonoridade épica e barulhenta, o grupo descobriu uma vereda mais acessível em sua abordagem. Por consequência, emplacou quatro álbuns consecutivos no top 10 britânico. As the Love Continues (2021) chegou a atingir o topo das paradas do Reino Unido.
O processo de gravação do álbum foi registrado no documentário If The Stars Had a Sound, lançado no fim de 2024. Sobre o trabalho, Stuart reconheceu o quão estranha a situação toda foi:
“Talvez tenhamos sido os únicos artistas a ter uma boa pandemia, por mais bizarro que isso pareça. Não sabíamos se poderíamos fazer o álbum. Não sabíamos se teríamos um emprego, porque tudo apontava para não ter shows por um bom tempo.”
Braithwaite deu muito crédito ao diretor do documentário, Antony Crooks, por acreditar no projeto quando todos viam a causa como morta. O resultado final o surpreendeu.
“Ele não precisava fazer aquele filme. Eu achei que o projeto estava morto no começo da pandemia, mas Antony insistiu: ‘Ah, vamos continuar a filmar’. E eu pensando que o filme ia ficar chato. Mas nos capturou um momento mundial único – tomara – através dos olhos da banda, e gerou algo inesperado.”
O documentário focou não só nas gravações de As the Love Continues (2021), mas também na trajetória do Mogwai, com direito a depoimentos de fãs sobre a importância da música da banda para cada um. Essa foi a parte que pegou Braithwaite quando viu o filme pela primeira vez.
“Isso me quebra. Não é algo que penso a respeito porque estou pensando mais em qual é o próximo acorde ou coisas mais chatas. Você esquece o quanto música importa para as pessoas.”
Três décadas de carreira
Quanto ao legado do Mogwai após 30 anos de carreira, Stuart Braithwaite diz ter muito orgulho dos feitos. Especialmente por terem se tornado o tipo de banda que desejavam ser desde o começo.
“Queríamos ser o tipo de banda com quem as pessoas se sentiam conectadas além de simplesmente alguns anos. Constantemente conheço fãs que nasceram depois da gente começar. E em vez de me fazer sentir como um velho, isso me deixa orgulhoso, porque acho que sempre quisemos essa longevidade.”
Ele continuou:
“Sempre foi esse tipo de música que a gente amava, coisas como Joy Division, Slint e bandas assim. Codeine. A gente pensava: ‘Ah, não, pessoas vão escutar isso por muito tempo. Não é como se essas bandas tivessem sido legais por alguns anos. Queríamos ser algo que significasse algo’.”
Mesmo com essa conversa de legado, a vontade de continuar em frente permanece forte. Em The Bad Fire (2025), álbum mais recente, o Mogwai resolveu sair de sua zona de conforto. Acostumada a trabalhar com Tony Doogan e Dave Fridmann, a banda recrutou o produtor John Congleton – famoso por seu trabalho com St. Vincent, Baroness e Explosions in the Sky. O americano logo se enturmou com os escoceses, segundo Braithwaite.
“John é muito engraçado, ama punk rock e rock psicodélico que nem a gente. Acho que ele estava animado de botar a gente num estúdio e nos gravar. Foi meio que um passo na direção do desconhecido, trabalhar com alguém diferente, mas a gente gostou muito. Eu achei que o álbum ficou muito bom.”
Lançado em janeiro de 2025, The Bad Fire alcançou a 5ª posição das paradas britânicas, solidificando o status do Mogwai junto a uma nova geração de fãs. Alguns até mais novos que a própria banda, como Braithwaite apontou.
*Em 2 de novembro, o Weezer se apresenta na área externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo, compondo o lineup de uma espécie de festival junto a Bloc Party, Mogwai, Judeline e Otoboke Beaver. Já no dia 5 de novembro, o Mogwai realiza uma performance solo no Circo Voador, Rio de Janeiro. Há ingressos à venda para ambos os compromissos via Eventim.
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