Nem só de Axl vive o Guns N’ Roses

por Fiuza
Na noite do ultimo sábado (25), o Guns N’ Roses fez a segunda apresentação — das 5 confirmadas em solo brasileiro — na capital paulista. A banda liderada pelo temperamental Axl Rose (vocais), conta com Slash (guitarra), Duff McKagan (baixo), Richard Fortus (guitarra), Dizzy Reed (teclado), Melissa Reese (teclado e sintetizadores) e o novo integrante Isaac Carpenter (bateria).
A banda californiana não vinha ao Brasil desde 2022, quando tocou no Rock in Rio e fez uma longa turnê solo. O show de abertura ficou por conta da banda brasileira Raimundos, em todas as apresentações no país.
Difícil não falar sobre os vocais de Axl Rose, hoje com 63 anos, mas vou tentar me conter. O Guns N’ Roses segue sendo uma das maiores bandas de hard rock do planeta, prova disso são as apresentações lotadas mundo afora, mas Axl não está em sua melhor forma, no entanto disse que não ia cair na armadilha de falar sobre sua voz.
O set list está sendo praticamente o mesmo nessa turnê, com o nome desnecessariamente longo de Because What You Want and What You Get Are Two Completely Different Things (“Porque o que você quer e o que você terá são duas coisas completamente diferentes”), mas duas coisas não mudaram, aliás, três: a abertura com “Welcome To The Jungle”, o encerramento com “Paradise City”, e os vocais de Axl. Mas não vou comentar sobre isso.
O solo de Slash em “Welcome To The Jungle” (Appetite For Destruction, 1987) invadiu o Allianz Parque às 20h em ponto. Difícil não se empolgar com a canção, já que foi uma das primeiras que ouvi do (então) quinteto. Certa feita um amigo me disse que se apaixonou por Guns quando estes mesmos acordes chegaram aos seus ouvidos. Não duvido, é realmente uma baita música.
O septeto continua o show com “Bad Obsession” (Use Yout Illusion I, 1991)), “Chinese Democracy” (Chinese Democracy, 2008), “Pretty Tied Up” (Use Your Illusion II, 1991), “Mr. Brownstone” e “It’s So Easy” (Appetite For Destruction, 1987).
Os lado-b continuam e deixam o público um pouco morno. A grande maioria das pessoas que foram ao show esperavam ver os clássicos, claro, mas foram presenteados também com músicas que o Guns raramente (ou nunca) tinham tocado ao vivo. Isso explica a duração do concerto: 3 horas e um tiquinho.
“The General” (single de Perhaps, 2023), “Perhaps” (Perhaps, 2023), “Slither”, cover do Velvet Revolver e outro cover (que já se tornou parte da banda) “Live And Let Die”, fecham a primeira parte do show.
Depois vieram “Hard Skool” (Hard Skool, 2021) e o cover de Jimmy Web, “Wichita Lineman”, seguidas pelo tributo a Ozzy Osbourne com “Sabbath Bloody Sabbath” e “Never Say Die”. A apresentação continua com “Estranged” e “Yesterdays” (Use Your Illusion II, 1994), “Double Talkin’ Jive” e “Don’t Cry” (Use Your Illusion II, 1991).
Axl deu uma escapada pra tomar uma água e trocar de camiseta e Duff McKagan assumiu os vocais em “Thunder And Lightning”, cover do Thin Lizzy, seguida por “Absurd” (single de 2008) e “Roquet Queen” (Appetite For Destruction, 1987), com solo gigante de Slash. Na sequência vieram “Knockin’ On Heaven’s Door”, cover de Bob Dylan e “You Could Be Mine” (Use Your Illusion II, 1991) com a apresentação da banda, seguida por um solo interminável de Slash para dar início a — talvez a música que mais arrancou gritos do público — “Sweet Child O’ Mine” (Use Your Illusion II, 1991).
O final da apresentação ficou por conta de “Civil War” (Use Your Illusion II, 1991), “November Rain” (Use Your Illusion I, 1991), “This I Love” (Chinese Democracy, 2008), “Human Being”, cover do New York Dolls, e duas do Appetite For Destruction (1987): “Nightrain” e “Paradise City”.
Entre marmanjos tatuados, patricinhas e velhos roqueiros, o Guns N’ Roses agradou a todos, especialmente crianças que estavam em um show pela primeira vez (ouvi uns três pais comentarem isso). E como prometi, não falarei da voz do Axl, mesmo porquê na grande maioria das músicas quase não se escutava o vocal do loiro briguento, de tanto que as pessoas cantavam junto com a banda.
Mais do que lemos (e vemos) por aí, a idade chega pra todos, e ver uma banda desse nível ao vivo é de arrepiar. Me lembro do comercial de O Exterminador do Futuro II em que “You Could Be Mine” tocava enquanto um caminhão arrebentava uma ponte em perseguição ao personagem do Schwarzenegger, e fiquei louco pra saber quem estava tocando.
O Guns pode parecer uma banda formada pelos seus professores do primário, mas vale muito a pena, e, citando meu colega de bancada, Igor Miranda, que escreveu em outro artigo: “Axl Rose segue sofrendo da inconstância vocal percebida nas últimas duas décadas, com mais noites ruins do que boas, mas ainda com alto nível de entrega”, fico feliz de ter pegado uma noite boa.
LEIA TAMBÉM: Slash nega residência do Guns N’ Roses na Sphere, de Las Vegas: não é um lugar ‘amigável ao rock’
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Nem só de Axl vive o Guns N’ Roses

por Fiuza
Na noite do ultimo sábado (25), o Guns N’ Roses fez a segunda apresentação — das 5 confirmadas em solo brasileiro — na capital paulista. A banda liderada pelo temperamental Axl Rose (vocais), conta com Slash (guitarra), Duff McKagan (baixo), Richard Fortus (guitarra), Dizzy Reed (teclado), Melissa Reese (teclado e sintetizadores) e o novo integrante Isaac Carpenter (bateria).
A banda californiana não vinha ao Brasil desde 2022, quando tocou no Rock in Rio e fez uma longa turnê solo. O show de abertura ficou por conta da banda brasileira Raimundos, em todas as apresentações no país.
Difícil não falar sobre os vocais de Axl Rose, hoje com 63 anos, mas vou tentar me conter. O Guns N’ Roses segue sendo uma das maiores bandas de hard rock do planeta, prova disso são as apresentações lotadas mundo afora, mas Axl não está em sua melhor forma, no entanto disse que não ia cair na armadilha de falar sobre sua voz.
O set list está sendo praticamente o mesmo nessa turnê, com o nome desnecessariamente longo de Because What You Want and What You Get Are Two Completely Different Things (“Porque o que você quer e o que você terá são duas coisas completamente diferentes”), mas duas coisas não mudaram, aliás, três: a abertura com “Welcome To The Jungle”, o encerramento com “Paradise City”, e os vocais de Axl. Mas não vou comentar sobre isso.
O solo de Slash em “Welcome To The Jungle” (Appetite For Destruction, 1987) invadiu o Allianz Parque às 20h em ponto. Difícil não se empolgar com a canção, já que foi uma das primeiras que ouvi do (então) quinteto. Certa feita um amigo me disse que se apaixonou por Guns quando estes mesmos acordes chegaram aos seus ouvidos. Não duvido, é realmente uma baita música.
O septeto continua o show com “Bad Obsession” (Use Yout Illusion I, 1991)), “Chinese Democracy” (Chinese Democracy, 2008), “Pretty Tied Up” (Use Your Illusion II, 1991), “Mr. Brownstone” e “It’s So Easy” (Appetite For Destruction, 1987).
Os lado-b continuam e deixam o público um pouco morno. A grande maioria das pessoas que foram ao show esperavam ver os clássicos, claro, mas foram presenteados também com músicas que o Guns raramente (ou nunca) tinham tocado ao vivo. Isso explica a duração do concerto: 3 horas e um tiquinho.
“The General” (single de Perhaps, 2023), “Perhaps” (Perhaps, 2023), “Slither”, cover do Velvet Revolver e outro cover (que já se tornou parte da banda) “Live And Let Die”, fecham a primeira parte do show.
Depois vieram “Hard Skool” (Hard Skool, 2021) e o cover de Jimmy Web, “Wichita Lineman”, seguidas pelo tributo a Ozzy Osbourne com “Sabbath Bloody Sabbath” e “Never Say Die”. A apresentação continua com “Estranged” e “Yesterdays” (Use Your Illusion II, 1994), “Double Talkin’ Jive” e “Don’t Cry” (Use Your Illusion II, 1991).
Axl deu uma escapada pra tomar uma água e trocar de camiseta e Duff McKagan assumiu os vocais em “Thunder And Lightning”, cover do Thin Lizzy, seguida por “Absurd” (single de 2008) e “Roquet Queen” (Appetite For Destruction, 1987), com solo gigante de Slash. Na sequência vieram “Knockin’ On Heaven’s Door”, cover de Bob Dylan e “You Could Be Mine” (Use Your Illusion II, 1991) com a apresentação da banda, seguida por um solo interminável de Slash para dar início a — talvez a música que mais arrancou gritos do público — “Sweet Child O’ Mine” (Use Your Illusion II, 1991).
O final da apresentação ficou por conta de “Civil War” (Use Your Illusion II, 1991), “November Rain” (Use Your Illusion I, 1991), “This I Love” (Chinese Democracy, 2008), “Human Being”, cover do New York Dolls, e duas do Appetite For Destruction (1987): “Nightrain” e “Paradise City”.
Entre marmanjos tatuados, patricinhas e velhos roqueiros, o Guns N’ Roses agradou a todos, especialmente crianças que estavam em um show pela primeira vez (ouvi uns três pais comentarem isso). E como prometi, não falarei da voz do Axl, mesmo porquê na grande maioria das músicas quase não se escutava o vocal do loiro briguento, de tanto que as pessoas cantavam junto com a banda.
Mais do que lemos (e vemos) por aí, a idade chega pra todos, e ver uma banda desse nível ao vivo é de arrepiar. Me lembro do comercial de O Exterminador do Futuro II em que “You Could Be Mine” tocava enquanto um caminhão arrebentava uma ponte em perseguição ao personagem do Schwarzenegger, e fiquei louco pra saber quem estava tocando.
O Guns pode parecer uma banda formada pelos seus professores do primário, mas vale muito a pena, e, citando meu colega de bancada, Igor Miranda, que escreveu em outro artigo: “Axl Rose segue sofrendo da inconstância vocal percebida nas últimas duas décadas, com mais noites ruins do que boas, mas ainda com alto nível de entrega”, fico feliz de ter pegado uma noite boa.
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A grande injustiça musical sofrida por Paul McCartney, segundo produtor

*Por Pedro Hollanda |
Ao longo das décadas, Paul McCartney ficou conhecido como o Beatle bonzinho, que compunha as músicas mais tradicionais e não se arriscava criativamente. Na opinião de Mark Ronson, isso é errado.
O super produtor aproveitou uma entrevista ao canal Track Star* (transcrição via Ultimate Guitar) para questionar essa impressão geral do público. Especialmente em comparação aos seus ex-colegas de banda.
Ronson falou:
“Existe essa tendência de lembrar como se John Lennon fosse o cara do rock and roll e Paul fosse o cara mais pop feliz, mas Paul fez as músicas mais bizarras.”

Durante a conversa, ele ainda aproveitou para apontar como McCartney foi pioneiro no uso de sintetizadores na música pop. A primeira aparição de um aparelho da Moog – lendária fabricante desse tipo de instrumento – em uma canção ocorreu em “Maxwell’s Silver Hammer”, faixa do álbum Abbey Road (1969).
O responsável por “Uptown Funk” viu a criatividade de McCartney em pessoa. Ele foi um dos produtores com quem o ex-Beatle trabalhou no álbum New (2013). Na ocasião, ficou surpreso com a curiosidade musical do artista.
Ele lembrou na mesma entrevista:
“Eu fui no estúdio dele uma vez, e cheguei cedo. Ele estava literalmente fazendo uma sequência num teclado Moog pra fazer os barulhos mais doidos que já ouvi. Gostei do que ouvi.”
Mark ainda revelou ter sido pego de surpresa quando, ao perguntar para Paul lhe mostrar algo que estava ouvindo bastante. O Beatle “bonzinho” colocou para tocar “Climax”, do cantor americano Usher. Ele afirmou ter ficado atordoado, pois não esperava a escolha.

Canção experimental de Paul McCartney
Paul McCartney é o nome por trás de um dos maiores tesouros perdidos da carreira dos Beatles. Em 1967, a banda trabalhou numa música experimental de quase 14 anos chamada “Carnival of Light”.
O jornalista Andy Greene, da Rolling Stone EUA, deu detalhes da composição. Apesar de ser algo inédito da banda mais famosa da história, ele temperou as expectativas do público.
Ele escreveu:
“‘Carnival of Light’ é um experimento improvisado, sem letra e vanguardista, que a banda criou a pedido de Paul McCartney para a festa A Million Volt Light and Sound Rave no Roundhouse, em Londres. ‘Eu disse [nas gravações]: tudo o que eu quero que você faça é andar por aí, bater, gritar, tocar, não precisa fazer sentido algum’, lembrou McCartney anos depois. ‘Bata um tambor, depois vá para o piano, toque algumas notas e simplesmente ande por aí’. Em outras palavras, essa coisa faz ‘Revolution 9’ parecer estruturada em comparação.”
A faixa quase foi lançada nos anos 1990 como parte das compilações Anthology. Entretanto, ficou de fora devido a vetos de Ringo Starr e George Harrison, que provavelmente não gostavam da experimentação.
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Todos os 15 artistas que fizeram show no Heineken No Lineup Festival

O Heineken No Lineup Festival, primeiro festival proprietário da marca no Brasil, acontece neste sábado, 25 de outubro, na Fábrica de Impressões, na Barra Funda, em São Paulo. O evento, que tem ingressos esgotados e promete programação das 15h às 03h, traz uma proposta inédita e ousada: o lineup é 100% secreto.
Com curadoria dos jornalistas Lúcio Ribeiro e Felipe Hirsch, as 15 atrações nacionais e internacionais só são reveladas ao público no exato momento em que sobem aos três palcos do festival. A proposta é fazer o público “se aventurar e descobrir o novo”.
Abaixo, veja todas as atrações que vão se apresentar no Heineken No Lineup Festival (Matéria em atualização):
- O primeiro artista a se apresentar é o DJ Nuven, que abriu os trabalhos no Palco Pulse. Nuven é o projeto de música eletrônica de Gustavo Teixeira, músico e produtor de São Paulo. Seu som, que une guitarras, pedais de loop e sintetizadores analógicos e digitais, é uma escolha certeira para fãs de artistas como Four Tet e Caribou.
- O rap nacional marca presença no Heineken No Lineup Festival com a segunda atração surpresa: Don L. O rapper e compositor cearense, Gabriel Linhares da Rocha, subiu ao palco como o primeiro nome de peso do hip-hop no evento. Don L é considerado um dos nomes mais influentes e inovadores do rap brasileiro atual, conhecido por seus álbuns aclamados pela crítica.
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Todos os 15 artistas que fizeram show no Heineken No Lineup Festival

O Heineken No Lineup Festival, primeiro festival proprietário da marca no Brasil, acontece neste sábado, 25 de outubro, na Fábrica de Impressões, na Barra Funda, em São Paulo. O evento, que tem ingressos esgotados e promete programação das 15h às 03h, traz uma proposta inédita e ousada: o lineup é 100% secreto.
Com curadoria dos jornalistas Lúcio Ribeiro e Felipe Hirsch, as 15 atrações nacionais e internacionais só são reveladas ao público no exato momento em que sobem aos três palcos do festival. A proposta é fazer o público “se aventurar e descobrir o novo”.
Abaixo, veja todas as atrações que vão se apresentar no Heineken No Lineup Festival (Matéria em atualização):
- O primeiro artista a se apresentar no é o DJ Nuven, que abriu os trabalhos no Palco Pulse. Nuven é o projeto de música eletrônica de Gustavo Teixeira, músico e produtor de São Paulo. Seu som, que une guitarras, pedais de loop e sintetizadores analógicos e digitais, é uma escolha certeira para fãs de artistas como Four Tet e Caribou.
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4 dicas de artistas que estarão no Heineken No Lineup Festival

A espera acabou: o misterioso Heineken No Lineup Festival acontece hoje, 25 de outubro, na Fábrica de Impressões, na Barra Funda, em São Paulo. O evento, que promete 12 horas de música (das 15h às 03h), tem como grande trunfo o fato de que as mais de 15 atrações nacionais e internacionais são surpresa. O público só descobrirá quem está tocando quando os artistas subirem aos três palcos do local.
Com ingressos gratuitos já esgotados, a expectativa do público de 3 mil pessoas está alta. Para aumentar ainda mais a curiosidade, os curadores do festival, os jornalistas e produtores Lúcio Ribeiro e Felipe Hirsch, listaram quatro dicas enigmáticas sobre artistas que farão parte do evento.
Se você é um dos sortudos que conseguiu ingresso (ou apenas um entusiasta da música), é hora de tentar adivinhar quem são as atrações.
Confira as 4 dicas oficiais do Heineken No Lineup Festival:
- “A voz que quebrou barreiras. Rainha do soul que inspirou grandes artistas e toda uma geração a cantar sem pedir presença.“
- “Ela já assinou beats que marcaram álbuns de duas cantoras da atualidade, e agora leva o caos para o palco.“
- “A voz que fundou a maior revolução do rap brasileiro chega cercada por rimas que mantêm o legado.“
- “Direto do Brooklyn a banda que mistura post-punk, eletrônico e soul para reinventar o indie moderno.“
Segundo a curadoria, o objetivo do festival é misturar gêneros que vão do indie rock e rap ao pop e alternativo, incentivando o público a “se aventurar e descobrir o novo”. Para quem não estiver no local, o player oficial Deezer terá uma playlist que será atualizada em tempo real, conforme os artistas forem revelados nos palcos.
A estrutura do evento, além dos três palcos, contará com opções de alimentação como Guarita, Holy Burger e Pizza Crek, e ativações de marcas parceiras. A organização alerta que, mesmo com ingresso em mãos, o evento está sujeito à lotação máxima do local, podendo ser necessário aguardar para entrar.
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O baterista que Neil Peart idolatrava mesmo sem saber o nome dele

Neil Peart, o gênio da bateria por trás do Rush, nunca escondeu que foi bastante influenciado por John Bonham, do Led Zeppelin, e outros grandes músicos. Gene Krupa, Buddy Rich, Bill Bruford e Phil Collins são alguns nomes mencionados por ele.
No entanto, o canadense também revelou certa vez que idolatrava um determinado baterista, mesmo sem saber seu nome ou exatamente quem era. Posteriormente, o mistério foi revelado. Trata-se de Harold Fisher, que gravou a bateria no disco Movements (1970), de Johnny Harris.
Em 2003, Neil Peart citou essa caso ao responder à equipe da Zildjian sobre suas primeiras influências na bateria. Na época, ele relembrou que não havia o nome do baterista no álbum de Johnny Harris, por isso ficou anos sem saber quem era o músico que ele admirava.
Peart recorda:
“Não havia créditos de músicos no álbum, e foi somente após uma série impressionante de buscas na internet por um amigo meu, Brian French, que descobrimos quem tinha sido meu tutor anônimo. (…) Acabou sendo alguém de quem eu nunca tinha ouvido falar: um baterista de estúdio britânico chamado Harold Fisher. Então, depois de todos esses anos, eu gostaria apenas de dizer: ‘Tiro o chapéu para o Harold.”
Neil Peart destacou (via Far Out Magazine) a versatilidade de Harold Fisher para construir um som que mesclava jazz, rock, funk e soul. Segundo ele, a influência desse ilustre desconhecido foi enorme em seu início de carreira:
“Mais do que tudo, adorei a construção das partes de bateria, tão intrincadamente projetadas e elegantes, em estilos que variam do funk descontraído à energia imponente, e executadas com um som natural e impecável, com tempo e pegada perfeitos. Vinte anos depois, ouvi novamente o disco e percebi o quanto o baterista me influenciou, especialmente na construção das partes de bateria para as músicas — e eu nem sabia o nome dele!”

Neil Peart, Rush e Anika Nilles
Falecido em janeiro de 2020, Neil Peart é considerado um dos maiores bateristas de todos os tempos. Recentemente, o Rush anunciou alguns shows para 2026 e irá homenageá-lo. A baterista alemã Anika Nilles, de 42 anos, foi a escolhida para assumir o posto de Peart na turnê Fifty Something. Ao menos por enquanto, a banda agendou apresentações apenas para a América do Norte.
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Luccas Carlos ainda busca ‘Romance Love Show’, mas mais maduro e seguro de suas escolhas no deluxe

Luccas Carlos já não busca um “Romance Love Show”, pelo menos não na vida pessoal. Mas seu eu lírico continua à procura — e é exatamente esse o tema do primeiro deluxe de sua carreira, lançado na última quinta, 22.
Este não é apenas um deluxe no sentido tradicional. É uma expansão do universo criado pelo cantor, que apresenta o encontro de dois Luccas — o melódico que conhecemos e o futurista que está nascendo — para contar um novo capítulo de sua vida.
Na primeira versão de BRLS (2024), ele expôs suas feridas com a crueza de quem precisava tirar aquilo de dentro do peito. Agora, no deluxe, ele conta como foram criadas as cicatrizes e mostra que havia esperança no começo de tudo. São 11 faixas que funcionam como um prólogo expandido, revelando o que aconteceu antes do disco original.
O fascinante aqui é, mais uma vez, a coragem de não escolher um único caminho. Enquanto a maioria dos artistas opta por uma direção sonora clara, Luccas sempre escolheu a variedade: do R&B ao pagode, do trap e, agora, à eletrônica.
Com apenas uma participação — Trinidad Cardona em “todo lugar” —, o disco prova que Luccas chegou naquele lugar que todo artista busca: não precisar de ninguém para validar sua arte. Ele carrega 11 faixas nas costas sozinho porque tem duas versões de si para dividir o peso. O resultado é um dos trabalhos mais coesos e cinematográficos de sua carreira.
Com produção assinada por nomes como Nave e Doom, o disco é mais ousado e disposto a explorar novas texturas, sem abandonar sua essência e convicto do que está fazendo.
Dois Luccas: acústico e sintetizado

Os primeiros instantes de “NEON” começam no habitual: um R&B mais lento e melódico. Mas aos poucos ele vai se arriscando — timbres sintéticos no pré-refrão, camadas vocais, batidas eletrônicas — e, ao final da primeira música, já entendemos como vai ser daqui para frente.
Isso se repete em “FEITIÇO”, onde Luccas começa entregando um R&B com alma, até entrarem sintetizadores eletrônicos no refrão que dão outra cara à música e restauram o ânimo e a vontade de se mexer, nem que seja simulando teclados onde quer que você esteja. Já “MONSTRO” tem uma linha de baixo pesada, muito inspirada em Thriller (1982), que fecha os destaques desse novo Luccas.
Além do lendário álbum de Michael Jackson, ficam evidentes outras influências como Dawn FM (2022), de The Weeknd, Dopamine (2025), de Lil Tecca, e outros artistas internacionais. Todas as referências se misturam de forma orgânica, formando um trabalho que soa moderno, mas quente; experimental, mas na medida.
Há também canções para quem gosta do antigo Luccas. O único single lançado, “só (mais) uma vez”, é mais parado e soa como um retorno ao álbum Um (2017), aquele das madrugadas introspectivas, dos amores que deixaram marcas, mas também aprendizados. A faixa é guiada por um instrumental limpo e melancólico, onde cada pausa parece dizer tanto quanto a letra.
E tem também “canção que eu não consegui fazer”, que mostra o lado ainda mais sincero e emocional dele. A faixa é uma joia melódica, carregada de vulnerabilidade e honestidade na letra — o tipo de composição que só o Luccas antigo saberia escrever, mas que o novo Caslu interpreta com uma maturidade que emociona.
Entre esses dois extremos, o eletrônico pulsante e o sentimental quase acústico, o deluxe constrói uma narrativa sonora coesa. Embora outras faixas, como “água colorida” e “MÍNIMO”, não chamem tanta atenção — talvez pela falta do ineditismo já visto nas anteriores —, elas não estragam a experiência. Só ficam um pouco abaixo.
Por fim, Luccas Carlos colocou duas faixas bônus no projeto. A primeira, “todo lugar”, é um funk com Trinidad Cardona, que até se arrisca no português e dá mais espaço para a sensualidade do eu lírico. É uma faixa leve, de refrão pegajoso, que poderia facilmente tocar em rádios de Miami ou no Leblon. O encontro entre os dois artistas tem química e soa natural — como tudo neste disco.
Já “em paz” encerra o projeto com a simplicidade que só o pagode permite, como quem ri depois de chorar. É o fecho perfeito para um álbum que fala sobre se perder, se achar e continuar dançando — mesmo quando o amor já não é mais uma busca, mas um estado de espírito.
Toda uma história por vir

Entre sintetizadores, batidas garage e momentos de pura introspecção, Caslu consolida sua posição como uma das principais referências de R&B no país. Essa fusão entre o melódico e o dançante, o sintético e o violão, mostra a capacidade que ele tem de se reinventar e traduzir vulnerabilidade em groove e autoconfiança em melodia.
E se o deluxe é o prólogo, o futuro de Luccas Carlos promete ser o clímax. Depois do novo projeto, o cantor parece querer construir uma quadrilogia, um universo narrativo em expansão onde cada lançamento dialoga com o anterior — não apenas musicalmente, mas emocionalmente.
Por enquanto, só conhecemos os primeiros dois capítulos, mas já dá para ter certeza de que o Caslu tem muita história boa para contar.
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13 acertos e 1 erro do filme sobre Bruce Springsteen, segundo Rolling Stone

A maioria dos filmes biográficos musicais se passa em um mundo de fatos alternativos, onde o Queen se separou antes do Live Aid; Elton John se batizou em homenagem a John Lennon; Vince Neil, do Mötley Crüe, cantou “My Kinda Lover“, de Billy Squier, antes de seu lançamento; Amy Winehouse não agradeceu “Blake Incarcerated” no Grammy; e Bob Dylan se envolveu com Joan Baez na noite da Crise dos Mísseis de Cuba. Esses filmes distorceram tanto a verdade que “Weird Al” Yankovic se inspirou para fazer um filme glorioso sobre sua vida que era 100% factualmente impreciso, culminando em uma cena em que (alerta de spoiler!) ele é morto a tiros no Grammy de 1985 por um assassino de aluguel que trabalhava para Madonna.
De vez em quando, porém, surge um filme que chega surpreendentemente perto da verdade. Aconteceu em 2014 com o filme biográfico de Brian Wilson, The Beach Boys: Uma História de Sucesso (embora a linha do tempo tenha sido ocasionalmente alterada) e aconteceu novamente com o filme Springsteen: Salve-Me do Desconhecido.
Assim como Uma História de Sucesso, Salve-Me do Desconhecido não tenta contar a história completa da vida de um grande artista. Em vez disso, concentra-se diretamente no curto espaço de tempo entre 1981 e 1982, quando Springsteen gravou sua obra-prima Nebraska, convenceu sua gravadora a lançá-la sem modificações e lutou contra a depressão e sua incapacidade de se conectar romanticamente. Ao longo do caminho, o álbum relembra os anos 1950 e o difícil relacionamento de Springsteen com seu pai.
Normalmente, focamos em erros factuais quando filmes biográficos musicais são lançados, mas desta vez estamos tomando um rumo diferente, já que este acertou em todos os pontos principais e só trapaceou nas margens, principalmente na criação de um personagem composto. Vale ressaltar que Springsteen esteve envolvido neste filme desde o início e esteve presente no set durante grande parte das filmagens. Ele claramente ajudou a tornar quase tudo no filme fiel à sua vida e experiências. (Este artigo está cheio de spoilers, então recomendamos que você leia somente depois de assistir ao filme.)
Será que o adolescente Bruce realmente teve que ir aos bares buscar o pai, a pedido da mãe?
Sim. O filme começa na década de 1950 com a mãe de Springsteen, Adele (Gabby Hoffman), levando o jovem Bruce (Matthew Anthony Pellicano) até um bar decadente e pedindo para ele entrar. “Papai”, ele diz. “Mamãe disse que é hora de ir para casa.” Isso pode parecer um floreio de Hollywood, mas é tirado diretamente do roteiro de Bruce na Broadway, o show solo de sucesso do astro que estreou em 2017.
“Isso me emocionava e me aterrorizava ao mesmo tempo”, dizia Springsteen à plateia todas as noites. “Me emocionava porque minha mãe, a lei, me deu a licença para entrar no bar! Sou criança! Mas me aterrorizava porque entrar no bar é entrar no espaço privilegiado, privado e sagrado do meu pai. Ele não deveria ser incomodado quando estivesse no bar. Todo mundo sabia disso… Eu ficava ali, perdido no barulho e na agitação da multidão, absorvendo aquele cheiro fraco de cerveja, bebida alcoólica e loção pós-barba. Agora, para uma criança, aquele era o cheiro da vida adulta. Era o cheiro da masculinidade. Eu queria um pouco disso.”
As sessões em Nebraska começaram logo depois que a turnê de The River terminou em Cincinnati, Ohio?
Sim. O filme salta do jovem Bruce no bar direto para o Riverfront Coliseum, em Cincinnati, em 14 de setembro de 1981. Como o filme corretamente afirma, esta foi a última parada da turnê River. É o nosso primeiro vislumbre de Jeremy Allen White como Springsteen adulto, e ele está tocando “Born to Run” com a E Street Band. Esta foi de fato uma das últimas músicas do set, embora ele tenha encerrado com “Quarter to Three” e “Detroit Medley“. Em um camarim, Bruce, sem fôlego, é recebido pelo empresário Jon Landau (Jeremy Strong) e recebe as chaves de uma casa alugada em Colts Neck, Nova Jersey, onde gravará Nebraska.
Na vida real, Springsteen foi primeiro a Honolulu, Havaí, para ser padrinho de casamento do saxofonista Clarence Clemons. A banda E Street Band tocou na recepção. Podemos perdoar Salve-Me do Desconhecido por não mencionar isso, já que não tem nada a ver com a narrativa de Nebraska. Além disso, isso significaria dar a Clemons um papel com fala no filme. O ator Judah Sealy se parece muito com Clemons por volta de 1981, mas nenhum membro da E Street Band diz uma única palavra neste filme. Isso não foi feito por crueldade. O filme simplesmente não é a história deles.
Springsteen realmente fez shows não anunciados no Stone Pony em 1982?
Sim. Springsteen tinha bastante tempo livre ao longo de 1982 e frequentava o Stone Pony e outros bares de Nova Jersey, como o Big Man’s West ou o Royal Manor North. Não foi preciso muito esforço para convencê-lo a subir ao palco com quem quer que estivesse tocando em Asbury Park. Em maio daquele ano, ele deu início a uma tradição de tocar nas noites de domingo com a banda Cats on a Smooth Surface, do Stone Pony, liderada pelo guitarrista Bobby Bandiera, que continuou até outubro.
Em Salve-Me do Desconhecido, vemos Springsteen tocando “Lucille” no Pony antes mesmo de começar a criar Nebraska. Para ser rigoroso, ele começou a gravar o álbum em dezembro de 1981, e a residência do Cats on a Smooth Surface só começou em maio de 1982. Mas “Lucille” estava de fato em seu repertório ao vivo. (Já que estamos sendo rigorosos, a representação de Bandiera como um homem selvagem de cabelos compridos, estilo Bob Seger, é um pouco fora do padrão em comparação com o cara de verdade.)
Ele conheceu a irmã mais nova de um antigo colega de escola do lado de fora do Pony e começou um relacionamento com ela?

Não. Um ponto importante da trama de Salve-me do Desconhecido é o relacionamento de Springsteen com uma jovem mãe solteira chamada Faye Romano, interpretada por Odessa Young. Esta é uma personagem composta com base em várias namoradas que Springsteen teve durante esse período. A modelo/atriz Joyce Hyser não é mencionada no filme, mas ela esteve com ele de 1978 a 1982. Quando se separaram, ele teve uma série de relacionamentos de curto prazo. Em seu livro de memórias de 2016, Born to Run, ele se refere apenas a uma “adorável namorada de 20 anos” dessa época. Hyser tinha 25 anos em 1982, então ele provavelmente está se referindo a outra pessoa que ele não queria que fosse personagem no filme por razões compreensíveis.
Springsteen teve dificuldade para se conectar com mulheres na época de Nebraska?
Sim. Em Born to Run, Springsteen escreve sem rodeios sobre a dificuldade que tinha em manter relacionamentos com mulheres. “Dois anos dentro de qualquer relacionamento e ele simplesmente parava”, escreveu ele. “Assim que eu chegava perto de explorar minhas fragilidades, eu ia embora. Você ia embora. Um puxão no pino, tudo acabava e eu estava na estrada, guardando outro final triste na minha mochila. Raramente eram as próprias mulheres de quem eu tentava me afastar. Eu tinha muitas amigas adoráveis de quem gostava e que realmente gostavam de mim. Era o que elas desencadeavam, a exposição emocional, as implicações de uma vida de compromissos e fardos familiares… Com o fim de cada caso, eu sentia um triste alívio da claustrofobia sufocante que o amor me trouxe.”
O jovem Springsteen atacou seu pai com um taco de beisebol para proteger sua mãe?
Sim. Em uma das cenas mais angustiantes do filme, um Douglas Springsteen bêbado induz o jovem Bruce a uma brincadeira de tapas no quarto que começa a beirar o abuso físico genuíno. (Não se sabe se isso realmente aconteceu.) Ele então se aproxima sorrateiramente do pai durante uma discussão acalorada com a mãe e lhe dá um tapa nas costas com um taco de beisebol.
De acordo com Born to Run, isso realmente aconteceu. “Eles estavam na cozinha, meu pai de costas para mim, minha mãe a centímetros do rosto dele enquanto ele gritava a plenos pulmões”, escreveu Springsteen. “Eu gritei para ele parar. Então eu o deixei acertar entre seus ombros largos, um baque doentio, e tudo ficou em silêncio. Ele se virou, seu rosto vermelho de bar; o momento se prolongou, então ele começou a rir. A discussão parou; tornou-se uma de suas histórias favoritas e ele sempre me dizia: ‘Não deixe ninguém machucar sua mãe.’” Esta é exatamente a fala que Douglas diz a Bruce no filme.
Terra de Ninguém, de Terrence Malick, realmente inspirou Springsteen a escrever a faixa-título de Nebraska?
Sim. Assim que o Bruce do cinema se instala em sua casa em Colts Neck, ele zapeia pelos canais e se depara com uma aula de ginástica hilária dos anos 80, “The Price Is Right“, uma fração de segundo do original do VJ Mark Goodman na MTV e, em seguida, uma transmissão do filme de Terrence Malick, Terra de Ninguém, de 1973. O filme é um relato ficcional do serial killer da vida real Charles Starkweather e sua cúmplice adolescente, Caril Ann Fugate. Isso captura a atenção de Springsteen, e mais tarde o vemos lendo um livro sobre os assassinatos e até mesmo folheando relatos de jornais de arquivo em microfichas na biblioteca. Ele começa a escrever uma música chamada “Starkweather“, que eventualmente renomeia “Nebraska“, mudando-a da terceira para a primeira pessoa. Foi exatamente assim que tudo aconteceu.
Ele produziu Nebraska em um gravador de quatro canais em um quarto?
Sim. No filme, Paul Walter Hauser interpreta o técnico de guitarra de Springsteen, Mike Batlan, que o coloca em um quarto da propriedade de Colts Neck com um gravador TEAC Tascam Series 144 de quatro canais. Eles passam a fita por uma unidade de eco de guitarra Gibson para obter reverberação. Apesar de seu conhecimento limitado em gravação, Batlan configura tudo sozinho e grava Springsteen sentado em uma cama. O filme apresenta exatamente como aconteceu, embora o verdadeiro Batlan fosse consideravelmente mais magro do que o ator que o interpretava. (Mais tarde, em 1987, Batlan e seu colega técnico de guitarra, Douglas Sutphin, processaram Springsteen por horas extras não pagas, multas ilegais e sofrimento emocional. O caso se arrastou por anos até que finalmente chegaram a um acordo extrajudicial em 1991. Nos anos mais recentes, Batlan passou por momentos difíceis.)
O roteirista de Taxi Driver, Paul Schrader, realmente deu a Springsteen a ideia de chamar uma música de “Born in the U.S.A.”?
Sim. Em 1981, o roteirista Paul Schrader teve a ideia de um filme sobre dois irmãos tocando em uma banda de bar; ele o chamou de “Born in the U.S.A.” (Nascidos nos EUA, em tradução livre). Ele passou o roteiro para Jon Landau na esperança de que Springsteen interpretasse um dos papéis principais. Springsteen tinha pouco interesse em uma carreira de ator, mas gostou do título o suficiente para usá-lo em uma música em andamento que ele chamava de “Vietnã“. O filme apresenta isso como aconteceu.

O texto não menciona que Schrader teve que renomear o filme, já que as pessoas presumiam que ele havia tirado o título de Springsteen, e não o contrário. O filme foi lançado em 1987 como Luz da Fama, com Michael J. Fox e Joan Jett nos papéis principais. Springsteen contribuiu com uma música com esse nome para a trilha sonora do filme, que faz parte de seu repertório ao vivo até hoje. Schrader não guarda ressentimentos por Bruce ter tirado o título, e até compareceu à estreia de Salve-me do Desconhecido.
A E Street Band tentou gravar as músicas de Nebraska?
Sim. Springsteen esqueceu brevemente disso quando falou com a Rolling Stone no início deste ano, mas tentou gravar muitas dessas músicas com a E Street Band; essas versões elétricas de Nebraska foram então deixadas de lado por décadas, ganhando status de mito para muitos fãs, antes de serem lançadas neste outono como parte de um novo box set. O filme mostra como tudo aconteceu. “Estamos perdendo tudo o que gosto na fita demo”, diz Bruce Landau e seus engenheiros de som após experimentar os arranjos da banda completa. “Esta [fita demo] tem algo. Tem a atmosfera, a crueza, o tipo certo de eco. Esta simplesmente não tem. A banda está dominando o material e estamos perdendo o que o torna especial. Temos que desmontá-lo, deixá-lo respirar.”
Springsteen gravou muitas das músicas do Born in the U.S.A. na mesma época que Nebraska?
Sim. Num momento de grande frustração, o Bruce do filme leva Landau para fora do estúdio de gravação e desabafa que as sessões não estão funcionando. “Temos uma versão incrível de ‘Cover Me’, que felizmente não demos para Donna Summer“, diz o Landau do filme. “Temos ‘Glory Days‘, ‘I’m Goin’ Down‘ e uma arrasadora ‘I’m on Fire‘. Não se esqueça que você tem ‘Born in the USA‘. Já contei o que [o produtor Jimmy Iovine] disse sobre ‘Born in the USA‘? Ele ficou impressionado. Disse que o álbum estava pronto. Pode ser ‘Born in the USA‘ e outras 10 faixas e ninguém se importaria. Ele disse que, com essa música como tema principal, nada mais importa.” Springsteen de fato tinha todas essas músicas naquele momento, e “Cover Me” foi escrita inicialmente para Donna Summer. (Observe que o Landau do filme não mencionou “Dancing in the Dark“. Essa só foi escrita em 1984.)
O pai de Springsteen foi preso e depois desapareceu por três dias em Los Angeles?
Sim. No meio do filme, a mãe de Springsteen liga para ele em pânico. “Ele está perdido em algum lugar de Los Angeles”, diz ela. “Não conseguimos encontrá-lo. Já se passaram três dias. Ele foi preso no deserto por causa de uma multa de trânsito. Levaram-no para a cadeia do condado. A última coisa que ouvi foi que o soltaram. Ele estava em um beco em Chinatown. Você pode encontrá-lo?” Springsteen descreve essa situação exata em seu livro, mas não está claro quando aconteceu, e é bem provável que o filme tenha mudado para 1982 para que Springsteen pudesse ter uma cena com o pai já adulto.
Douglas Springsteen sofria de problemas de saúde mental?
Sim. Por muitos anos, Bruce fez parecer que suas dificuldades para se conectar com seu pai eram em grande parte resultado de uma imensa lacuna geracional. Foi somente após a morte de Douglas Springsteen, em 1998, que Bruce começou lentamente a revelar que seu pai sofria de uma doença mental profunda. As coisas finalmente mudaram na última década de sua vida. “A medicina farmacológica moderna deu ao meu pai 10 anos extras de vida e uma paz que ele talvez nunca tivesse tido”, escreveu Springsteen em Born to Run. “Ele e minha mãe celebraram seu 50º aniversário de casamento. Ele conheceu seus netos e nos tornamos muito mais próximos. Ele se tornou mais fácil de alcançar, conhecer e amar. Eu sempre ouvi meu pai em sua juventude ser descrito como ‘cheio do diabo’, ‘libertino’, ‘cheio de diversão’, como alguém que amava dançar. Eu nunca tinha visto isso. Eu só via o homem solitário e taciturno, sempre nervoso, decepcionado, nunca em casa ou em repouso. Mas nos últimos anos de sua vida, sua ternura veio à tona.”
Springsteen e seu amigo Matt Delia dirigiram pelo país em 1982 e levaram Bruce para Los Angeles?
Sim. O amigo de longa data de Springsteen, Steve Van Zandt, é uma presença muda no filme, e é fácil perder suas cenas se você piscar. Mas muito tempo de tela é dedicado ao amigo de infância de Springsteen, Matt Delia, interpretado pelo ator australiano Harrison Sloan Gilbertson. Quando Nebraska terminou, eles empacotaram um Ford XL 69 e mudaram Bruce para Los Angeles, onde ele permaneceria por grande parte da década seguinte.
Em algum ponto do caminho, eles param em uma feira de condado, onde Springsteen é tomado pela emoção e quase perde a consciência. Parece a fantasia de um roteirista, mas Springsteen descreve o momento em seu livro. “Um desespero me domina”, escreve Springsteen. “Sinto inveja desses homens e mulheres e de seu ritual de fim de verão, dos pequenos prazeres que os unem a esta cidade. Agora, pelo que sei, essas pessoas podem odiar este lixão de um cachorro só e as entranhas umas das outras, e estar transando com os maridos e esposas uns dos outros como coelhos. Por que não fariam isso? Mas, neste momento, tudo em que consigo pensar é que quero estar entre eles, deles, e sei que não posso. Só posso assistir.”
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