Ann Carli, que produziu o filme de estreia de Britney Spears, Crossroads: Amigas para Sempre, não sabia que o longa de 2002 era tão querido pelo público. Em um novo processo movido na Suprema Corte de Nova York, ela afirma que só percebeu isso quando a Sony Music Entertainment anunciou que o filme voltaria aos cinemas em 2023 — e, com essa notícia, veio a constatação de que ela não havia recebido 22 anos de lucros líquidos devidos pela produção.
Carli processou Sony Music por quebra de contrato e fraude. Ela busca pelo menos US$ 36 milhões em indenizações, além do pagamento de honorários advocatícios e custos legais. A ação também inclui um pedido formal de prestação de contas. Os advogados de Carli e representantes da Sony Music Entertainment não responderam imediatamente ao pedido de comentário da Rolling Stone.
De acordo com o processo obtido pela revista, Carli, operando por meio de sua produtora Fuzzy Bunny Inc., assinou em 2001 um contrato de produção com a Filmco Enterprises, empresa responsável pelo filme. Pelo acordo, Carli recebeu US$ 300 mil como taxa de produtora e teria direito a 10% dos lucros líquidos de Crossroads. O documento afirma que o filme foi uma “criação original” de Carli, observando que ela “concebeu o conceito do longa especificamente como um veículo estrelado pela popstar Britney Spears.”
Escrito por Shonda Rhimes e dirigido por Tamra Davis, Crossroads foi produzido com um orçamento de US$ 11 milhões — embora a Filmco tenha aprovado US$ 12 milhões, segundo o processo. O longa foi lançado em fevereiro de 2002, arrecadando US$ 14,5 milhões em seu fim de semana de estreia. Ao final de sua exibição, havia faturado US$ 37,5 milhões nos Estados Unidos e Canadá, além de mais de US$ 61,1 milhões mundialmente. A receita aumentou ainda mais com as vendas de DVD e VHS, licenciamento para TV e merchandising, que, segundo a ação, “foram significativos no início dos anos 2000, dada a popularidade máxima de Britney Spears.”
Com o avanço do streaming e do consumo digital, porém, Crossroads ficou inacessível por anos. O filme chegou à Netflix em fevereiro de 2024, 22 anos após o lançamento, graças a um acordo de licenciamento entre Sony Music e a plataforma. Em 2002, Filmco foi adquirida pela BMG, que mais tarde se fundiu com a Sony Music, tornando a Sony proprietária dos direitos e obrigações referentes a Crossroads a partir de 2008.
Durante esse período, segundo o documento, Carli “confiou de forma justificável na boa-fé da Sony Music (ou de suas antecessoras) e acreditava que não tinha direito a lucros líquidos (e, portanto, a declarações de prestação de contas).” Quando Crossroads foi relançado nos cinemas, em 2023, para coincidir com o lançamento da autobiografia de Spears, A Mulher em Mim, Carli pediu acesso a essas declarações, já que não recebia nenhuma havia mais de 20 anos e “parecia duvidoso que a Sony Music relançasse um filme que não tivesse lucrado (ou pior, tivesse dado prejuízo).”
Em resposta ao questionamento, segundo o processo, Dan Zucker, então vice-presidente executivo de assuntos comerciais da Sony Music, afirmou: “Parece que as obrigações contábeis podem ter se perdido na transição para a BMG e depois para a Sony.” Isso deixaria 22 anos de declarações financeiras sem registro.
Por volta da época do relançamento, a Sony Music forneceu supostamente a Carli um demonstrativo de lucros líquidos alegando que Crossroads havia tido um prejuízo de US$ 49,7 milhões. “Sony afirmou que Crossroads, apesar de seu sucesso evidente, não apenas não gerou lucro líquido, como também estava com um déficit de quase US$ 50 milhões”, diz o processo. Mesmo assim, Carli descobriu que Shonda Rhimes, que tinha direito a 5% dos lucros líquidos do filme, havia recebido o suficiente para “dar entrada em uma casa nas colinas de Hollywood.” Outros participantes de lucros receberam mais de US$ 3 milhões, segundo a denúncia, que também aponta que Carli foi excluída dos lucros provenientes do acordo com a Netflix.
“O comportamento fraudulento do réu foi intencional, imprudente e malicioso, justificando uma indenização punitiva suficiente para punir o réu e dissuadir condutas semelhantes na indústria do entretenimento”, afirma a queixa.
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