O caos na venda de ingressos para a turnê de reunião do Oasis em 2025 finalmente gerou consequências concretas. Após meses de investigação, o governo britânico conseguiu forçar a Ticketmaster a implementar mudanças significativas em suas práticas de vendas, prometendo maior transparência para os fãs que enfrentaram preços abusivos e informações enganosas durante a corrida pelos ingressos da aguardada turnê Live ’25.
A polêmica explodiu quando milhares de fãs ficaram horas em filas virtuais, apenas para descobrir que os ingressos custavam muito mais do que o anunciado inicialmente. Muitos foram pegos de surpresa com aumentos repentinos nos preços, levantando suspeitas sobre o uso de “dynamic pricing”, sistema que ajusta valores em tempo real conforme a demanda, similar ao usado por companhias aéreas e hotéis.
A situação foi tão grave que a Secretária de Cultura Lisa Nandy pediu uma revisão completa sobre preços dinâmicos e vendas de ingressos no mercado secundário. O Primeiro Ministro Keir Starmer classificou os aumentos como “deprimente”, enquanto a Comissão Europeia confirmou que também investigaria o caso. A Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) do Reino Unido entrou em ação para examinar se a Ticketmaster havia violado leis de proteção ao consumidor.
Agora, após um ano de investigação, a CMA conseguiu compromissos formais da Ticketmaster para garantir maior transparência. As mudanças incluem avisos com 24 horas de antecedência sempre que um sistema de preços escalonados for usado, permitindo que os fãs saibam se existem múltiplos valores para o mesmo tipo de ingresso. A empresa também fornecerá mais informações sobre preços durante as filas online, para que as pessoas tenham uma ideia melhor do que poderão pagar.
A investigação revelou dois problemas principais na venda dos ingressos do Oasis. Primeiro, a Ticketmaster não informou aos fãs nas filas que ingressos de pista estavam sendo vendidos a dois preços diferentes, com os valores saltando assim que os ingressos mais baratos se esgotassem. Segundo, a empresa vendeu alguns ingressos “platinum” por quase duas vezes e meia o preço dos ingressos “standard”, sem explicar que eles não ofereciam benefícios adicionais em relação aos ingressos normais nas mesmas áreas.
“Fãs que gastam seu dinheiro suado para ver artistas que amam merecem informações claras e precisas desde o início”, declarou Sarah Cardell, CEO da CMA, conforme reportado pela NME. “Não podemos garantir que todo fã consiga um ingresso para eventos tão populares quanto a turnê do Oasis, mas podemos ajudar a garantir que, da próxima vez que um evento assim aconteça, os fãs tenham as informações necessárias quando precisarem”.
A Ticketmaster terá que reportar regularmente à CMA sobre como implementou essas mudanças nos próximos dois anos. O descumprimento pode resultar em ações de fiscalização. Curiosamente, a investigação não encontrou evidências de que a temida “dynamic pricing” tenha sido realmente usada na venda do Oasis, contrariando as suspeitas iniciais dos fãs.
Em resposta às descobertas da CMA, um porta-voz da Ticketmaster disse à NME: “Saudamos a confirmação da CMA de que não houve preços dinâmicos, práticas desleais e que não violamos a lei do consumidor. Para melhorar ainda mais a experiência do cliente, nos comprometemos voluntariamente com uma comunicação mais clara sobre preços de ingressos nas filas”.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, a situação da Ticketmaster é ainda mais complicada. Reguladores americanos estão processando a empresa e sua controladora Live Nation por táticas “ilegais” na revenda de ingressos, alegando que coordenaram com cambistas para comprar ingressos e revendê-los com margens substanciais. O Departamento de Justiça americano também entrou com uma ação antitruste contra a Live Nation por supostamente manter um monopólio ilegal na indústria de música ao vivo.
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