Quando estreia o 9º episódio da 3ª temporada de ‘Tulsa King’?

A terceira temporada de Tulsa King, série do Paramount+ criada por Taylor Sheridan, com Sylvester Stallone (Rocky, um Lutador), já está disponível na plataforma de streaming, com novos episódios lançados semanalmente. Mas quando estreia o nono capítulo do novo ano?
Qual é a história de Tulsa King?
Em Tulsa King, assim que é libertado da prisão após quase trinta anos, Dwight (Stallone) é exilado sem cerimônia por seu chefe para manter um estabelecimento em Tulsa, Oklahoma. Percebendo que sua família mafiosa pode não ter seus melhores interesses em mente, Dwight lentamente constrói uma equipe de um grupo de personagens improváveis para ajudá-lo a estabelecer um novo império do crime.
Tulsa King conta com Andrea Savage (Episodes), Martin Starr (Party Down), Chris Caldovino (Boardwalk Empire), Dashiell Connery (Animal Kingdom), Tatiana Zappardino (O Consultor), Neal McDonough, de Justified e Arrow, Jay Will (Maravilhosa Sra. Maisel), Max Casella (The Good Fight), Vincent Piazza (Jersey Boys: Em Busca da Música), Neal McDonough (Capitão América: O Primeiro Vingador) e Garrett Hedlund (Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi).
Frank Grillo, de Capitão América 2: O Soldado Invernal, interpreta Bill Bevilaqua, um mafioso de Kansas City, que tem interesses em Tulsa. Na 3ª temporada, os atores Robert Patrick (Pacificador) e Beau Knapp, conhecido por papéis em SEAL Team e FBI: International, também se juntam a Stallone. Samuel L. Jackson (Django Livre) completa as novidades.
Quando estreia o próximo episódio da 3ª temporada de Tulsa King?
Os episódios da terceira temporada de Tulsa King são lançados sempre aos domingos no Paramount+. O nono capítulo fica disponível, portanto, no próximo dia 16 de novembro, a partir das 5h (horário de Brasília). Assista ao trailer da 3ª temporada da série:
LEIA TAMBÉM: 2ª temporada de ‘Landman’, com Billy Bob Thornton, ganha trailer oficial; assista
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Linkin Park volta a conquistar SP com show forte e explicativo de sua ‘nova era’

Na tarde da última sexta-feira, 7, após uma agradável visita ao Beco do Batman, ponto turístico de São Paulo, Mike Shinoda fez uma publicação reflexiva em seu perfil no X/Twitter. O cantor e multi-instrumentista havia acabado de ser informado sobre as indicações do Linkin Park para duas categorias da próxima edição do Grammy, o prêmio mais cobiçado da música.
“É difícil imaginar que, há apenas alguns anos, não sabíamos se a banda continuaria. Estamos muito gratos pela calorosa recepção de volta”, disse, antes de citar que o grupo concorre aos troféus de Melhor Álbum de Rock (com From Zero) e Melhor Performance de Rock (com a música “The Emptiness Machine”).
A retomada, anunciada em 2024 após sete anos de inatividade, ocorreu inicialmente a duras penas. Emily Armstrong, cantora escalada para substituir o falecido Chester Bennington, recebeu críticas tanto injustas (simplesmente por ser uma mulher) quanto justas, neste caso por seu envolvimento com a controversa Igreja da Cientologia — envolta em acusações de abusos físicos e psicológicos — e ao caso do ator Danny Masterson, condenado por dois estupros em 2023. Até mesmo familiares de Bennington rejeitaram a iniciativa de retorno da banda, que também conta com um novo baterista, Colin Brittain, na vaga de Rob Bourdon, que preferiu não se envolver.
Ao que tudo indica, porém, a turbulência foi compensadora para Shinoda, Armstrong, Brittain, Joe Hahn (DJ), Dave “Phoenix” Farrell (baixo) e Brad Delson (guitarra, substituído em turnê por Alex Feder). From Zero é o álbum mais aclamado e comentado da banda desde Minutes to Midnight (2007), bem como o mais vendido desde Living Things (2012). No Brasil, é o trabalho mais comercializado da história do grupo, segundo a Pró-Música Brasil, acumulando disco de platina triplo pelas 120 mil cópias despachadas.

Não à toa, o Linkin Park escolheu nosso país — mais especificamente a cidade de São Paulo — para receber dois dos raros shows da etapa 2024 da turnê From Zero, com direito a filmagem para transmissão ao vivo. Agora, retornam para mais uma fase da turnê, percorrendo toda a América do Sul. Curitiba os recebeu na última quarta-feira, 5, e Brasília será o destino final na terça, 11. No meio disso, entra esta nova visita à capital paulista, para performance no estádio MorumBIS. Poppy é a atração de abertura em todas as datas.
Poppy
Nome artístico de Moriah Rose Pereira, Poppy tem hoje 30 anos de idade e começou como criadora de conteúdo antes de enveredar para a música, tendo seis discos de estúdio, além de singles e parcerias com Knocked Loose, Babymetal, Bad Omens e, mais recentemente, Amy Lee (Evanescence) e Courtney LaPlante (Spiritbox). A influência de Linkin Park em seu som é inegável, tendo em vista a mescla de metal alternativo com eletrônico. Todavia, a artista americana dispensa o hip hop e funde mais elementos que seus ídolos, como metal industrial e pop.
O capricho estético vem não apenas nos visuais e maquiagens, como também na construção de seu show. Seja na performance solo no Cine Joia, na última quinta-feira, 6, ou na abertura para o Linkin Park, com apresentação reduzida para 40 minutos, deu para notar que seu espetáculo é meticulosamente pensado: transições entre músicas, movimentos no palco, pedidos de interação…
Mas funciona. Especialmente com a plateia do LP, que, ao menos nos setores premium, se mostrou receptiva à artista. Chama atenção já de cara com “Have You Had Enough?”, pesada, mas ao mesmo tempo bem acessível, e com direito a um breakdown de influência djent. Destacam-se ainda “Anything Like Me”, que prioriza o groove e mobiliza tanto palmas quanto mãozinhas para o alto; “Crystallized”, um envolvente pop-gótico à moda oitentista; e “Scary Mask”, com direito a um trechinho com riffs à la Dream Theater.
Só não é tão consistente. Por exemplo, “Bloodmoney” força a mão no eletrônico e a juvenil “Concrete” soa como uma colcha de retalhos. Talvez a inconstância do repertório justifique a recepção no MorumBIS um pouco mais amena que o esperado para uma artista “filha” do Linkin Park e de números tão expressivos no streaming. Mas o fato de haver mais destaques positivos do que negativos no álbum mais recente, Negative Spaces (2024), mostra que o futuro — ou presente — da artista é promissor.
Setlist — Poppy:
- “Have You Had Enough?”
- “Bloodmoney”
- “V.A.N” (collab com Bad Omens)
- “Anything Like Me”
- “Crystallized”
- “Scary Mask”
- “Concrete”
- “New Way Out”
Linkin Park
Duas horas cravadas estabelecem o repertório do Linkin Park, infelizmente executado em volume mais baixo que o ideal na noite deste sábado, 8. Lamentação técnica à parte, não dá para reclamar de muitas ausências marcantes no setlist apresentado ao longo da turnê: se por um lado seria interessante poder ouvir mais vezes “Points of Authority” e “From the Inside” (ambas fora em SP), ou mesmo contar com as totalmente excluídas “Breaking the Habit” e “Runaway”, os — numerosos — sucessos estão todos lá.
O novo álbum, seja na versão convencional ou deluxe, também é bastante representado e não destoa em qualidade ou recepção calorosa do público. Quase 10 canções da nova fase são contempladas, com destaque ao (já dá para chamar de) hit “The Emptiness Machine”, a tipicamente Linkinparkiana “Two Faced” — filha bastarda de “One Step Closer” — e a intensa “Heavy is the Crown”, com berraço de Emily Armstrong.

A cantora, aliás, é a única peça que pode dividir opiniões — ainda que agrade a este que vos escreve. Deve-se reconhecer que o dilema não se trata apenas de gênero. Sua voz tem perfil diferente da de Chester Bennington, o que, inclusive, explica sua escolha. Desse modo, quase todas as canções de discos anteriores passaram por alterações em tonalidade para abraçar a tessitura mais aguda de Emily. Em maioria, a mudança soa bem legal, a exemplo da abertura “Somewhere I Belong”, a já citada “One Step Closer”, a grudenta “What I’ve Done” e a irresistível “Faint”. Em algumas poucas, nem tanto: “Numb” perde profundidade em tom mais alto e sofre-se um pouco para manter o fôlego em “Bleed It Out”, por exemplo.
Variações esperadas à parte, o mais importante é que Armstrong encaixa perfeitamente nas músicas recém-lançadas. Dificilmente os maiores clássicos serão substituídos ao vivo pelas canções da nova era — inclusive as que ainda chegarão nos lançamentos futuros —, mas a tendência é que, sim, o catálogo a ser construído com a vocalista ganhe mais espaço nos setlists com o passar do tempo.
E por falar em repertório: este é composto por quatro atos, além do bis. O primeiro é de pura intensidade, sem pontos baixos, cantado pelos participativos fãs desde a abertura “Somewhere I Belong” até o hit recente “The Emptiness Machine”. O segundo, mais extenso, tem abordagem relativamente experimental por incluir número maior de faixas inclinadas ao eletrônico, a exemplo de “The Catalyst”, “Burn It Down” e “Waiting for the End”, além do — reconheçamos — pouco necessário resgate de “Where’d You Go”, do Fort Minor, projeto paralelo de Mike Shinoda. Mas nem nesta etapa do show o público fica um pouco mais disperso, com momentos de estouro coletivo sentidos em “Two Faced” e “One Step Closer”, esta trazendo participação de Poppy.

Representado por apenas três faixas, o emotivo ato três tem como destaque “What I’ve Done”, música que, largo sucesso da época à parte, ganhou recente sobrevida online ao embalar memes. Mas é na etapa final, combinando o quarto derradeiro e bis, que o bicho pega. Poucos grupos surgidos nos últimos 30 anos têm hits tão poderosos como “Numb” (antecedida em SP por um chá-revelação de filha de fã), “In the End”, “Faint” (mobilizando diversos sinalizadores) e “Bleed It Out”. Tais canções ajudam a explicar por que ainda existe tanto interesse em torno do Linkin Park: são melodicamente irresistíveis e geram forte identificação lírica.
Tamanha afeição do público, que deu show à parte ao cantar praticamente todas as músicas, continuará existindo não apenas por músicas como as quatro últimas citadas acima. Tampouco somente pela memória de Chester, que de forma alguma será apagada pelas atividades atuais. A banda liderada por Mike Shinoda goza do raro privilégio de não precisar se ancorar apenas em nostalgia. O que se viu no MorumBIS no último sábado, 8, serve de prova cabal: entrelaçado — mas não preso — com o antigo, o novo Linkin Park soa poderoso. Mesmo que não “do zero”, ainda bem que essa história continua.
Setlist — Linkin Park:
Act I:
- “Somewhere I Belong”
- “Lying from You”
- “Up From the Bottom”
- “New Divide”
- “The Emptiness Machine”
Act II:
- “The Catalyst”
- “Burn It Down”
- “Cut the Bridge”
- “Where’d You Go” (Fort Minor)
- “Waiting for the End”
- “Lies Greed Misery”
- “Two Faced”
- Solo de Joe Hahn (com Colin Brittain)
- “When They Come for Me” / “Remember the Name”
- “IGYEIH”
- “One Step Closer” (com participação de Poppy)
Act III:
- “Lost”
- “Good Things Go”
- “What I’ve Done”
Act IV:
- “Overflow”
- “Numb”
- “Over Each Other”
- “In the End”
- “Faint”
Bis:
- “Papercut”
- “Heavy is the Crown”
- “Bleed It Out”
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Linkin Park volta a conquistar SP com show forte e explicativo de sua ‘nova era’

Na tarde da última sexta-feira, 7, após uma agradável visita ao Beco do Batman, ponto turístico de São Paulo, Mike Shinoda fez uma publicação reflexiva em seu perfil no X/Twitter. O cantor e multi-instrumentista havia acabado de ser informado sobre as indicações do Linkin Park para duas categorias da próxima edição do Grammy, o prêmio mais cobiçado da música.
“É difícil imaginar que, há apenas alguns anos, não sabíamos se a banda continuaria. Estamos muito gratos pela calorosa recepção de volta”, disse, antes de citar que o grupo concorre aos troféus de Melhor Álbum de Rock (com From Zero) e Melhor Performance de Rock (com a música “The Emptiness Machine”).
A retomada, anunciada em 2024 após sete anos de inatividade, ocorreu inicialmente a duras penas. Emily Armstrong, cantora escalada para substituir o falecido Chester Bennington, recebeu críticas tanto injustas (simplesmente por ser uma mulher) quanto justas, neste caso por seu envolvimento com a controversa Igreja da Cientologia — envolta em acusações de abusos físicos e psicológicos — e ao caso do ator Danny Masterson, condenado por dois estupros em 2023. Até mesmo familiares de Bennington rejeitaram a iniciativa de retorno da banda, que também conta com um novo baterista, Colin Brittain, na vaga de Rob Bourdon, que preferiu não se envolver.
Ao que tudo indica, porém, a turbulência foi compensadora para Shinoda, Armstrong, Brittain, Joe Hahn (DJ), Dave “Phoenix” Farrell (baixo) e Brad Delson (guitarra, substituído em turnê por Alex Feder). From Zero é o álbum mais aclamado e comentado da banda desde Minutes to Midnight (2007), bem como o mais vendido desde Living Things (2012). No Brasil, é o trabalho mais comercializado da história do grupo, segundo a Pró-Música Brasil, acumulando disco de platina triplo pelas 120 mil cópias despachadas.

Não à toa, o Linkin Park escolheu nosso país — mais especificamente a cidade de São Paulo — para receber dois dos raros shows da etapa 2024 da turnê From Zero, com direito a filmagem para transmissão ao vivo. Agora, retornam para mais uma fase da turnê, percorrendo toda a América do Sul. Curitiba os recebeu na última quarta-feira, 5, e Brasília será o destino final na terça, 11. No meio disso, entra esta nova visita à capital paulista, para performance no estádio MorumBIS. Poppy é a atração de abertura em todas as datas.
Poppy
Nome artístico de Moriah Rose Pereira, Poppy tem hoje 30 anos de idade e começou como criadora de conteúdo antes de enveredar para a música, tendo seis discos de estúdio, além de singles e parcerias com Knocked Loose, Babymetal, Bad Omens e, mais recentemente, Amy Lee (Evanescence) e Courtney LaPlante (Spiritbox). A influência de Linkin Park em seu som é inegável, tendo em vista a mescla de metal alternativo com eletrônico. Todavia, a artista americana dispensa o hip hop e funde mais elementos que seus ídolos, como metal industrial e pop.
O capricho estético vem não apenas nos visuais e maquiagens, como também na construção de seu show. Seja na performance solo no Cine Joia, na última quinta-feira, 6, ou na abertura para o Linkin Park, com apresentação reduzida para 40 minutos, deu para notar que seu espetáculo é meticulosamente pensado: transições entre músicas, movimentos no palco, pedidos de interação…
Mas funciona. Especialmente com a plateia do LP, que, ao menos nos setores premium, se mostrou receptiva à artista. Chama atenção já de cara com “Have You Had Enough?”, pesada, mas ao mesmo tempo bem acessível, e com direito a um breakdown de influência djent. Destacam-se ainda “Anything Like Me”, que prioriza o groove e mobiliza tanto palmas quanto mãozinhas para o alto; “Crystallized”, um envolvente pop-gótico à moda oitentista; e “Scary Mask”, com direito a um trechinho com riffs à la Dream Theater.
Só não é tão consistente. Por exemplo, “Bloodmoney” força a mão no eletrônico e a juvenil “Concrete” soa como uma colcha de retalhos. Talvez a inconstância do repertório justifique a recepção no MorumBIS um pouco mais amena que o esperado para uma artista “filha” do Linkin Park e de números tão expressivos no streaming. Mas o fato de haver mais destaques positivos do que negativos no álbum mais recente, Negative Spaces (2024), mostra que o futuro — ou presente — da artista é promissor.
Setlist — Poppy:
- “Have You Had Enough?”
- “Bloodmoney”
- “V.A.N” (collab com Bad Omens)
- “Anything Like Me”
- “Crystallized”
- “Scary Mask”
- “Concrete”
- “New Way Out”
Linkin Park
Duas horas cravadas estabelecem o repertório do Linkin Park, infelizmente executado em volume mais baixo que o ideal na noite deste sábado, 8. Lamentação técnica à parte, não dá para reclamar de muitas ausências marcantes no setlist apresentado ao longo da turnê: se por um lado seria interessante poder ouvir mais vezes “Points of Authority” e “From the Inside” (ambas fora em SP), ou mesmo contar com as totalmente excluídas “Breaking the Habit” e “Runaway”, os — numerosos — sucessos estão todos lá.
O novo álbum, seja na versão convencional ou deluxe, também é bastante representado e não destoa em qualidade ou recepção calorosa do público. Quase 10 canções da nova fase são contempladas, com destaque ao (já dá para chamar de) hit “The Emptiness Machine”, a tipicamente Linkinparkiana “Two Faced” — filha bastarda de “One Step Closer” — e a intensa “Heavy is the Crown”, com berraço de Emily Armstrong.

A cantora, aliás, é a única peça que pode dividir opiniões — ainda que agrade a este que vos escreve. Deve-se reconhecer que o dilema não se trata apenas de gênero. Sua voz tem perfil diferente da de Chester Bennington, o que, inclusive, explica sua escolha. Desse modo, quase todas as canções de discos anteriores passaram por alterações em tonalidade para abraçar a tessitura mais aguda de Emily. Em maioria, a mudança soa bem legal, a exemplo da abertura “Somewhere I Belong”, a já citada “One Step Closer”, a grudenta “What I’ve Done” e a irresistível “Faint”. Em algumas poucas, nem tanto: “Numb” perde profundidade em tom mais alto e sofre-se um pouco para manter o fôlego em “Bleed It Out”, por exemplo.
Variações esperadas à parte, o mais importante é que Armstrong encaixa perfeitamente nas músicas recém-lançadas. Dificilmente os maiores clássicos serão substituídos ao vivo pelas canções da nova era — inclusive as que ainda chegarão nos lançamentos futuros —, mas a tendência é que, sim, o catálogo a ser construído com a vocalista ganhe mais espaço nos setlists com o passar do tempo.
E por falar em repertório: este é composto por quatro atos, além do bis. O primeiro é de pura intensidade, sem pontos baixos, cantado pelos participativos fãs desde a abertura “Somewhere I Belong” até o hit recente “The Emptiness Machine”. O segundo, mais extenso, tem abordagem relativamente experimental por incluir número maior de faixas inclinadas ao eletrônico, a exemplo de “The Catalyst”, “Burn It Down” e “Waiting for the End”, além do — reconheçamos — pouco necessário resgate de “Where’d You Go”, do Fort Minor, projeto paralelo de Mike Shinoda. Mas nem nesta etapa do show o público fica um pouco mais disperso, com momentos de estouro coletivo sentidos em “Two Faced” e “One Step Closer”, esta trazendo participação de Poppy.

Representado por apenas três faixas, o emotivo ato três tem como destaque “What I’ve Done”, música que, largo sucesso da época à parte, ganhou recente sobrevida online ao embalar memes. Mas é na etapa final, combinando o quarto derradeiro e bis, que o bicho pega. Poucos grupos surgidos nos últimos 30 anos têm hits tão poderosos como “Numb” (antecedida em SP por um chá-revelação de filha de fã), “In the End”, “Faint” (mobilizando diversos sinalizadores) e “Bleed It Out”. Tais canções ajudam a explicar por que ainda existe tanto interesse em torno do Linkin Park: são melodicamente irresistíveis e geram forte identificação lírica.
Tamanha afeição do público, que deu show à parte ao cantar praticamente todas as músicas, continuará existindo não apenas por músicas como as quatro últimas citadas acima. Tampouco somente pela memória de Chester, que de forma alguma será apagada pelas atividades atuais. A banda liderada por Mike Shinoda goza do raro privilégio de não precisar se ancorar apenas em nostalgia. O que se viu no MorumBIS no último sábado, 8, serve de prova cabal: entrelaçado — mas não preso — com o antigo, o novo Linkin Park soa poderoso. Mesmo que não “do zero”, ainda bem que essa história continua.
Setlist — Linkin Park:
Act I:
- “Somewhere I Belong”
- “Lying from You”
- “Up From the Bottom”
- “New Divide”
- “The Emptiness Machine”
Act II:
- “The Catalyst”
- “Burn It Down”
- “Cut the Bridge”
- “Where’d You Go” (Fort Minor)
- “Waiting for the End”
- “Lies Greed Misery”
- “Two Faced”
- Solo de Joe Hahn (com Colin Brittain)
- “When They Come for Me” / “Remember the Name”
- “IGYEIH”
- “One Step Closer” (com participação de Poppy)
Act III:
- “Lost”
- “Good Things Go”
- “What I’ve Done”
Act IV:
- “Overflow”
- “Numb”
- “Over Each Other”
- “In the End”
- “Faint”
Bis:
- “Papercut”
- “Heavy is the Crown”
- “Bleed It Out”
O post Linkin Park volta a conquistar SP com show forte e explicativo de sua ‘nova era’ apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
Linkin Park volta a conquistar SP com show forte e explicativo de sua ‘nova era’

Na tarde da última sexta-feira, 7, após uma agradável visita ao Beco do Batman, ponto turístico de São Paulo, Mike Shinoda fez uma publicação reflexiva em seu perfil no X/Twitter. O cantor e multi-instrumentista havia acabado de ser informado sobre as indicações do Linkin Park para duas categorias da próxima edição do Grammy, o prêmio mais cobiçado da música.
“É difícil imaginar que, há apenas alguns anos, não sabíamos se a banda continuaria. Estamos muito gratos pela calorosa recepção de volta”, disse, antes de citar que o grupo concorre aos troféus de Melhor Álbum de Rock (com From Zero) e Melhor Performance de Rock (com a música “The Emptiness Machine”).
A retomada, anunciada em 2024 após sete anos de inatividade, ocorreu inicialmente a duras penas. Emily Armstrong, cantora escalada para substituir o falecido Chester Bennington, recebeu críticas tanto injustas (simplesmente por ser uma mulher) quanto justas, neste caso por seu envolvimento com a controversa Igreja da Cientologia — envolta em acusações de abusos físicos e psicológicos — e ao caso do ator Danny Masterson, condenado por dois estupros em 2023. Até mesmo familiares de Bennington rejeitaram a iniciativa de retorno da banda, que também conta com um novo baterista, Colin Brittain, na vaga de Rob Bourdon, que preferiu não se envolver.
Ao que tudo indica, porém, a turbulência foi compensadora para Shinoda, Armstrong, Brittain, Joe Hahn (DJ), Dave “Phoenix” Farrell (baixo) e Brad Delson (guitarra, substituído em turnê por Alex Feder). From Zero é o álbum mais aclamado e comentado da banda desde Minutes to Midnight (2007), bem como o mais vendido desde Living Things (2012). No Brasil, é o trabalho mais comercializado da história do grupo, segundo a Pró-Música Brasil, acumulando disco de platina triplo pelas 120 mil cópias despachadas.

Não à toa, o Linkin Park escolheu nosso país — mais especificamente a cidade de São Paulo — para receber dois dos raros shows da etapa 2024 da turnê From Zero, com direito a filmagem para transmissão ao vivo. Agora, retornam para mais uma fase da turnê, percorrendo toda a América do Sul. Curitiba os recebeu na última quarta-feira, 5, e Brasília será o destino final na terça, 11. No meio disso, entra esta nova visita à capital paulista, para performance no estádio MorumBIS. Poppy é a atração de abertura em todas as datas.
Poppy
Nome artístico de Moriah Rose Pereira, Poppy tem hoje 30 anos de idade e começou como criadora de conteúdo antes de enveredar para a música, tendo seis discos de estúdio, além de singles e parcerias com Knocked Loose, Babymetal, Bad Omens e, mais recentemente, Amy Lee (Evanescence) e Courtney LaPlante (Spiritbox). A influência de Linkin Park em seu som é inegável, tendo em vista a mescla de metal alternativo com eletrônico. Todavia, a artista americana dispensa o hip hop e funde mais elementos que seus ídolos, como metal industrial e pop.
O capricho estético vem não apenas nos visuais e maquiagens, como também na construção de seu show. Seja na performance solo no Cine Joia, na última quinta-feira, 6, ou na abertura para o Linkin Park, com apresentação reduzida para 40 minutos, deu para notar que seu espetáculo é meticulosamente pensado: transições entre músicas, movimentos no palco, pedidos de interação…
Mas funciona. Especialmente com a plateia do LP, que, ao menos nos setores premium, se mostrou receptiva à artista. Chama atenção já de cara com “Have You Had Enough?”, pesada, mas ao mesmo tempo bem acessível, e com direito a um breakdown de influência djent. Destacam-se ainda “Anything Like Me”, que prioriza o groove e mobiliza tanto palmas quanto mãozinhas para o alto; “Crystallized”, um envolvente pop-gótico à moda oitentista; e “Scary Mask”, com direito a um trechinho com riffs à la Dream Theater.
Só não é tão consistente. Por exemplo, “Bloodmoney” força a mão no eletrônico e a juvenil “Concrete” soa como uma colcha de retalhos. Talvez a inconstância do repertório justifique a recepção no MorumBIS um pouco mais amena que o esperado para uma artista “filha” do Linkin Park e de números tão expressivos no streaming. Mas o fato de haver mais destaques positivos do que negativos no álbum mais recente, Negative Spaces (2024), mostra que o futuro — ou presente — da artista é promissor.
Setlist — Poppy:
- “Have You Had Enough?”
- “Bloodmoney”
- “V.A.N” (collab com Bad Omens)
- “Anything Like Me”
- “Crystallized”
- “Scary Mask”
- “Concrete”
- “New Way Out”
Linkin Park
Duas horas cravadas estabelecem o repertório do Linkin Park, infelizmente executado em volume mais baixo que o ideal na noite deste sábado, 8. Lamentação técnica à parte, não dá para reclamar de muitas ausências marcantes no setlist apresentado ao longo da turnê: se por um lado seria interessante poder ouvir mais vezes “Points of Authority” e “From the Inside” (ambas fora em SP), ou mesmo contar com as totalmente excluídas “Breaking the Habit” e “Runaway”, os — numerosos — sucessos estão todos lá.
O novo álbum, seja na versão convencional ou deluxe, também é bastante representado e não destoa em qualidade ou recepção calorosa do público. Quase 10 canções da nova fase são contempladas, com destaque ao (já dá para chamar de) hit “The Emptiness Machine”, a tipicamente Linkinparkiana “Two Faced” — filha bastarda de “One Step Closer” — e a intensa “Heavy is the Crown”, com berraço de Emily Armstrong.

A cantora, aliás, é a única peça que pode dividir opiniões — ainda que agrade a este que vos escreve. Deve-se reconhecer que o dilema não se trata apenas de gênero. Sua voz tem perfil diferente da de Chester Bennington, o que, inclusive, explica sua escolha. Desse modo, quase todas as canções de discos anteriores passaram por alterações em tonalidade para abraçar a tessitura mais aguda de Emily. Em maioria, a mudança soa bem legal, a exemplo da abertura “Somewhere I Belong”, a já citada “One Step Closer”, a grudenta “What I’ve Done” e a irresistível “Faint”. Em algumas poucas, nem tanto: “Numb” perde profundidade em tom mais alto e sofre-se um pouco para manter o fôlego em “Bleed It Out”, por exemplo.
Variações esperadas à parte, o mais importante é que Armstrong encaixa perfeitamente nas músicas recém-lançadas. Dificilmente os maiores clássicos serão substituídos ao vivo pelas canções da nova era — inclusive as que ainda chegarão nos lançamentos futuros —, mas a tendência é que, sim, o catálogo a ser construído com a vocalista ganhe mais espaço nos setlists com o passar do tempo.
E por falar em repertório: este é composto por quatro atos, além do bis. O primeiro é de pura intensidade, sem pontos baixos, cantado pelos participativos fãs desde a abertura “Somewhere I Belong” até o hit recente “The Emptiness Machine”. O segundo, mais extenso, tem abordagem relativamente experimental por incluir número maior de faixas inclinadas ao eletrônico, a exemplo de “The Catalyst”, “Burn It Down” e “Waiting for the End”, além do — reconheçamos — pouco necessário resgate de “Where’d You Go”, do Fort Minor, projeto paralelo de Mike Shinoda. Mas nem nesta etapa do show o público fica um pouco mais disperso, com momentos de estouro coletivo sentidos em “Two Faced” e “One Step Closer”, esta trazendo participação de Poppy.

Representado por apenas três faixas, o emotivo ato três tem como destaque “What I’ve Done”, música que, largo sucesso da época à parte, ganhou recente sobrevida online ao embalar memes. Mas é na etapa final, combinando o quarto derradeiro e bis, que o bicho pega. Poucos grupos surgidos nos últimos 30 anos têm hits tão poderosos como “Numb” (antecedida em SP por um chá-revelação de filha de fã), “In the End”, “Faint” (mobilizando diversos sinalizadores) e “Bleed It Out”. Tais canções ajudam a explicar por que ainda existe tanto interesse em torno do Linkin Park: são melodicamente irresistíveis e geram forte identificação lírica.
Tamanha afeição do público, que deu show à parte ao cantar praticamente todas as músicas, continuará existindo não apenas por músicas como as quatro últimas citadas acima. Tampouco somente pela memória de Chester, que de forma alguma será apagada pelas atividades atuais. A banda liderada por Mike Shinoda goza do raro privilégio de não precisar se ancorar apenas em nostalgia. O que se viu no MorumBIS no último sábado, 8, serve de prova cabal: entrelaçado — mas não preso — com o antigo, o novo Linkin Park soa poderoso. Mesmo que não “do zero”, ainda bem que essa história continua.
Setlist — Linkin Park:
Act I:
- “Somewhere I Belong”
- “Lying from You”
- “Up From the Bottom”
- “New Divide”
- “The Emptiness Machine”
Act II:
- “The Catalyst”
- “Burn It Down”
- “Cut the Bridge”
- “Where’d You Go” (Fort Minor)
- “Waiting for the End”
- “Lies Greed Misery”
- “Two Faced”
- Solo de Joe Hahn (com Colin Brittain)
- “When They Come for Me” / “Remember the Name”
- “IGYEIH”
- “One Step Closer” (com participação de Poppy)
Act III:
- “Lost”
- “Good Things Go”
- “What I’ve Done”
Act IV:
- “Overflow”
- “Numb”
- “Over Each Other”
- “In the End”
- “Faint”
Bis:
- “Papercut”
- “Heavy is the Crown”
- “Bleed It Out”
O post Linkin Park volta a conquistar SP com show forte e explicativo de sua ‘nova era’ apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
Linkin Park volta a conquistar SP com show forte e explicativo de sua ‘nova era’

Na tarde da última sexta-feira, 7, após uma agradável visita ao Beco do Batman, ponto turístico de São Paulo, Mike Shinoda fez uma publicação reflexiva em seu perfil no X/Twitter. O cantor e multi-instrumentista havia acabado de ser informado sobre as indicações do Linkin Park para duas categorias da próxima edição do Grammy, o prêmio mais cobiçado da música.
“É difícil imaginar que, há apenas alguns anos, não sabíamos se a banda continuaria. Estamos muito gratos pela calorosa recepção de volta”, disse, antes de citar que o grupo concorre aos troféus de Melhor Álbum de Rock (com From Zero) e Melhor Performance de Rock (com a música “The Emptiness Machine”).
A retomada, anunciada em 2024 após sete anos de inatividade, ocorreu inicialmente a duras penas. Emily Armstrong, cantora escalada para substituir o falecido Chester Bennington, recebeu críticas tanto injustas (simplesmente por ser uma mulher) quanto justas, neste caso por seu envolvimento com a controversa Igreja da Cientologia — envolta em acusações de abusos físicos e psicológicos — e ao caso do ator Danny Masterson, condenado por dois estupros em 2023. Até mesmo familiares de Bennington rejeitaram a iniciativa de retorno da banda, que também conta com um novo baterista, Colin Brittain, na vaga de Rob Bourdon, que preferiu não se envolver.
Ao que tudo indica, porém, a turbulência foi compensadora para Shinoda, Armstrong, Brittain, Joe Hahn (DJ), Dave “Phoenix” Farrell (baixo) e Brad Delson (guitarra, substituído em turnê por Alex Feder). From Zero é o álbum mais aclamado e comentado da banda desde Minutes to Midnight (2007), bem como o mais vendido desde Living Things (2012). No Brasil, é o trabalho mais comercializado da história do grupo, segundo a Pró-Música Brasil, acumulando disco de platina triplo pelas 120 mil cópias despachadas.

Não à toa, o Linkin Park escolheu nosso país — mais especificamente a cidade de São Paulo — para receber dois dos raros shows da etapa 2024 da turnê From Zero, com direito a filmagem para transmissão ao vivo. Agora, retornam para mais uma fase da turnê, percorrendo toda a América do Sul. Curitiba os recebeu na última quarta-feira, 5, e Brasília será o destino final na terça, 11. No meio disso, entra esta nova visita à capital paulista, para performance no estádio MorumBIS. Poppy é a atração de abertura em todas as datas.
Poppy
Nome artístico de Moriah Rose Pereira, Poppy tem hoje 30 anos de idade e começou como criadora de conteúdo antes de enveredar para a música, tendo seis discos de estúdio, além de singles e parcerias com Knocked Loose, Babymetal, Bad Omens e, mais recentemente, Amy Lee (Evanescence) e Courtney LaPlante (Spiritbox). A influência de Linkin Park em seu som é inegável, tendo em vista a mescla de metal alternativo com eletrônico. Todavia, a artista americana dispensa o hip hop e funde mais elementos que seus ídolos, como metal industrial e pop.
O capricho estético vem não apenas nos visuais e maquiagens, como também na construção de seu show. Seja na performance solo no Cine Joia, na última quinta-feira, 6, ou na abertura para o Linkin Park, com apresentação reduzida para 40 minutos, deu para notar que seu espetáculo é meticulosamente pensado: transições entre músicas, movimentos no palco, pedidos de interação…
Mas funciona. Especialmente com a plateia do LP, que, ao menos nos setores premium, se mostrou receptiva à artista. Chama atenção já de cara com “Have You Had Enough?”, pesada, mas ao mesmo tempo bem acessível, e com direito a um breakdown de influência djent. Destacam-se ainda “Anything Like Me”, que prioriza o groove e mobiliza tanto palmas quanto mãozinhas para o alto; “Crystallized”, um envolvente pop-gótico à moda oitentista; e “Scary Mask”, com direito a um trechinho com riffs à la Dream Theater.
Só não é tão consistente. Por exemplo, “Bloodmoney” força a mão no eletrônico e a juvenil “Concrete” soa como uma colcha de retalhos. Talvez a inconstância do repertório justifique a recepção no MorumBIS um pouco mais amena que o esperado para uma artista “filha” do Linkin Park e de números tão expressivos no streaming. Mas o fato de haver mais destaques positivos do que negativos no álbum mais recente, Negative Spaces (2024), mostra que o futuro — ou presente — da artista é promissor.
Setlist — Poppy:
- “Have You Had Enough?”
- “Bloodmoney”
- “V.A.N” (collab com Bad Omens)
- “Anything Like Me”
- “Crystallized”
- “Scary Mask”
- “Concrete”
- “New Way Out”
Linkin Park
Duas horas cravadas estabelecem o repertório do Linkin Park, infelizmente executado em volume mais baixo que o ideal na noite deste sábado, 8. Lamentação técnica à parte, não dá para reclamar de muitas ausências marcantes no setlist apresentado ao longo da turnê: se por um lado seria interessante poder ouvir mais vezes “Points of Authority” e “From the Inside” (ambas fora em SP), ou mesmo contar com as totalmente excluídas “Breaking the Habit” e “Runaway”, os — numerosos — sucessos estão todos lá.
O novo álbum, seja na versão convencional ou deluxe, também é bastante representado e não destoa em qualidade ou recepção calorosa do público. Quase 10 canções da nova fase são contempladas, com destaque ao (já dá para chamar de) hit “The Emptiness Machine”, a tipicamente Linkinparkiana “Two Faced” — filha bastarda de “One Step Closer” — e a intensa “Heavy is the Crown”, com berraço de Emily Armstrong.

A cantora, aliás, é a única peça que pode dividir opiniões — ainda que agrade a este que vos escreve. Deve-se reconhecer que o dilema não se trata apenas de gênero. Sua voz tem perfil diferente da de Chester Bennington, o que, inclusive, explica sua escolha. Desse modo, quase todas as canções de discos anteriores passaram por alterações em tonalidade para abraçar a tessitura mais aguda de Emily. Em maioria, a mudança soa bem legal, a exemplo da abertura “Somewhere I Belong”, a já citada “One Step Closer”, a grudenta “What I’ve Done” e a irresistível “Faint”. Em algumas poucas, nem tanto: “Numb” perde profundidade em tom mais alto e sofre-se um pouco para manter o fôlego em “Bleed It Out”, por exemplo.
Variações esperadas à parte, o mais importante é que Armstrong encaixa perfeitamente nas músicas recém-lançadas. Dificilmente os maiores clássicos serão substituídos ao vivo pelas canções da nova era — inclusive as que ainda chegarão nos lançamentos futuros —, mas a tendência é que, sim, o catálogo a ser construído com a vocalista ganhe mais espaço nos setlists com o passar do tempo.
E por falar em repertório: este é composto por quatro atos, além do bis. O primeiro é de pura intensidade, sem pontos baixos, cantado pelos participativos fãs desde a abertura “Somewhere I Belong” até o hit recente “The Emptiness Machine”. O segundo, mais extenso, tem abordagem relativamente experimental por incluir número maior de faixas inclinadas ao eletrônico, a exemplo de “The Catalyst”, “Burn It Down” e “Waiting for the End”, além do — reconheçamos — pouco necessário resgate de “Where’d You Go”, do Fort Minor, projeto paralelo de Mike Shinoda. Mas nem nesta etapa do show o público fica um pouco mais disperso, com momentos de estouro coletivo sentidos em “Two Faced” e “One Step Closer”, esta trazendo participação de Poppy.

Representado por apenas três faixas, o emotivo ato três tem como destaque “What I’ve Done”, música que, largo sucesso da época à parte, ganhou recente sobrevida online ao embalar memes. Mas é na etapa final, combinando o quarto derradeiro e bis, que o bicho pega. Poucos grupos surgidos nos últimos 30 anos têm hits tão poderosos como “Numb” (antecedida em SP por um chá-revelação de filha de fã), “In the End”, “Faint” (mobilizando diversos sinalizadores) e “Bleed It Out”. Tais canções ajudam a explicar por que ainda existe tanto interesse em torno do Linkin Park: são melodicamente irresistíveis e geram forte identificação lírica.
Tamanha afeição do público, que deu show à parte ao cantar praticamente todas as músicas, continuará existindo não apenas por músicas como as quatro últimas citadas acima. Tampouco somente pela memória de Chester, que de forma alguma será apagada pelas atividades atuais. A banda liderada por Mike Shinoda goza do raro privilégio de não precisar se ancorar apenas em nostalgia. O que se viu no MorumBIS no último sábado, 8, serve de prova cabal: entrelaçado — mas não preso — com o antigo, o novo Linkin Park soa poderoso. Mesmo que não “do zero”, ainda bem que essa história continua.
Setlist — Linkin Park:
Act I:
- “Somewhere I Belong”
- “Lying from You”
- “Up From the Bottom”
- “New Divide”
- “The Emptiness Machine”
Act II:
- “The Catalyst”
- “Burn It Down”
- “Cut the Bridge”
- “Where’d You Go” (Fort Minor)
- “Waiting for the End”
- “Lies Greed Misery”
- “Two Faced”
- Solo de Joe Hahn (com Colin Brittain)
- “When They Come for Me” / “Remember the Name”
- “IGYEIH”
- “One Step Closer” (com participação de Poppy)
Act III:
- “Lost”
- “Good Things Go”
- “What I’ve Done”
Act IV:
- “Overflow”
- “Numb”
- “Over Each Other”
- “In the End”
- “Faint”
Bis:
- “Papercut”
- “Heavy is the Crown”
- “Bleed It Out”
O post Linkin Park volta a conquistar SP com show forte e explicativo de sua ‘nova era’ apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
Linkin Park volta a conquistar SP com show forte e explicativo de sua ‘nova era’

Na tarde da última sexta-feira, 7, após uma agradável visita ao Beco do Batman, ponto turístico de São Paulo, Mike Shinoda fez uma publicação reflexiva em seu perfil no X/Twitter. O cantor e multi-instrumentista havia acabado de ser informado sobre as indicações do Linkin Park para duas categorias da próxima edição do Grammy, o prêmio mais cobiçado da música.
“É difícil imaginar que, há apenas alguns anos, não sabíamos se a banda continuaria. Estamos muito gratos pela calorosa recepção de volta”, disse, antes de citar que o grupo concorre aos troféus de Melhor Álbum de Rock (com From Zero) e Melhor Performance de Rock (com a música “The Emptiness Machine”).
A retomada, anunciada em 2024 após sete anos de inatividade, ocorreu inicialmente a duras penas. Emily Armstrong, cantora escalada para substituir o falecido Chester Bennington, recebeu críticas tanto injustas (simplesmente por ser uma mulher) quanto justas, neste caso por seu envolvimento com a controversa Igreja da Cientologia — envolta em acusações de abusos físicos e psicológicos — e ao caso do ator Danny Masterson, condenado por dois estupros em 2023. Até mesmo familiares de Bennington rejeitaram a iniciativa de retorno da banda, que também conta com um novo baterista, Colin Brittain, na vaga de Rob Bourdon, que preferiu não se envolver.
Ao que tudo indica, porém, a turbulência foi compensadora para Shinoda, Armstrong, Brittain, Joe Hahn (DJ), Dave “Phoenix” Farrell (baixo) e Brad Delson (guitarra, substituído em turnê por Alex Feder). From Zero é o álbum mais aclamado e comentado da banda desde Minutes to Midnight (2007), bem como o mais vendido desde Living Things (2012). No Brasil, é o trabalho mais comercializado da história do grupo, segundo a Pró-Música Brasil, acumulando disco de platina triplo pelas 120 mil cópias despachadas.

Não à toa, o Linkin Park escolheu nosso país — mais especificamente a cidade de São Paulo — para receber dois dos raros shows da etapa 2024 da turnê From Zero, com direito a filmagem para transmissão ao vivo. Agora, retornam para mais uma fase da turnê, percorrendo toda a América do Sul. Curitiba os recebeu na última quarta-feira, 5, e Brasília será o destino final na terça, 11. No meio disso, entra esta nova visita à capital paulista, para performance no estádio MorumBIS. Poppy é a atração de abertura em todas as datas.
Poppy
Nome artístico de Moriah Rose Pereira, Poppy tem hoje 30 anos de idade e começou como criadora de conteúdo antes de enveredar para a música, tendo seis discos de estúdio, além de singles e parcerias com Knocked Loose, Babymetal, Bad Omens e, mais recentemente, Amy Lee (Evanescence) e Courtney LaPlante (Spiritbox). A influência de Linkin Park em seu som é inegável, tendo em vista a mescla de metal alternativo com eletrônico. Todavia, a artista americana dispensa o hip hop e funde mais elementos que seus ídolos, como metal industrial e pop.
O capricho estético vem não apenas nos visuais e maquiagens, como também na construção de seu show. Seja na performance solo no Cine Joia, na última quinta-feira, 6, ou na abertura para o Linkin Park, com apresentação reduzida para 40 minutos, deu para notar que seu espetáculo é meticulosamente pensado: transições entre músicas, movimentos no palco, pedidos de interação…
Mas funciona. Especialmente com a plateia do LP, que, ao menos nos setores premium, se mostrou receptiva à artista. Chama atenção já de cara com “Have You Had Enough?”, pesada, mas ao mesmo tempo bem acessível, e com direito a um breakdown de influência djent. Destacam-se ainda “Anything Like Me”, que prioriza o groove e mobiliza tanto palmas quanto mãozinhas para o alto; “Crystallized”, um envolvente pop-gótico à moda oitentista; e “Scary Mask”, com direito a um trechinho com riffs à la Dream Theater.
Só não é tão consistente. Por exemplo, “Bloodmoney” força a mão no eletrônico e a juvenil “Concrete” soa como uma colcha de retalhos. Talvez a inconstância do repertório justifique a recepção no MorumBIS um pouco mais amena que o esperado para uma artista “filha” do Linkin Park e de números tão expressivos no streaming. Mas o fato de haver mais destaques positivos do que negativos no álbum mais recente, Negative Spaces (2024), mostra que o futuro — ou presente — da artista é promissor.
Setlist — Poppy:
- “Have You Had Enough?”
- “Bloodmoney”
- “V.A.N” (collab com Bad Omens)
- “Anything Like Me”
- “Crystallized”
- “Scary Mask”
- “Concrete”
- “New Way Out”
Linkin Park
Duas horas cravadas estabelecem o repertório do Linkin Park, infelizmente executado em volume mais baixo que o ideal na noite deste sábado, 8. Lamentação técnica à parte, não dá para reclamar de muitas ausências marcantes no setlist apresentado ao longo da turnê: se por um lado seria interessante poder ouvir mais vezes “Points of Authority” e “From the Inside” (ambas fora em SP), ou mesmo contar com as totalmente excluídas “Breaking the Habit” e “Runaway”, os — numerosos — sucessos estão todos lá.
O novo álbum, seja na versão convencional ou deluxe, também é bastante representado e não destoa em qualidade ou recepção calorosa do público. Quase 10 canções da nova fase são contempladas, com destaque ao (já dá para chamar de) hit “The Emptiness Machine”, a tipicamente Linkinparkiana “Two Faced” — filha bastarda de “One Step Closer” — e a intensa “Heavy is the Crown”, com berraço de Emily Armstrong.

A cantora, aliás, é a única peça que pode dividir opiniões — ainda que agrade a este que vos escreve. Deve-se reconhecer que o dilema não se trata apenas de gênero. Sua voz tem perfil diferente da de Chester Bennington, o que, inclusive, explica sua escolha. Desse modo, quase todas as canções de discos anteriores passaram por alterações em tonalidade para abraçar a tessitura mais aguda de Emily. Em maioria, a mudança soa bem legal, a exemplo da abertura “Somewhere I Belong”, a já citada “One Step Closer”, a grudenta “What I’ve Done” e a irresistível “Faint”. Em algumas poucas, nem tanto: “Numb” perde profundidade em tom mais alto e sofre-se um pouco para manter o fôlego em “Bleed It Out”, por exemplo.
Variações esperadas à parte, o mais importante é que Armstrong encaixa perfeitamente nas músicas recém-lançadas. Dificilmente os maiores clássicos serão substituídos ao vivo pelas canções da nova era — inclusive as que ainda chegarão nos lançamentos futuros —, mas a tendência é que, sim, o catálogo a ser construído com a vocalista ganhe mais espaço nos setlists com o passar do tempo.
E por falar em repertório: este é composto por quatro atos, além do bis. O primeiro é de pura intensidade, sem pontos baixos, cantado pelos participativos fãs desde a abertura “Somewhere I Belong” até o hit recente “The Emptiness Machine”. O segundo, mais extenso, tem abordagem relativamente experimental por incluir número maior de faixas inclinadas ao eletrônico, a exemplo de “The Catalyst”, “Burn It Down” e “Waiting for the End”, além do — reconheçamos — pouco necessário resgate de “Where’d You Go”, do Fort Minor, projeto paralelo de Mike Shinoda. Mas nem nesta etapa do show o público fica um pouco mais disperso, com momentos de estouro coletivo sentidos em “Two Faced” e “One Step Closer”, esta trazendo participação de Poppy.

Representado por apenas três faixas, o emotivo ato três tem como destaque “What I’ve Done”, música que, largo sucesso da época à parte, ganhou recente sobrevida online ao embalar memes. Mas é na etapa final, combinando o quarto derradeiro e bis, que o bicho pega. Poucos grupos surgidos nos últimos 30 anos têm hits tão poderosos como “Numb” (antecedida em SP por um chá-revelação de filha de fã), “In the End”, “Faint” (mobilizando diversos sinalizadores) e “Bleed It Out”. Tais canções ajudam a explicar por que ainda existe tanto interesse em torno do Linkin Park: são melodicamente irresistíveis e geram forte identificação lírica.
Tamanha afeição do público, que deu show à parte ao cantar praticamente todas as músicas, continuará existindo não apenas por músicas como as quatro últimas citadas acima. Tampouco somente pela memória de Chester, que de forma alguma será apagada pelas atividades atuais. A banda liderada por Mike Shinoda goza do raro privilégio de não precisar se ancorar apenas em nostalgia. O que se viu no MorumBIS no último sábado, 8, serve de prova cabal: entrelaçado — mas não preso — com o antigo, o novo Linkin Park soa poderoso. Mesmo que não “do zero”, ainda bem que essa história continua.
Setlist — Linkin Park:
Act I:
- “Somewhere I Belong”
- “Lying from You”
- “Up From the Bottom”
- “New Divide”
- “The Emptiness Machine”
Act II:
- “The Catalyst”
- “Burn It Down”
- “Cut the Bridge”
- “Where’d You Go” (Fort Minor)
- “Waiting for the End”
- “Lies Greed Misery”
- “Two Faced”
- Solo de Joe Hahn (com Colin Brittain)
- “When They Come for Me” / “Remember the Name”
- “IGYEIH”
- “One Step Closer” (com participação de Poppy)
Act III:
- “Lost”
- “Good Things Go”
- “What I’ve Done”
Act IV:
- “Overflow”
- “Numb”
- “Over Each Other”
- “In the End”
- “Faint”
Bis:
- “Papercut”
- “Heavy is the Crown”
- “Bleed It Out”
O post Linkin Park volta a conquistar SP com show forte e explicativo de sua ‘nova era’ apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
Linkin Park volta a conquistar SP com show forte e explicativo de sua ‘nova era’

Na tarde da última sexta-feira, 7, após uma agradável visita ao Beco do Batman, ponto turístico de São Paulo, Mike Shinoda fez uma publicação reflexiva em seu perfil no X/Twitter. O cantor e multi-instrumentista havia acabado de ser informado sobre as indicações do Linkin Park para duas categorias da próxima edição do Grammy, o prêmio mais cobiçado da música.
“É difícil imaginar que, há apenas alguns anos, não sabíamos se a banda continuaria. Estamos muito gratos pela calorosa recepção de volta”, disse, antes de citar que o grupo concorre aos troféus de Melhor Álbum de Rock (com From Zero) e Melhor Performance de Rock (com a música “The Emptiness Machine”).
A retomada, anunciada em 2024 após sete anos de inatividade, ocorreu inicialmente a duras penas. Emily Armstrong, cantora escalada para substituir o falecido Chester Bennington, recebeu críticas tanto injustas (simplesmente por ser uma mulher) quanto justas, neste caso por seu envolvimento com a controversa Igreja da Cientologia — envolta em acusações de abusos físicos e psicológicos — e ao caso do ator Danny Masterson, condenado por dois estupros em 2023. Até mesmo familiares de Bennington rejeitaram a iniciativa de retorno da banda, que também conta com um novo baterista, Colin Brittain, na vaga de Rob Bourdon, que preferiu não se envolver.
Ao que tudo indica, porém, a turbulência foi compensadora para Shinoda, Armstrong, Brittain, Joe Hahn (DJ), Dave “Phoenix” Farrell (baixo) e Brad Delson (guitarra, substituído em turnê por Alex Feder). From Zero é o álbum mais aclamado e comentado da banda desde Minutes to Midnight (2007), bem como o mais vendido desde Living Things (2012). No Brasil, é o trabalho mais comercializado da história do grupo, segundo a Pró-Música Brasil, acumulando disco de platina triplo pelas 120 mil cópias despachadas.

Não à toa, o Linkin Park escolheu nosso país — mais especificamente a cidade de São Paulo — para receber dois dos raros shows da etapa 2024 da turnê From Zero, com direito a filmagem para transmissão ao vivo. Agora, retornam para mais uma fase da turnê, percorrendo toda a América do Sul. Curitiba os recebeu na última quarta-feira, 5, e Brasília será o destino final na terça, 11. No meio disso, entra esta nova visita à capital paulista, para performance no estádio MorumBIS. Poppy é a atração de abertura em todas as datas.
Poppy
Nome artístico de Moriah Rose Pereira, Poppy tem hoje 30 anos de idade e começou como criadora de conteúdo antes de enveredar para a música, tendo seis discos de estúdio, além de singles e parcerias com Knocked Loose, Babymetal, Bad Omens e, mais recentemente, Amy Lee (Evanescence) e Courtney LaPlante (Spiritbox). A influência de Linkin Park em seu som é inegável, tendo em vista a mescla de metal alternativo com eletrônico. Todavia, a artista americana dispensa o hip hop e funde mais elementos que seus ídolos, como metal industrial e pop.
O capricho estético vem não apenas nos visuais e maquiagens, como também na construção de seu show. Seja na performance solo no Cine Joia, na última quinta-feira, 6, ou na abertura para o Linkin Park, com apresentação reduzida para 40 minutos, deu para notar que seu espetáculo é meticulosamente pensado: transições entre músicas, movimentos no palco, pedidos de interação…
Mas funciona. Especialmente com a plateia do LP, que, ao menos nos setores premium, se mostrou receptiva à artista. Chama atenção já de cara com “Have You Had Enough?”, pesada, mas ao mesmo tempo bem acessível, e com direito a um breakdown de influência djent. Destacam-se ainda “Anything Like Me”, que prioriza o groove e mobiliza tanto palmas quanto mãozinhas para o alto; “Crystallized”, um envolvente pop-gótico à moda oitentista; e “Scary Mask”, com direito a um trechinho com riffs à la Dream Theater.
Só não é tão consistente. Por exemplo, “Bloodmoney” força a mão no eletrônico e a juvenil “Concrete” soa como uma colcha de retalhos. Talvez a inconstância do repertório justifique a recepção no MorumBIS um pouco mais amena que o esperado para uma artista “filha” do Linkin Park e de números tão expressivos no streaming. Mas o fato de haver mais destaques positivos do que negativos no álbum mais recente, Negative Spaces (2024), mostra que o futuro — ou presente — da artista é promissor.
Setlist — Poppy:
- “Have You Had Enough?”
- “Bloodmoney”
- “V.A.N” (collab com Bad Omens)
- “Anything Like Me”
- “Crystallized”
- “Scary Mask”
- “Concrete”
- “New Way Out”
Linkin Park
Duas horas cravadas estabelecem o repertório do Linkin Park, infelizmente executado em volume mais baixo que o ideal na noite deste sábado, 8. Lamentação técnica à parte, não dá para reclamar de muitas ausências marcantes no setlist apresentado ao longo da turnê: se por um lado seria interessante poder ouvir mais vezes “Points of Authority” e “From the Inside” (ambas fora em SP), ou mesmo contar com as totalmente excluídas “Breaking the Habit” e “Runaway”, os — numerosos — sucessos estão todos lá.
O novo álbum, seja na versão convencional ou deluxe, também é bastante representado e não destoa em qualidade ou recepção calorosa do público. Quase 10 canções da nova fase são contempladas, com destaque ao (já dá para chamar de) hit “The Emptiness Machine”, a tipicamente Linkinparkiana “Two Faced” — filha bastarda de “One Step Closer” — e a intensa “Heavy is the Crown”, com berraço de Emily Armstrong.

A cantora, aliás, é a única peça que pode dividir opiniões — ainda que agrade a este que vos escreve. Deve-se reconhecer que o dilema não se trata apenas de gênero. Sua voz tem perfil diferente da de Chester Bennington, o que, inclusive, explica sua escolha. Desse modo, quase todas as canções de discos anteriores passaram por alterações em tonalidade para abraçar a tessitura mais aguda de Emily. Em maioria, a mudança soa bem legal, a exemplo da abertura “Somewhere I Belong”, a já citada “One Step Closer”, a grudenta “What I’ve Done” e a irresistível “Faint”. Em algumas poucas, nem tanto: “Numb” perde profundidade em tom mais alto e sofre-se um pouco para manter o fôlego em “Bleed It Out”, por exemplo.
Variações esperadas à parte, o mais importante é que Armstrong encaixa perfeitamente nas músicas recém-lançadas. Dificilmente os maiores clássicos serão substituídos ao vivo pelas canções da nova era — inclusive as que ainda chegarão nos lançamentos futuros —, mas a tendência é que, sim, o catálogo a ser construído com a vocalista ganhe mais espaço nos setlists com o passar do tempo.
E por falar em repertório: este é composto por quatro atos, além do bis. O primeiro é de pura intensidade, sem pontos baixos, cantado pelos participativos fãs desde a abertura “Somewhere I Belong” até o hit recente “The Emptiness Machine”. O segundo, mais extenso, tem abordagem relativamente experimental por incluir número maior de faixas inclinadas ao eletrônico, a exemplo de “The Catalyst”, “Burn It Down” e “Waiting for the End”, além do — reconheçamos — pouco necessário resgate de “Where’d You Go”, do Fort Minor, projeto paralelo de Mike Shinoda. Mas nem nesta etapa do show o público fica um pouco mais disperso, com momentos de estouro coletivo sentidos em “Two Faced” e “One Step Closer”, esta trazendo participação de Poppy.

Representado por apenas três faixas, o emotivo ato três tem como destaque “What I’ve Done”, música que, largo sucesso da época à parte, ganhou recente sobrevida online ao embalar memes. Mas é na etapa final, combinando o quarto derradeiro e bis, que o bicho pega. Poucos grupos surgidos nos últimos 30 anos têm hits tão poderosos como “Numb” (antecedida em SP por um chá-revelação de filha de fã), “In the End”, “Faint” (mobilizando diversos sinalizadores) e “Bleed It Out”. Tais canções ajudam a explicar por que ainda existe tanto interesse em torno do Linkin Park: são melodicamente irresistíveis e geram forte identificação lírica.
Tamanha afeição do público, que deu show à parte ao cantar praticamente todas as músicas, continuará existindo não apenas por músicas como as quatro últimas citadas acima. Tampouco somente pela memória de Chester, que de forma alguma será apagada pelas atividades atuais. A banda liderada por Mike Shinoda goza do raro privilégio de não precisar se ancorar apenas em nostalgia. O que se viu no MorumBIS no último sábado, 8, serve de prova cabal: entrelaçado — mas não preso — com o antigo, o novo Linkin Park soa poderoso. Mesmo que não “do zero”, ainda bem que essa história continua.
Setlist — Linkin Park:
Act I:
- “Somewhere I Belong”
- “Lying from You”
- “Up From the Bottom”
- “New Divide”
- “The Emptiness Machine”
Act II:
- “The Catalyst”
- “Burn It Down”
- “Cut the Bridge”
- “Where’d You Go” (Fort Minor)
- “Waiting for the End”
- “Lies Greed Misery”
- “Two Faced”
- Solo de Joe Hahn (com Colin Brittain)
- “When They Come for Me” / “Remember the Name”
- “IGYEIH”
- “One Step Closer” (com participação de Poppy)
Act III:
- “Lost”
- “Good Things Go”
- “What I’ve Done”
Act IV:
- “Overflow”
- “Numb”
- “Over Each Other”
- “In the End”
- “Faint”
Bis:
- “Papercut”
- “Heavy is the Crown”
- “Bleed It Out”
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Lobão abre o coração sobre perdas trágicas na família

O músico Lobão revelou em entrevista como viveu perdas profundas no âmbito familiar e passou pelo luto. Segundo ele: “Meu pai se matou, minha mãe se matou, minha irmã se matou”, afirmou em entrevista ao canal de YouTube do apresentador Raul Ferreira Netto.
Lobão relatou que o pai morreu em 19 de abril de 2004 (no Dia do Índio) e que a mãe havia falecido em maio de 1984. Ele lidou com o luto de formas distintas: com o pai, fechou um ciclo em 2013; com a mãe, só se sentiu livre desse “fantasma” em torno de 1995 ou 1996, após superar crises epilépticas.
Ele também mencionou a irmã, sem especificar data ou nome, afirmando que “ela se matou” em meio às tragédias da família.
Na conversa, Lobão refletiu sobre como essas vivências influenciaram sua arte, sua visão de mundo e sua postura em relação à vida pública. Ele afirmou que demorou para se libertar desses “fantasmas” pessoais que acompanharam grande parte de sua trajetória.
Apesar da gravidade do relato, o cantor parece ter encontrado na música uma forma de canalizar o luto e transformar dor em expressão.
Confira o episódio completo:
A confissão pública de Lobão abre espaço para refletir sobre a relação entre trauma pessoal e criação artística. Sua obra, marcada por atitude rebelde e visceral, ganha nova camada quando vista à luz dessas perdas íntimas.
+++LEIA MAIS: A tática de Lobão para salvar vidas dele e de Cazuza em assalto à mão armada
+++LEIA MAIS: Por que heavy metal é uma m*rda e se compara a sertanejo, segundo Lobão
O post Lobão abre o coração sobre perdas trágicas na família apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
Lobão abre o coração sobre perdas trágicas na família

O músico Lobão revelou em entrevista como viveu perdas profundas no âmbito familiar e passou pelo luto. Segundo ele: “Meu pai se matou, minha mãe se matou, minha irmã se matou”, afirmou em entrevista ao canal de YouTube do apresentador Raul Ferreira Netto.
Lobão relatou que o pai morreu em 19 de abril de 2004 (no Dia do Índio) e que a mãe havia falecido em maio de 1984. Ele lidou com o luto de formas distintas: com o pai, fechou um ciclo em 2013; com a mãe, só se sentiu livre desse “fantasma” em torno de 1995 ou 1996, após superar crises epilépticas.
Ele também mencionou a irmã, sem especificar data ou nome, afirmando que “ela se matou” em meio às tragédias da família.
Na conversa, Lobão refletiu sobre como essas vivências influenciaram sua arte, sua visão de mundo e sua postura em relação à vida pública. Ele afirmou que demorou para se libertar desses “fantasmas” pessoais que acompanharam grande parte de sua trajetória.
Apesar da gravidade do relato, o cantor parece ter encontrado na música uma forma de canalizar o luto e transformar dor em expressão.
Confira o episódio completo:
A confissão pública de Lobão abre espaço para refletir sobre a relação entre trauma pessoal e criação artística. Sua obra, marcada por atitude rebelde e visceral, ganha nova camada quando vista à luz dessas perdas íntimas.
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