‘Império de Amsterdã’, com Famke Janssen, estreia nas plataformas digitais

Império de Amsterdã, nova série estrelada por Famke Janssen, a eterna Jean Grey dos filmes de X-Men, acaba de estrear nas plataformas digitais. Saiba mais sobre a novidade a seguir:
Qual é a história de Império de Amsterdã?
Em Império de Amsterdã, Betty Jonkers (Famke Janssen), uma ex-diva pop, que abandonou a sua carreira para se tornar uma esposa dedicada, descobre que está sendo traída pelo marido e, para se vingar, decide ir atrás de todos os bens dele, incluindo a rede de cafeterias de sucesso Jackal.
Onde assistir a Império de Amsterdã?
Além de estrelar, Famke Janssen também produz Império de Amsterdã, que já está disponível, com todos os seus sete episódios, no catálogo da Netflix. Assista ao trailer da novidade a seguir:
LEIA TAMBÉM: Netflix divulga trailer da quinta e última temporada de Stranger Things
O post ‘Império de Amsterdã’, com Famke Janssen, estreia nas plataformas digitais apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
Diretora de ‘Casa de Dinamite’ defende final ambíguo: ‘Problema global’

Lançamento recente da Netflix, Casa de Dinamite chegou ao streaming na última sexta, 24, e esteve entre os filmes mais assistidos nos últimos dias. O longa é dividido em três capítulos, que retratam diferentes perspectivas de uma mesma situação: um míssil nuclear detectado por radares ameaça atingir a cidade de Chicago, nos Estados Unidos. As autoridades norte-americanas têm apenas 18 minutos para evitar a destruição total.
Misturando thriller e suspense, o desenvolvimento do longa cria uma atmosfera de tensão extrema, na qual a trama se desenrola em tempo real, numa verdadeira corrida contra o tempo, enquanto a cinematografia dinâmica faz com que o espectador se sinta como parte da situação. A narrativa adentra nos mecanismos de gestão de crise do governo estadunidense, enquanto a trilha sonora remete ao tic-tac de uma bomba e reforça o perigo iminente.
O elenco de estrelas, composto por Rebecca Ferguson, Anthony Ramos e Idris Elba (como presidente dos EUA) vive uma série de eventos estressantes. Entretanto, o final do longa é abrupto e ambíguo, e foi considerado por muitos até mesmo “anticlimático”. A decisão ousada dos cineastas de não revelar o desfecho das duas principais perguntas da trama — se o míssil foi detonado ou não, e qual foi a resposta presidencial — gerou controvérsia entre a crítica e o público.
David Fear, da Rolling Stone, escreveu em resenha que o final “foi concebido para evitar a resolução e fazer com que os espectadores reprimam os gritos de ‘Espera aí, sério?’”. Confira alguns comentários emitidos por espectadores nas redes sociais:
“Não consigo imaginar alguém defendendo essa estrutura horrível, o que [a diretora] estava pensando?! Além disso, a falta de um final foi uma completa decepção.”
“Achei este filme bastante frustrante, porque tinha tudo para ser ótimo.”
“O pior, mais insatisfatório e mais decepcionante final do ano, sem conclusão alguma.”
“Poderia ter sido bom! O primeiro ato é forte, o segundo nem tanto, e o terceiro é muuuito ruim.”
Em entrevista ao Decider (via People), o roteirista Noah Oppenheim disse que o final de Casa de Dinamite pretende ser um convite para uma conversa. Ele afirmou que tem respostas em mente para ambas as perguntas do filme, mas elas são irrelevantes para os problemas que a história deseja levantar.
“A primeira [questão] é: uma única pessoa deveria ter o poder de decidir o destino de toda a humanidade, com pouca preparação e apenas alguns minutos para decidir, enquanto simultaneamente foge para salvar a própria vida? Isso já deveria ser suficientemente assustador, independentemente do que aconteça depois”, comenta.
A diretora Kathryn Bigelow, de 73 anos, também defende o final polêmico. A temática político-militar é uma constante nas suas obras: Bigelow foi a primeira mulher a ganhar o Oscar de Melhor Direção, em 2011, por Guerra ao Terror (2010). Sobre Casa de Dinamite, ela espera que o final sirva como ponto de partida para discussões.
“Quero que o público saia dos cinemas pensando: ‘Certo, e agora?’ Este é um problema global e, claro, tenho uma pequena esperança de que talvez um dia consigamos reduzir o arsenal nuclear”, disse Bigelow. “Mas, enquanto isso, estamos realmente vivendo em uma casa de dinamite. Essa é a explosão que nos interessa — a conversa que as pessoas terão sobre o filme depois.”
Ela afirma que seu objetivo com a obra foi fazer uma crítica à fragilidade do sistema político vigente, e este é o verdadeiro antagonista. “Eu queria que o público mergulhasse na ambiguidade no centro do debate nuclear: como podemos chamar isto de defesa quando o resultado pode muito bem ser a destruição total?”, explicou durante a estreia oficial no Festival de Cinema de Veneza.
Para Oppenheim, independente do desfecho imaginado pelo espectador, ele já observou um cenário de horror se desenrolar. “No mundo real, essas armas e todos os processos que você acabou de ver ainda estão à espreita em nossas vidas”, critica. “Estamos confortáveis com essa realidade ou deveríamos fazer algo a respeito?”
Casa de Dinamite já está disponível no catálogo da Netflix. Confira o trailer oficial a seguir:
+++ LEIA MAIS: Fato ou Ficção: Tudo o que você precisa saber sobre a realidade por trás de ‘Casa de Dinamite’
O post Diretora de ‘Casa de Dinamite’ defende final ambíguo: ‘Problema global’ apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
Ghostface vai atrás da família de Sidney no trailer de ‘Pânico 7’; assista

Pânico 7, novo filme da franquia de terror, teve seu primeiro trailer divulgado nesta quinta-feira, 30 de outubro, pela Paramount Pictures. Dessa vez, a história é ainda mais pessoal e o assassino Ghostface vai atrás de Sidney Prescott (Neve Campbell) e sua família. Assista a seguir:
O que esperar de Pânico 7?
Em março de 2024, Neve Campbell anunciou, em suas redes sociais, que iria voltar a viver Sidney Prescott em Pânico 7, após ficar afastada da franquia no sexto capítulo: “Estou muito feliz e orgulhosa em dizer que me pediram, da forma mais respeitosa, para trazer Sidney de volta às telas e não poderia estar mais emocionada!!!”, celebrou a atriz.
Junto com a novidade, também veio a revelação de que Kevin Williamson, responsável por criar a franquia junto com Wes Craven (1939-2015), será o diretor do novo filme. O cineasta assinou os roteiros dos quatro primeiros filmes da franquia antes de passar a batuta para James Vanderbilt (Zodíaco) e Guy Busick (Casamento Sangrento), autores de Pânico 5 (2022), Pânico 6 (2023) e, agora, Pânico 7.
Quem está no elenco de Pânico 7?
Neve Campbell não será a única a retornar após passar um tempo longe de Pânico: além da atriz, Matthew Lillard (Five Nights at Freddy’s), que interpretou Stu Macher, um dos assassinos do primeiro filme; Scott Foley (Scandal), que viveu o cineasta Roman Bridger em Pânico 3, de 2000; e David Arquette, o xerife Dewey Riley, morto em Pânico 5, também estão de volta na novidade.
Pânico 7 ainda conta com os retornos de outros veteranos: Courteney Cox como Gale Weathers, único membro da franquia original a participar de todos os filmes; e Jasmin Savoy Brown (The Leftovers) e Mason Gooding (A Queda) como os gêmeos Mindy e Chad Meeks-Martin, estrelas de Pânico 5 e Pânico 6.
Por fim, as novidades incluem Joel McHale (Community) como Mark Evans, marido de Sidney Prescott; Isabel May (1883), escolhida para viver a filha da protagonista; e Mckenna Grace (Ghostbusters: Apocalipse de Gelo), Celeste O’Connor (Madame Teia), Asa Germann (Gen V), Sam Rechner (Os Fabelmans), Mark Consuelos (Riverdale) e Anna Camp (A Escolha Perfeita) em papéis ainda não revelados.
Quando estreia Pânico 7?
Pânico 7 estreia nos cinemas brasileiros em 26 de fevereiro de 2026. Assista ao trailer dublado a seguir:
LEIA TAMBÉM: Joel McHale será marido de Neve Campbell em Pânico 7
Note: There is a poll embedded within this post, please visit the site to participate in this post’s poll.
O post Ghostface vai atrás da família de Sidney no trailer de ‘Pânico 7’; assista apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
‘Balada de um Jogador’, do diretor de ‘Conclave’, estreia nas plataformas digitais

Balada de um Jogador, novo filme de Edward Berger, diretor do longa vencedor do Oscar Conclave, já está disponível nas plataformas digitais. Saiba mais sobre a novidade a seguir:
Qual é a história de Balada de um Jogador?
Balada de um Jogador apresenta um homem endividado e com um passado turbulento vivendo escondido em Macau. Refugiado entre cassinos e ilusões, ele conhece uma mulher misteriosa, que pode oferecer uma chance de redenção — se as suas apostas não o destruírem antes.
Onde assistir a Balada de um Jogador?
Com roteiro de Rowan Joffe (Antes de Dormir), baseado no romance A Balada de um Pequeno Jogador, de Lawrence Osborne, e estrelado por Colin Farrell (Pinguim), Balada de um Jogador está disponível no catálogo da Netflix. Assista ao trailer da novidade a seguir:
LEIA TAMBÉM: Springsteen: Salve-me do Desconhecido, cinebiografia de Bruce Springsteen, estreia nos cinemas brasileiros
O post ‘Balada de um Jogador’, do diretor de ‘Conclave’, estreia nas plataformas digitais apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
Despertador com máquina de sons gera acusações demoníacas no TikTok

Enquanto abóboras, bruxas e fantasmas já estão entupindo tudo, desde corredores de supermercados até jardins suburbanos, não seria verdadeiramente a temporada assustadora sem uma controvérsia que combine um amor genuíno pelo oculto com o bom e velho pânico satânico. E este ano, o foco está firmemente na empresa de bem-estar do sono Hatch, depois que alguns anúncios temáticos de Halloween geraram várias acusações virais de energia demoníaca no TikTok.
“Hatch é demoníaco”, disse uma usuária do TikTok em um vídeo que agora tem bem mais de três milhões de visualizações. “Se você tem um Hatch, precisa jogá-lo fora agora mesmo”.
Mais conhecida por suas máquinas de sons e despertadores virais, a Hatch é constantemente promovida no TikTok, apenas uma das inúmeras empresas cujos produtos prometem corrigir padrões de sono e ajudar as pessoas a acordarem mais facilmente. Mas antes do fim de semana de Halloween, a Hatch teve um pequeno mas incrivelmente barulhento contingente de cristãos no TikTok postando vídeos de si mesmos jogando fora seus aparelhos Hatch — e acusando a empresa de ser demoníaca.
A Hatch lançou uma série de anúncios temáticos de Halloween vinculados ao retorno da temporada assustadora de feriados. Mas o maior deles foi Goodnight, Phone, um esquete curto estrelado pela atriz de Chilling Adventures of Sabrina (2018) e Mad Men (2007), Kiernan Shipka. O anúncio retrata Shipka como uma mulher normal que, após uma mudança estressante para uma nova casa, é assombrada por uma rotação constante de rolagem interminável nas redes sociais, noites tardias e fadiga — representada por um duplo monstruoso de si mesma. A resposta para todos esses problemas? De acordo com o anúncio, é comprar um despertador Hatch. Mas para alguns usuários cristãos do TikTok, o vídeo não é uma jogada de marketing inteligente com um toque de Halloween. É prova de que um dos despertadores mais populares do mercado está enchendo as casas das pessoas com influências demoníacas.
Na última semana, dezenas de cristãos no TikTok — muitos deles mães — postaram vídeos jogando fora suas máquinas Hatch e incentivando outros a jogá-las fora também. Um dos vídeos mais populares sobre o assunto é de uma criadora cristã chamada Charity, que postou um vídeo para seus 16 mil seguidores dizendo que estava “perturbada” pelos anúncios de Halloween da Hatch, mas ainda mais convencida de influências demoníacas depois de ler os materiais de marketing da empresa. “Agora, por que uma empresa que vende máquinas de sons para adultos e também crianças pequenas e bebês promoveria seu produto usando filmes de terror?”, ela disse. “O estranho é que a própria Hatch admitiu praticar adivinhação para criar seus sons. Em sua página da web, eles realmente afirmam que acreditam que o sono é um ritual e que devemos ter um ritual noturno para adormecer”.
Quando contatada para comentário pela Rolling Stone, Charity disse que mantém seu vídeo sobre a Hatch — esclarecendo que não acha que um objeto inanimado possa realmente abrigar um demônio, mas que os comerciais de Halloween a deixaram desconfortável.
“Eu não estava querendo dizer a ninguém o que fazer ou não fazer quando se trata da empresa ou do Halloween em geral. Depois de muitas experiências na minha vida, está claro para mim que, como crente em Cristo Jesus, não quero estar associada à escuridão”, ela diz. “Somos chamados a ser a luz deste mundo. Muitas pessoas discordaram e continuarão a discordar de mim sobre esta situação, e todos têm o direito de ter suas próprias opiniões e crenças”.
@mamaarixo I will not support @Hatch for Sleep who is OPENLY BLASPHEMOUS. It’s not just about the creepy ad.. it’s the blatant DISRESPECT & evil against the KING OF KINGS. I will be turning these machines into dust so that can’t be used by anyone else. #hatch #hatchsoundmachine #christianmom ♬ original sound – PRODSICC
Embora alguns criadores cristãos pareçam estar levando as alegações demoníacas muito a sério, a reação negativa contra a Hatch se tornou um pouco de um meme online, com usuários acusando as mulheres de estarem em psicose religiosa ou simplesmente ridículas. Muitos dos comentários nos vídeos exploram a comédia dos avisos. “meu filho começou a levitar quando tínhamos o hatch no quarto dele”, brincou um comentarista. “Agora ele só entoa frases estranhas em latim de vez em quando”. “A única coisa demoníaca sobre meu hatch é o alarme às seis da manhã”, diz outro. Depois que os vídeos viralizaram, a Hatch lançou sua própria declaração sobre as acusações demoníacas, rejeitando a ideia de que a empresa estava promovendo guerra espiritual com seus despertadores.
“Chegou à nossa atenção que nosso recente anúncio de Halloween pode ter deixado algumas pessoas nervosas”, disse a Hatch em um comunicado em suas páginas de mídia social. “Para deixar claro: não quisemos dar a entender que nossos aparelhos são literalmente possuídos por forças obscuras. Estávamos simplesmente tentando mostrar como nossos telefones assombram nossas almas, roubam nosso sono e inundam nossos olhos com luz azul profana. Coisa totalmente diferente. Esperamos que isso esclareça”. Quando a Rolling Stone entrou em contato com a Hatch para comentar, a empresa disse que “as únicas forças obscuras que pretendíamos destacar eram os males da rolagem interminável antes de dormir. No fim das contas, nossa missão é simples: ajudar todos a terem seu melhor sono”.
Mas para aqueles que ainda não estão convencidos de que sua máquina Hatch não veio para sua casa com um demônio anexado, a empresa está incentivando qualquer pessoa preocupada a enviar seu produto Hatch de volta como parte de seu programa recém-renomeado RePOSSESED, que permite que as pessoas comprem versões reformadas e usadas de seus produtos por um preço mais barato. Talvez outra pessoa possa usar alguns espíritos obscuros para ter uma boa noite de sono.
O post Despertador com máquina de sons gera acusações demoníacas no TikTok apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
As 50 melhores músicas do Aerosmith, segundo Rolling Stone

Por mais de 50 anos, o Aerosmith tem reinado como os guerreiros supremos do rock & roll americano. Os “Bad Boys de Boston” construíram um dos repertórios mais clássicos de todos os tempos, sem nunca fazer nada do jeito sensato. Eles estouraram nos anos setenta como o carro chefe do blues-metal, os monstros do gênero mais legais de todos: o ataque de guitarra de Joe Perry e Brad Whitford, o ritmo funk de Joey Kramer e Tom Hamilton, a tagarelice suja e desenfreada do maluco/poeta Steven Tyler.
Mas o Aerosmith também reinou como a irmandade mais disfuncional do rock, com cinco personalidades famosamente combativas. Esses caras batalharam, se cansaram, bateram no fundo do poço, mas sobreviveram para fazer um dos retornos mais bizarros da história da música. Nada poderia matar sua química estranha — nem drogas, nem desintoxicação, nem todos aqueles anos de caos do rock & roll. “Cometemos cada erro seis vezes”, Joe Perry disse a Rolling Stone em 2001. “Nós pagamos por toda essa porra. Eu saí da banda, Brad saiu da banda, a gente errou muito, assinamos contratos ruins, tivemos empresários ruins, tivemos bons empresários. Mas durante tudo isso, algo nos manteve juntos.”
Infelizmente, o Aerosmith acabou de ter que anunciar que eles finalmente estão parando como banda de turnê, depois que Tyler fraturou sua laringe no palco. Mas em honra a sua trajetória histórica, vamos celebrar esse legado com um tributo às 50 melhores músicas do Aerosmith. Algumas dessas melodias são mega-hits famosos que todo mundo conhece. Outras são lados B, valorizados por fãs vigorosos. Algumas são hinos de guitarra para bate cabelo; algumas são baladas da MTV. Mas essas 50 melodias clássicas definem o Aerosmith como os mais cruéis, mais sujos e maiores fora-da-lei do hard rock americano. Toque essas músicas alto para sempre, e continue sonhando.

50. ‘Make It’ (1973)
O Aerosmith deu o pontapé inicial em seu álbum de estreia com “Make It“, um dos mais icônicos hinos de “Boa noite, pessoal, bem-vindos ao show” do rock dos anos setenta. Foi uma declaração de missão. Eles tinham acabado de tomar a escolha decisiva de se mudar juntos para Boston, conseguir um apartamento e buscar sua fortuna. “Make It” é a música que Tyler compôs no banco de trás quando a banda dirigiu para lá. “Escrevi ‘Make It‘ num carro dirigindo de New Hampshire para Boston”, ele disse. “Tem aquela colina que você sobe e vê o horizonte de Boston.” Ele escreveu a letra numa caixa de lenços de papel, olhando para a cidade, pronto para perseguir o sonho. Toda a saga do Aerosmith começa aqui. — R.S.
49. ‘S.O.S. (Too Bad)’ (1974)
Este sucesso metálico do álbum Get Your Wings (1974) parece o Aerosmith no seu melhor rosnando. Tyler ronda com uma intensidade feroz. Kramer está segurando suas baquetas ao contrário, batendo com as pontas grossas só para ficar tão alto quanto humanamente possível. Mas é Perry quem rouba o show, com um solo de guitarra afiado numa lâmina de barbear enferrujada. Rápido e irregular, o toque de guitarra de Perry pinga com ameaça proto-metal, combinando com o ritmo maníaco definido pelo estoico deus do baixo Hamilton. O ano de 1974 foi um momento de fazer ou morrer para a banda de Boston, que estava constantemente no cepo da gravadora. “S.O.S.” é uma declaração de intenção de uma banda que sabia que tinha algo a provar — e provou com pura força. — S.G.
48. ‘Kings and Queens’ (1977)
Quem se importa se a letra de Tyler confunde viagens vikings com implementos de execução da revolução francesa? “Kings and Queens” contém uma das melodias mais ousadas e dramáticas do Aerosmith, e a ponte sombria acena para o Pink Floyd tanto quanto para as baladas passadas da banda como “Dream On“. Embora a canção parecesse um deslize comparada a tudo no álbum Rocks (1976) antes dela, em retrospectiva, é um testemunho de como as escolhas musicais certas (como a forma que Tyler geme “Screams of no reply” (“Gritos sem resposta”) podem elevar uma banda a um trono mais alto. — K.G.
47. ‘Fever’ (1993)
Get a Grip (1993) é o som do Aerosmith rasgando pela estrada do roqueiro de meia-idade: famintos por sucessos, mas felizes de estar ali. A produção polida está longe do grunhido de rock de garagem da banda dos anos setenta. Mas até os críticos teriam dificuldade em resistir à atração gravitacional de “Fever“, com sua energia delirante e aquelas harmonias excitadas na ponte. Nunca alguém a recuar de uma metáfora deliciosamente vulgar, Tyler canta: “The buzz that you’re getting from the crack don’t last, I’d rather be OD’ing in the crack of her ass.” (“O barato que você está tendo com o crack não dura, eu preferiria estar em overdose na fenda da bunda dela.”) É o Tyler clássico, regozijando-se na sacanagem e no absurdo de tudo, que é tudo que podemos pedir. — S.G.
46. ‘Remember (Walking in the Sand)’ (1979)
O Aerosmith abriu 1979 com Night in the Ruts (1979) olhando para trás em seu apogeu com “No Surprize“. O único lançamento do álbum de fraco desempenho foi outro gesto nostálgico, uma versão da obra-prima operística de grupo feminino das Shangri-Las de 1964, “Remember (Walking in the Sand)“, reformulada como uma grande balada de metal de arena. Pode ter parecido uma escolha estranha para os fãs do Aerosmith, mas conectava-se às raízes rock’n’roll novaiorquinas de Tyler. Ele tinha visto as Shangri-Las se apresentarem ao vivo antigamente, e a cantora das Shangri-Las, Mary Weiss, forneceu vocais de apoio (sem créditos) na versão do Aerosmith. — J.D.
45. ‘East Coast, West Coast’, do The Joe Perry Project (1981)
Perry deixou o Aerosmith em 1979 e formou rapidamente o The Joe Perry Project, argumentando que o vocalista da banda Ralph Mormon era um cantor melhor que Tyler, incluindo nas músicas do Aerosmith que Perry teimosamente manteve no repertório de sua nova banda. Mormon saiu após o surpreendentemente bom álbum de estreia de 1980, Let the Music Do the Talking, para ser substituído pelo cantor e compositor local Charlie Farren, que trouxe a sublime joia de metal pop “East Coast, West Coast” para o segundo LP do Project, I’ve Got the Rock and Rolls Again (1981). Estava no repertório da banda quando eles entraram em turnê em 2023, desta vez com Gary Cherone do Extreme nos vocais. — J.D.

44. ‘The Reason a Dog’ (1985)
“The reason a dog has so many friends? He wags his tail instead of his tongue.” (“A razão de um cachorro ter tantos amigos? Ele abana o rabo em vez da língua.”) Muito gentil da parte de Tyler oferecer dicas de etiqueta sobre manter a boca fechada, mas obviamente, ele nunca tentou seguir seu próprio conselho. “The Reason a Dog” é uma mistura enxuta e malvada de Done With Mirrors (1985), o álbum onde eles se reuniram com Perry e Whitford, aprendendo tudo de novo sobre como escrever músicas do Aerosmith. “Não quero que os fãs pensem que somos garotos americanos limpos e honrados”, disse Perry a Rolling Stone. “Mas somos americanos, e nós ficamos de pé.” Dois anos antes de Permanent Vacation (1987), é aqui que o verdadeiro retorno do Aerosmith começa. — R.S.
43. ‘Woman of the World’ (1974)
“Woman of the World” é uma entrada curiosa na obra do Aerosmith — uma das poucas faixas de blues-rock que celebra uma rica dona de gatos sem filhos com talento para receber visitas. Tyler canta suavemente: “She’s got big-eyed cats, she’s got coats of sable.” (“Ela tem gatos de olhos grandes, ela tem casacos de zibelina.”) Depois acrescenta: “She seats 44 at her dinner table,” (“Ela acomoda 44 em sua mesa de jantar”), sobre um ritmo de blues que é hipnótico e expansivo. O vocal de Tyler tem um toque distante e tranquilo, mesmo enquanto ele claramente continua trabalhando para imitar seu herói, James Brown. “Woman of the World” captura o Aerosmith num momento de formação, onde Perry e Tyler estavam apenas começando a descobrir sua dinâmica, mas já capazes de criar algo que transcendia suas influências. — S.G.
42. ‘Home Tonight’ (1976)
A confiança do Aerosmith estava tão alta em 1976 que eles decidiram encerrar Rocks superando Elton John. (É justo, já que Rock of the Westies de 1975 de Elton era basicamente sua versão de um álbum do Aerosmith.) “Home Tonight” é uma balada grandiosa de piano, vindo como um final surpresa em Rocks após um álbum inteiro de suas guitarras mais pesadas. Tyler se despede da audiência, com harmonias polidas até brilharem. Whitford fecha com seus solos de guitarra inflexivelmente ferozes — uma bela combinação. — R.S.
41. ‘Bolivian Ragamuffin’ (1982)
Esses foram os anos perdidos da banda no deserto, sem Perry ou Whitford. Mas “Bolivian Ragamuffin” é uma estranheza bizarra deliciosamente fora do padrão do Lado A de Rock in a Hard Place (1982). É a única vez que o Aerosmith tentou copiar o Rush, com Tyler reclamando sobre uma batida tirada direto de “The Spirit of Radio” — uma influência improvável, mas uma encruzilhada surpreendentemente bacana entre Megadon e “Mama Kin“. “Bolivian Ragamuffin” prova que até os álbuns mais ruins do Aerosmith geralmente têm pelo menos alguns tesouros enterrados — se você tiver estômago para caçá-los. (E se você está procurando neste álbum, não ignore “Joanie’s Butterfly.”) —R.S.
40. ‘Come Together’ (1978)
O musical cinematográfico de 1978 Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band foi uma catástrofe tão épica que quase destruiu as carreiras de Peter Frampton e dos Bee Gees perto do auge absoluto de sua fama. A única coisa boa que saiu dele foi a versão do Aerosmith de “Come Together“, que eles tocam durante um momento tipicamente incompreensível no filme onde Frampton e os Bee Gees tentam resgatar uma mulher amordaçada e amarrada a uma placa de neon. Termina com Frampton e Tyler brigando no palco, mas não importa. A música foi o último sucesso deles antes de Run-D.M.C. trazê-los de volta do esquecimento quase uma década depois. — A.G.
39. ‘I Don’t Want to Miss a Thing’ (1998)
Existem dois tipos de pessoas neste mundo: aquelas que veem “I Don’t Want to Miss a Thing” como uma balada poderosa açucarada e piegas que o Aerosmith nem escreveu, e aquelas que acham que é uma de suas melhores músicas dos anos 90 — uma balada irmã linda e épica de “Angel“. Embora seja verdade que Diane Warren escreveu o tema de Armageddon de 1998, ela admitiu que a banda e o produtor Matt Serletic foram responsáveis pelo gigante que se tornou. “Aquilo foi Steven sendo Steven, fazendo a merda legal que só ele pode fazer”, disse Warren, elogiando o arranjo de cordas e as oitavas dramáticas. “Lembro da primeira vez que ouvi e fiquei literalmente derrubada da minha cadeira de quão ótimo aquilo era.” —A.M.
38. ‘The Other Side’ (1989)
Ninguém consegue fazer “mmm-mmm-mmm” como Tyler. Combinado com a caixa de Kramer, a onomatopeia de Tyler anunciou a chegada do que é indiscutivelmente a faixa mais cativante de Pump (1989). É tão simples quanto o rock do fim dos anos 80 ficou, entre o baixo sem frescura de Hamilton, metais simples e brilhantes, e clichês fazendo papel de letras (“Between the devil and the deep blue sea!”; “Entre o diabo e o mar azul profundo!”). Não importa, “The Other Side” é irresistível — talvez demais. Os compositores de “Standing in the Shadow of Love” dos Four Tops ameaçaram ação legal pela melodia excessivamente similar do Aerosmith, resultando num crédito Holland/Dozier/Holland ao lado de Tyler e seu coautor Jim Vallance. —J.H.
37. ‘Combination’ (1976)
Nenhuma música no rock & roll incorpora a ideia de estar “elegantemente arrasado” como esta contribuição de Perry para Rocks (1976). A letra “Walking on Gucci, wearing Yves St. Laurent/barely staying on cause I’m so goddamn gaunt” (Andando de Gucci, vestindo Yves St. Laurent/mal conseguindo ficar em pé porque estou tão terrivelmente magro) expôs a elegância de estrela do rock. Perry na verdade faz mais do que apenas harmonizar com Tyler na música: ele canta a voz principal, quase. Em suas memórias, o guitarrista observou o ciúme que experimentava de seus companheiros de banda toda vez que se aproximava dos holofotes. “Depois de um tempo, porém, a banda cedeu e me apoiou, contanto que eu cantasse a música como uma espécie de dueto com Steven”, escreveu Perry sobre “Combination“. “Até hoje, [eu] fico surpreso com a frequência com que me pedem para tocá-la ao vivo.” —J.H.
36. ‘My Fist Your Face’ (1985)
Ninguém esperava nada do álbum de reunião do Aerosmith, Done With Mirrors (1985). Muito menos eles. “Sei que todo mundo vai perguntar se voltamos a ficar juntos por dinheiro”, disse Perry à Rolling Stone em 1984. “E é claro que sim.” No entanto, tinha sinais surpreendentes de vida, como esta pequena vinheta de briga de bar matadora. “My Fist Your Face” era punk o suficiente para os The Replacements tocarem na turnê de Tim (1985), plenamente conscientes de que nenhum de seus fãs a conheceria. “Os Quiet Riots e todos aqueles caras com couros e tachas e as pilhas de amplificadores Marshall que não estão ligados é melhor tomarem cuidado”, alardeou Perry. “Nós somos a banda sobre a qual sua mãe avisou você.” —R.S.
35. ‘You See Me Crying’ (1975)
Esta joia poderosa mostrou a banda experimentando como fazer a vulnerabilidade bater tão forte quanto sua pestana de guitarra mais pesada — uma habilidade que os serviria bem quando depois invadiram as paradas pop. Tyler pressionou a banda a gastar numa orquestra de 100 peças e assumiu o comando dos arranjos. É uma peça de piano enganosamente complexa, com mudanças de compasso e oscilações dinâmicas que combinam perfeitamente com a extensão vocal sobrenatural de Tyler. No entanto, apesar de todas as suas complexidades, “You See Me Crying” quase se perdeu na névoa dos excessos notórios da banda. Conta-se que Tyler — profundamente em estado alterado — uma vez ouviu a música no rádio e sugeriu que eles a regravassem, apenas para Perry responder: “Somos nós, cabeça de merda.” —S.G.

34. ‘Lightning Strikes’ (1982)
O Aerosmith estava totalmente fora de sincronia com as tendências de 1982, quando fizeram Rock in a Hard Place — isso mesmo, o álbum onde eles acharam que era legal colocar Stonehenge na capa. This Is Spinal Tap (1984) veio dois anos depois, e sim, Steven Tyler levou para o lado pessoal. Mas mesmo sem Joe Perry, o álbum tinha guitarras cruéis dos firmes substitutos Rick Dufay (pai da Minka Kelly!) e Jimmy Crespo. “Lightning Strikes” tem aquele velho poder de riff chicoteante e os jogos de palavras de Tyler, quando ele ameaça “ler seus direitos fúnebres.” —R.S.
33. ‘Dude (Looks Like a Lady)’ (1987)
Houve um tempo, não muito tempo atrás, quando você podia chamar uma música de “Dude (Looks Like a Lady)” e era totalmente socialmente aceitável. Na verdade, este foi o grande single do álbum que restabeleceu o Aerosmith como produtores de sucessos dos anos 80 depois que seu remake de “Walk This Way” com Run-D.M.C. ajudou a apresentá-los à geração MTV. Para conseguir a sagacidade pop de que precisavam, a banda se juntou a Desmond Child, recém-saído de seu trabalho mega-platinado com Bon Jovi. As letras foram inspiradas em eventos da vida real — ou seja, Tyler bêbado vendo uma loira gostosa de trás e então ficando chocado quando ela/ele acabou sendo o cantor do Mötley Crüe, Vince Neil. —J.D.
32. ‘Draw the Line’ (1977)
O Aerosmith tinha feito um álbum por ano durante quatro anos quando chegaram a Draw the Line de 1977, e seu esgotamento e consumo de drogas deram ao quinto álbum uma sensação única de desespero danificado. Com seu riff brutamontes e produção turva e nem-aí, a faixa-título soa mais cruel que muito do punk-rock surgindo no mesmo ano. Tyler explicou a letra “Carrie… was a wet-nap winner” assim: “Bem, um wet nap é algo com que você limpa bundas de bebês. Antigamente, se você tivesse sorte o suficiente de pegar uma aeromoça num avião e você saísse do banheiro, tudo que você tinha para limpar era um wet nap.” —J.D.
31. ‘Adam’s Apple’ (1975)
Deixe com o Aerosmith pegar a saga de Adão e Eva e torná-la ainda mais picante nesta faixa obscura de Toys in the Attic (1975). Sobre uma baixaria de guitarra martelante, Tyler apresenta sua própria teoria de possível intervenção alienígena (a “nave-mãe” que vem “do céu”), mas o que se segue poderia fazer um extraterrestre corar. Adão se delicia no “fruto doce e amargo” de Eva, e ela mesma “comeu — Senhor, foi amor à primeira mordida.” Ainda assim, o mais fascinante sobre “Adam’s Apple” é a solenidade com que Tyler a encara, até lamentando a maneira como “o mal veio como chuva” depois que são expulsos do Jardim do Éden. Bastou o fim da inocência do homem para assustar Tyler. —D.B.
30. ‘Let the Music Do the Talking’ (1985)
Nos anos em que o Aerosmith estava brigando com Perry, foi o guitarrista quem realmente manteve a chama acesa. Todos os três álbuns de seu Projeto Joe Perry ainda são guardados. (Podemos receber um amém para “Black Velvet Pants“? “South Station Blues“? Que tal “I’ve Got the Rock & Rolls Again“?) Mas o auge foi sua música-título arrasadora de 1980 Let the Music Do the Talking. Então, quando Perry voltou ao Aerosmith, eles sabiamente a reviveram como o single e faixa de abertura de Done With Mirrors de 1985. Um caso raro desta banda tomar uma decisão sensata de carreira. —R.S.
29. ‘Chip Away the Stone’ (1978)
O grande sucesso perdido do Aerosmith, um favorito cult valorizado por conhecedores fervorosos. “Chip Away the Stone” é uma valentia rude de country ao estilo Skynyrd, escrita pelo amigo e colaborador de longa data Richie Supa. Como single ao vivo, fracassou no número 77, quebrando sua sequência de sucessos no Top 40. Mas a versão de estúdio muito superior foi enterrada no Lado B, e nem sequer apareceu num álbum até uma década depois, na coletânea Gems (1988). Uma banda mais sensata teria escolhido a “Chip Away the Stone” de estúdio como o single — poderia ter sido o sucesso de rádio salvador de carreira de que eles desesperadamente precisavam. Mas em 1978, Aerosmith e sanidade nem estavam conversando. —R.S.
28. ‘Crazy’ (1993)
Pelos padrões de hoje, escalar sua filha de 16 anos como uma estudante de colegial sexy num vídeo onde ela nada nua, entra num concurso numa casa de strip, e dirige por aí de sutiã ao lado de outra garota má adolescente, interpretada por Alicia Silverstone, parece bem perturbador. Bem, era perturbador em 1993, mas o Aerosmith não dava a mínima. O vídeo transformou Liv Tyler (que tinha acabado de descobrir que Steven Tyler era seu pai) numa estrela, e transformou “Crazy” em mais um sucesso gigante de Get a Grip (1993). —A.G.
27. ‘Big Ten Inch Record’ (1975)
O Aerosmith já tinha regravado “Train Kept a Rollin’” e “Walkin’ the Dog” em álbuns anteriores, mas há algo especialmente comovente em ouvir a banda que deu ao mundo “Back in the Saddle” e “Lord of the Thighs” prestar homenagem às raízes do rock de duplo sentido com sua versão boogie-woogie do clássico blues fálico de 1952 de Bull Moose Jackson. Eles mandam com afeto real, caras do rock pesado prestando homenagem a um precursor estético. —J.D.
26. ‘Rats in the Cellar’ (1976)
Um ano depois de “Toys in the Attic“, o Aerosmith virou a casa da diversão de cabeça para baixo para a sequência, “Rats in the Cellar“. Mas é um conto mais sombrio e sinistro, capturando o momento em que todos os cinco membros da banda estavam acelerando em direção ao desastre. “‘Rats‘ é mais como o que estava realmente acontecendo”, Tyler recordou em seu livro de memórias Does the Noise in My Head Bother You? (2004) “As coisas estavam desmoronando, a sanidade estava fugindo para o sul, a cautela foi jogada ao vento, e aos poucos o caos estava se mudando permanentemente.” —R.S.

25. ‘Angel’ (1987)
O Aerosmith não era uma banda de hair metal. Mas eles tiraram uma página do manual do hair metal ao seguir um hino de rock, “Dude (Looks Like a Lady)“, com uma balada de amor, “Angel“, ao escolher singles de Permanent Vacation (1987). Escrita por Tyler e Desmond “Livin’ on a Prayer” Child, a música solidificou um dos retornos mais improváveis da história do rock ao atingir o Número Três na Billboard Hot 100. Isso pode ter horrorizado fãs da velha guarda que ainda se apegavam aos seus antigos fitas oito-track de Toys in the Attic (1975) e Rocks (1976), mas este era o Aerosmith para uma nova geração. —A.G.
24. ‘Lord of the Thighs’ (1974)
“Lord of the Thighs” é uma faixa tão mergulhada em baixaria que praticamente deixa uma mancha no seu toca-discos. Mas por baixo da sujeira, há a batida embrionária que eventualmente evoluiria para “Walk This Way“. O trabalho de pés de Kramer no bumbo, perfeitamente sincronizado com o riff serpenteante de guitarra de Perry, estabelece uma batida tão primitiva quanto precisa: apenas dois e quatro por cima, com colcheias nos chimbal impulsionando o ritmo. Da lama surgiu um som perturbador e estranhamente sedutor — uma batida gritante que enredaria gerações de guitarristas de rock vindouros. —S.G.
23. ‘Nobody’s Fault’ (1976)
No início, o Aerosmith às vezes era descartado como uma imitação dos Stones, mas este tesouro enterrado de Rocks (1976), escrito por Tyler e Whitford, prova que eles podiam acenar para o Led Zeppelin com desenvoltura genuína. Tyler empurra sua voz para guinchar como Plant, e as guitarras e a pancada de bateria do martelo dos deuses são puro Page e Bonham. Adicione provavelmente as letras mais sombriamente apocalípticas que a banda já escreveu — conjurando terremotos, casas desabadas, pássaros batendo asas desesperadamente, e Terras Santas em decomposição — e você tem um verdadeiro apocalipse santo de arrepiar. (E foi só coincidência que o Zeppelin lançou “Nobody’s Fault But Mine” no mesmo ano?) —D.B.
22. ‘Same Old Song and Dance’ (1974)
O primeiro single de Get Your Wings de 1974 era tudo menos a mesma velha história. Os Bad Boys de Boston estão particularmente ferozes aqui, apoiando-se pesadamente no riff forte de Perry e nas rimas cantadas de Tyler sobre matar, cocaína e um juiz com “prisão de ventre” que vai até a cabeça. “Get yourself cooler, lay yourself low/coincidental murder with nothing to show” (Fique mais frio, abaixe-se/assassinato coincidente sem nada para mostrar), grita Tyler para abrir a faixa, que aparecia frequentemente no repertório da banda: eles a tocaram pela primeira vez em 1973, e novamente 50 anos depois em Pittsburgh — no que seria a penúltima apresentação ao vivo do Aerosmith. —J.H.
21. ‘Livin’ on the Edge’ (1993)
Uma dose sóbria de comentário social após a agitação civil em Los Angeles que seguiu quatro policiais espancando Rodney King em 1992, “Livin’ on the Edge” encontra Tyler espiando no abismo sem muita esperança. “Estamos vivendo no limite”, canta Tyler, enquanto os vocais de fundo o provocam: “Você não pode evitar de cair.” É um problema sem solução, mas o Aerosmith fez soar ótimo com a guitarra de sino de Perry e alguns toques country. Além disso, a música tem um dos vídeos mais malucos dos anos 90, apresentando o garoto de O Exterminador do Futuro 2 (1991) jogando fora uma embalagem de camisinha, Perry desviando de um trem em disparada, e a glória que é Steven Tyler nu. —K.G.

20. ‘No Surprize’ (1979)
No final dos anos 1970, com a banda desmoronando, os garotos do Aerosmith dão uma olhada para trás em seu auge. “No Surprize” é uma das músicas mais cruéis e engraçadas de “como a banda começou” em todo o mundo do rock, um passeio sardônico pelos seus primeiros dias: tocando em botecos, se deliciando na baixaria de Nova York do Max’s Kansas City, assinando na linha pontilhada com Clive Davis, conseguindo drogas com os policiais. Tyler rosna sobre ser enganado pelos tubarões da indústria, perguntando: “Se japoneses podem ferver chás, então onde diabos estão meus royalties?” Na guitarra, Perry soa como o rei do mundo. Mas quando esta música foi lançada, ele estava fora da banda. —R.S.
19. ‘Jaded’ (2001)
A última grande música do Aerosmith, e seu último sucesso, chegando ao Número Sete no início de 2001. Tudo sobre “Jaded” foi impecável, incluindo o timing — estava no Top 10 na semana em que foram incluídos no Hall da Fama do Rock & Roll. De todos os veteranos no Hall, quantos podem se vangloriar de ter tido um novo sucesso estrondoso para tocar na cerimônia, muito menos um tão grande? (Eles deixaram Justin Timberlake cantar o refrão no Super Bowl — essa foi uma decisão nteressante.) “Jaded” é um envio agridoce às suas três primeiras décadas, com Tyler lamentando: “Meu, meu baby blue.” Linda, elegíaca, mas sem sentimentalismo — uma maneira graciosa de completar um dos melhores repertórios do rock. —R.S.
18. ‘What It Takes’ (1989)
Embora este destaque de Pump de 1989 seja considerado uma balada poderosa, tem muito mais em comum com uma música country de varanda. Credite isso à entrega descontraída de Tyler, à presença sutil de acordeão, e ao fato de que, em seu núcleo, é uma música de separação à moda antiga. A banda até a apresenta num bar caipira no vídeo oficial (embora sejamos sempre parciais à versão alternativa no estúdio). Escrita por Tyler e Perry com Desmond Child, o mestre da balada poderosa, “What It Takes” foi um ponto alto toda vez que o Aerosmith a tocou ao vivo, com Tyler provocando a plateia — “Não, não, assim” — antes de guinchar o “lance de dados” final. —J.H.
17. ‘Sick as a Dog’ (1976)
“Sick as a Dog” é um destaque esquecido de Rocks (1976), mas é o Aerosmith em seu mais musicalmente feroz e emocionalmente cru, com harmonias assombrosas e o arranjo de guitarra metal-estilo-Byrds de Hamilton. Tyler canta sobre duas crianças perdidas na estrada, longe de casa, tentando manter uma à outra vivas através de uma longa noite de drogas e desespero. Enquanto ele implora: “You’re the only friend I got/You’ll be the last to see me rot.” (Você é o único amigo que tenho/Você será o último a me ver apodrecer) A música termina com palmas, diretamente do manual das Shangri-Las. Eles editaram “Sick as a Dog” ao vivo no estúdio, com Hamilton na guitarra e Perry no baixo. No último minuto, Perry passou o baixo para Tyler e terminou a música na guitarra, enquanto a fita continuava rodando. — R.S.
16. ‘Cryin” (1993)
Não havia muitas estrelas do rock na casa dos 40 anos na MTV em 1993. É por isso que o Aerosmith fez a escolha brilhante de escalar Alicia Silverstone de 17 anos como a estrela do vídeo de “Cryin’“, o terceiro single de Get a Grip (1993). O vídeo onde ela interpreta uma namorada rejeitada que se vinga do homem traidor tocou na MTV em um loop quase constante por meses, disparando a música para o Número Um na Billboard Hot 100, e ajudando Get a Grip a vender impressionantes 20 milhões de discos no mundo todo. Foi tão bem-sucedido que Silverstone estrelou os próximos dois vídeos do Aerosmith, o que a ajudou a conseguir o papel principal num filmezinho chamado As Patricinhas de Beverly Hills (1995). — A.G.

15. ‘Train Kept a Rollin” (1974)
No início, a pérola do blues “Train Kept a-Rollin’” era filha de Tiny Bradshaw, que gerou a versão acelerada de Johnny Burnette, que gerou a versão do Yardbirds de Blowup (1966), que gerou a versão conduzida pelo Led Zeppelin, que gerou a versão de parar o trânsito do Aerosmith, transformando esse trem no Novo Testamento do rock pesado do rádio FM. Embora a banda tenha estreado uma versão de estúdio de cinco minutos e meio da música em Get Your Wings (1974), a música sempre soava melhor no palco, onde eles aceleravam e desaceleravam como se o trem estivesse vivo e fora de controle e pronto para arrasar, assim como o Aerosmith. — K.G.
14. ‘Lick and a Promise’ (1976)
Era divertido assim ser o Aerosmith nos anos 70, até que não foi mais. “Lick and a Promise” é uma explosão em série de Rocks (1976), com Whitford e Perry arrasando em seu modo característico rápido e pesado. O ritmo maníaco e o caos químico já estavam os alcançando — como Perry disse: “Começamos como uma banda de rock brincando com drogas, depois nos tornamos uma banda de drogas brincando com rock.” Mas nesta empolgação desenfreada, eles continuam dançando no limite — uma das músicas mais puramente alegres que o Aerosmith já fez. Aquele gancho “na-na-na-na-na” era tão indelével que eles o reciclaram anos depois no refrão de seu sucesso de 2001 “Jaded“. — R.S.
13. ‘Amazing’ (1993)
O Aerosmith atingiu o zênite de sua era de baladas poderosas dos anos 90 com “Amazing“, conquistando a MTV com sua icônica trilogia Alicia Silverstone. “Amazing” veio entre “Cryin’” e “Crazy“, mas, como O Poderoso Chefão, esta é uma trilogia que atinge o pico no capítulo do meio. O vídeo tinha um tema de “ciberespaço” bastante bobo — talvez não o melhor uso das habilidades dramáticas de Silverstone, tão adequadas para chutar bandidos na calçada. Mas é uma meditação ao piano genuinamente comovente sobre sobriedade e o trabalho duro necessário para se manter firme. “Amazing” dispara para os céus nos minutos finais, com um longo, amplo e glorioso solo de guitarra de Perry. — R.S.
12. ‘Rag Doll’ (1988)
Para o terceiro single de Permanent Vacation (1988), o Aerosmith recorreu ao médico de músicas de Bryan Adams, Jim Vallance, coautor de “Run to You“, “Cuts Like a Knife” e “Summer of ’69“. Ele os ajudou a criar esta fusão propulsora de blues rock e metal hair, completa com guitarra slide e uma seção de metais. Eles originalmente a chamaram de “Ragtime“, mas Holly Knight (coautora de “Love Is a Battlefield” de Pat Benatar) sugeriu que mudassem para “Rag Doll“. O vídeo se passa num universo onde Tyler aparentemente está tendo casos com todas as jovens mulheres de uma rua suburbana. — A.G.
11. ‘Last Child’ (1976)
Cheia de funk, suja e inconfundivelmente Aerosmith, “Last Child” é um sonho febril presunçoso e sulista e o coração caipira de sua obra-prima de blues pesado Rocks (1976). Whitford coescreveu a música e a construiu em torno de seu riff de guitarra encardido que é tão contagioso que basicamente tem sido um gatilho pavloviano para públicos de shows desde então. A seção rítmica — Kramer na bateria, Hamilton no baixo — estabelece uma fundação “funkificada” que dá a Tyler todo o espaço que ele precisa para sua poesia maluca de varanda: “Can’t catch no dose of my hot tail poon tang sweetheart sweat hog” (Não consigo pegar nenhuma dose da minha gostosa poon tang querida porco suado). No mundo do Aerosmith, onde sentido e absurdo tendem a se confundir, tudo simplesmente funciona. — S.G.
10. ‘Love in an Elevator’ (1989)
Ao longo da história do rock, artistas escreveram músicas inescrutáveis onde o significado lírico fica a critério do ouvinte. “Love in an Elevator” não é uma delas. É sobre Tyler desfrutando de relações carnais num elevador. Se houvesse alguma dúvida sobre isso, o que seria quase impossível considerando o título e cada palavra da música, ela começa com uma operadora de elevador dizendo: “Bom dia Sr. Tyler, indo… para baixo?” (Ela está se referindo tanto ao movimento do elevador quanto fazendo uma referência velada a sexo oral.) Lançada no auge do movimento hair metal, a música se encaixou perfeitamente com novos lançamentos de Poison, Mötley Crüe e Warrant, e deu ao Aerosmith o single de abertura perfeito para Pump (1989). — A.G.
9. ‘No More No More’ (1975)
A declaração existencial definitiva do Aerosmith, sobre a jornada insana e interminável de tocar numa banda de rock & roll. Tyler soa como um vampiro cansado da estrada quando grita: “Ain’t seen the daylight since I started this band.” (Não vejo a luz do dia desde que comecei esta banda.)” – uma frase boa o suficiente para os Beastie Boys roubarem em “No Sleep ‘Til Brooklyn”. “No More No More” é um turbilhão de Holiday Inns, bares enfumaçados, noites tardias, estranhos drogados e a ida de carro para a próxima cidade, com um tom melancólico nos floreios acústicos. Perry conta seu lado da história, se estendendo nos minutos finais para seu solilóquio de guitarra mais elegíaco. — R.S.
8. ‘Seasons of Wither’ (1974)
Deprimente, cara. Esta balada química zonza revela o espírito sensível escondido por trás da presunção de “Lord of the Thighs” da banda. Tyler a escreveu num Halloween quando estava morando numa fazenda de galinhas em Vermont com o baterista Kramer. “Desci para o porão, queimei um incenso e peguei este violão que Joey tinha encontrado num lixão em algum lugar”, Tyler recordou em 1991. “Estava afinado bem mal, e tinha um tom especial. E aquela afinação forçou aquela música para fora.” “Seasons of Wither” tinha uma gravidade proto-grunge muito além do que as pessoas presumiam que esta banda poderia alcançar. Você pode praticamente sentir os ventos frios da Nova Inglaterra se aproximando. — R.S.
7. ‘Toys in the Attic’ (1975)
Com seus riffs de locomotiva e melodias cheias de teias de aranha, “Toys in the Attic” arrasa tanto que é fácil perder o quão profunda ela é. Letras como “Leaving the things that you love from mind/All of the things that you learned from fears/Nothing is left for the years” (Deixando as coisas que você ama longe da mente/Todas as coisas que você aprendeu com medos/Nada sobra para os anos) são poéticas de uma maneira similar ao refrão “Turn off your mind/Relax, and float downstream/It is not dying” (Desligue sua mente/Relaxe e flutue rio abaixo/Não é morrer) na artística “Tomorrow Never Knows” dos Beatles. Mas como o Aerosmith toca direto com abandono de invadir-os-portões-do-Inferno, e Tyler transformou o refrão “Toys! Toys! Toys… in the attic” (Brinquedos! Brinquedos! Brinquedos… no sótão) num erguedor de cerveja sob medida nos shows, o hippismo psicodélico de tudo é fácil de digerir. “Joe [Perry] estava só fazendo um riff, e eu comecei a gritar: ‘Toys, toys, toys… ‘”, Tyler lembrou. “Orgânico, imediato, contagioso… incrível pra caralho. Mais uma vez, os Gêmeos Tóxicos cavalgam para o pôr do sol… desta vez, o pôr do sol do sótão.” — K.G.
6. ‘Mama Kin’ (1973)
“Mama Kin” era o hino que definia o estilo de vida do Aerosmith. Tyler a escreveu antes de entrar para a banda, um sábio hippie místico preso no corpo de uma estrela do rock. “As pessoas sempre perguntam: ‘O que é ‘mama kin’?’” ele disse a Rolling Stone em 2001. “É a mãe de tudo. É o desejo de escrever música, o desejo de transar, de passar pelo relacionamento com uma garota, ou o que quer que seja. Manter contato com mama kin significa manter contato com os velhos espíritos que te levaram até lá para começar.” Tyler era tão devotado à sua mensagem espiritual que tatuou “MA KIN” no braço. Magricelo que é, ele não tinha braço suficiente para caber o título inteiro. — R.S.

5. ‘Janie’s Got a Gun’ (1989)
“Janie’s Got a Gun” se destaca como um dos triunfos mais improváveis do rock. Em 1989, enquanto surfavam alto numa onda de seu ressurgimento comercial, o Aerosmith lançou esta obra noir audaciosa — um conto sem rodeios de vingança, incesto e assassinato. A faixa abre com um prelúdio assustador de gongo de vento e harmônica de vidro, antes de Tyler soltar seu uivo do ponto de vista de uma garota traumatizada. Nada disso deveria ter funcionado — mas contra todas as probabilidades concebíveis, se tornou um dos maiores sucessos da década. Rendeu ao Aerosmith um Grammy e, graças ao vídeo musical que tomou conta da MTV, dirigido por um David Fincher pré-Clube da Luta (1999), relevância cultural renovada. A habilidade de Tyler de habitar a psique de personagens improváveis estava em plena exibição — uma abordagem narrativa que ele empregou em faixas anteriores como “Uncle Salty“, onde ele deu voz a um menino órfão abusado. Mas com “Janie“, ele mergulha ainda mais fundo em seu medo e raiva, entregando o que pode ser a interpretação vocal mais poderosa de sua carreira. — S.G.
4. ‘Back in the Saddle’ (1976)
Perry escreveu o riff enrolado e retumbante de “Back in the Saddle” em seu baixo de seis cordas, deitado de costas em seu quarto enquanto drogado. “Foi uma daquelas músicas que realmente abriu as coisas para nós”, ele recordou depois. “Back in the Saddle” abre o álbum clássico de 1976 do Aerosmith, Rocks, o melhor álbum de hard- rock americano dos anos 1970. Tyler amarrou pandeiros em suas pernas para soar como esporas tilintantes quando ele pisava com o groove ameaçador e enganosamente complexo da música enquanto cantava suas letras de cowboy sexual, e eles até trouxeram um chicote para o estúdio. Essas teatralidades os colocaram no clima para atingir o ideal Platônico de majestade de fora-da-lei vagabundo. — J.D.
3. ‘Dream On’ (1973)
Tyler tinha apenas 24 anos quando gravou “Dream On“, mas soava três vezes mais velho com a maneira que gritava sobre ver rugas em seu rosto e lamentando em letras como: “Você tem que perder para saber como ganhar.” A música de alguma forma se tornou o maior sucesso do Aerosmith dos anos 1970. Mas no contexto da carreira de blues-rock da banda, é sua música menos “Aerosmithiana”, já que Tyler passa a maior parte dela numa viagem ruim, apertando as teclas de seu cravo e cantando em sua voz natural mais grave (embora ele eleve as coisas a um grito demoníaco no final). “Quando escrevi ‘Dream On‘, pensei: ‘De onde isso veio?’” Tyler disse a Rolling Stone. “Não questionei. Quando leio as letras agora, para um cara que estava chapado, estúpido e babando, consegui tirar algo de lá: ‘O passado se foi/Passou como o crepúsculo ao amanhecer.’” Para o Aerosmith, foi um começo improvável. — K.G.
2. ‘Sweet Emotion’ (1975)
Em 1975, o Aerosmith já tinha lançado dois álbuns e tinha legado ao mundo futuros clássicos como “Dream On” e “Mama Kin“. Mas “Sweet Emotion“, o primeiro single lançado de Toys in the Attic (1975), parecia algo diferente — o começo de um Aerosmith mais sólido, mais ousado e mais confiante, tomando forma diante de nossos ouvidos. Não é apenas a autoconfiança inabalável com que a banda toca, mas a maneira como “Sweet Emotion” mistura perfeitamente sagacidade pop (aquela frase do título) com aspereza do rock (aqueles versos e a participação de talk-box de Perry). É uma receita que os sustentaria por várias décadas mais. No estilo tipicamente bagunçado do Aerosmith, a música foi parcialmente inspirada por um momento de caos da banda: Tyler estava com raiva de Perry, e da então esposa de Perry, por não compartilharem suas drogas com ele e descarregou sua fúria nas letras (“Você fala sobre coisas que ninguém se importa/Vestindo coisas que ninguém usa”). Mas como frequentemente faziam, a banda e o produtor Jack Douglas conseguiram juntar tudo no estúdio. Com a vulcânica “Sweet Emotion“, o Aerosmith sentiu que estava verdadeiramente pronto para conquistar não apenas bares e clubes, mas o mundo. — D.B.
1. ‘Walk This Way’ (1975)
“Walk This Way” mostra o Aerosmith em seu momento mais provocante, cheio de ritmo e no auge da forma — os “Bad Boys de Boston” em sua fase mais rebelde. Perry brilha com um riff de guitarra sujo e marcante, enquanto Tyler despeja sua poesia frenética e sexual. A música nasceu depois que a banda foi assistir ao novo filme de Mel Brooks, O Jovem Frankenstein (1974), e caiu na risada com a cena em que Marty Feldman e Gene Wilder fazem a piada do “walk this way” (“ande por aqui”). Mas o que começou como uma brincadeira virou um sucesso: a canção entrou para o Top 10, com o baterista Kramer adicionando um ritmo dançante inspirado no funk (ele já havia tocado com as lendas do R&B Tavares). Nos primeiros dias do hip-hop, DJs no sul do Bronx usavam a introdução da música como base para suas mixagens. Em 1986, o grupo Run-D.M.C. a reviveu em uma nova versão — que, embora tenha marcado o início do declínio deles, serviu para ressuscitar a carreira do Aerosmith. “Walk This Way” continua sendo o alicerce de toda a grandiosidade que a banda construiu ao longo de 50 anos. — R.S.
+++ SAIBA MAIS: Futuro incerto do Aerosmith: Joe Perry fala sobre limitações de Steven Tyler
+++ LEIA MAIS: Steven Tyler e Joe Perry tocam juntos pela 1ª vez desde 2023
+++ DESCUBRA: O músico do Aerosmith que superou mais rapidamente o fim da banda
+++ [LISTA]: Os 75 melhores álbuns de 1975
O post As 50 melhores músicas do Aerosmith, segundo Rolling Stone apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
As 50 melhores músicas do Aerosmith, segundo Rolling Stone

Por mais de 50 anos, o Aerosmith tem reinado como os guerreiros supremos do rock & roll americano. Os “Bad Boys de Boston” construíram um dos repertórios mais clássicos de todos os tempos, sem nunca fazer nada do jeito sensato. Eles estouraram nos anos setenta como o carro chefe do blues-metal, os monstros do gênero mais legais de todos: o ataque de guitarra de Joe Perry e Brad Whitford, o ritmo funk de Joey Kramer e Tom Hamilton, a tagarelice suja e desenfreada do maluco/poeta Steven Tyler.
Mas o Aerosmith também reinou como a irmandade mais disfuncional do rock, com cinco personalidades famosamente combativas. Esses caras batalharam, se cansaram, bateram no fundo do poço, mas sobreviveram para fazer um dos retornos mais bizarros da história da música. Nada poderia matar sua química estranha — nem drogas, nem desintoxicação, nem todos aqueles anos de caos do rock & roll. “Cometemos cada erro seis vezes”, Joe Perry disse a Rolling Stone em 2001. “Nós pagamos por toda essa porra. Eu saí da banda, Brad saiu da banda, a gente errou muito, assinamos contratos ruins, tivemos empresários ruins, tivemos bons empresários. Mas durante tudo isso, algo nos manteve juntos.”
Infelizmente, o Aerosmith acabou de ter que anunciar que eles finalmente estão parando como banda de turnê, depois que Tyler fraturou sua laringe no palco. Mas em honra a sua trajetória histórica, vamos celebrar esse legado com um tributo às 50 melhores músicas do Aerosmith. Algumas dessas melodias são mega-hits famosos que todo mundo conhece. Outras são lados B, valorizados por fãs vigorosos. Algumas são hinos de guitarra para bate cabelo; algumas são baladas da MTV. Mas essas 50 melodias clássicas definem o Aerosmith como os mais cruéis, mais sujos e maiores fora-da-lei do hard rock americano. Toque essas músicas alto para sempre, e continue sonhando.

50. ‘Make It’ (1973)
O Aerosmith deu o pontapé inicial em seu álbum de estreia com “Make It“, um dos mais icônicos hinos de “Boa noite, pessoal, bem-vindos ao show” do rock dos anos setenta. Foi uma declaração de missão. Eles tinham acabado de tomar a escolha decisiva de se mudar juntos para Boston, conseguir um apartamento e buscar sua fortuna. “Make It” é a música que Tyler compôs no banco de trás quando a banda dirigiu para lá. “Escrevi ‘Make It‘ num carro dirigindo de New Hampshire para Boston”, ele disse. “Tem aquela colina que você sobe e vê o horizonte de Boston.” Ele escreveu a letra numa caixa de lenços de papel, olhando para a cidade, pronto para perseguir o sonho. Toda a saga do Aerosmith começa aqui. — R.S.
49. ‘S.O.S. (Too Bad)’ (1974)
Este sucesso metálico do álbum Get Your Wings (1974) parece o Aerosmith no seu melhor rosnando. Tyler ronda com uma intensidade feroz. Kramer está segurando suas baquetas ao contrário, batendo com as pontas grossas só para ficar tão alto quanto humanamente possível. Mas é Perry quem rouba o show, com um solo de guitarra afiado numa lâmina de barbear enferrujada. Rápido e irregular, o toque de guitarra de Perry pinga com ameaça proto-metal, combinando com o ritmo maníaco definido pelo estoico deus do baixo Hamilton. O ano de 1974 foi um momento de fazer ou morrer para a banda de Boston, que estava constantemente no cepo da gravadora. “S.O.S.” é uma declaração de intenção de uma banda que sabia que tinha algo a provar — e provou com pura força. — S.G.
48. ‘Kings and Queens’ (1977)
Quem se importa se a letra de Tyler confunde viagens vikings com implementos de execução da revolução francesa? “Kings and Queens” contém uma das melodias mais ousadas e dramáticas do Aerosmith, e a ponte sombria acena para o Pink Floyd tanto quanto para as baladas passadas da banda como “Dream On“. Embora a canção parecesse um deslize comparada a tudo no álbum Rocks (1976) antes dela, em retrospectiva, é um testemunho de como as escolhas musicais certas (como a forma que Tyler geme “Screams of no reply” (“Gritos sem resposta”) podem elevar uma banda a um trono mais alto. — K.G.
47. ‘Fever’ (1993)
Get a Grip (1993) é o som do Aerosmith rasgando pela estrada do roqueiro de meia-idade: famintos por sucessos, mas felizes de estar ali. A produção polida está longe do grunhido de rock de garagem da banda dos anos setenta. Mas até os críticos teriam dificuldade em resistir à atração gravitacional de “Fever“, com sua energia delirante e aquelas harmonias excitadas na ponte. Nunca alguém a recuar de uma metáfora deliciosamente vulgar, Tyler canta: “The buzz that you’re getting from the crack don’t last, I’d rather be OD’ing in the crack of her ass.” (“O barato que você está tendo com o crack não dura, eu preferiria estar em overdose na fenda da bunda dela.”) É o Tyler clássico, regozijando-se na sacanagem e no absurdo de tudo, que é tudo que podemos pedir. — S.G.
46. ‘Remember (Walking in the Sand)’ (1979)
O Aerosmith abriu 1979 com Night in the Ruts (1979) olhando para trás em seu apogeu com “No Surprize“. O único lançamento do álbum de fraco desempenho foi outro gesto nostálgico, uma versão da obra-prima operística de grupo feminino das Shangri-Las de 1964, “Remember (Walking in the Sand)“, reformulada como uma grande balada de metal de arena. Pode ter parecido uma escolha estranha para os fãs do Aerosmith, mas conectava-se às raízes rock’n’roll novaiorquinas de Tyler. Ele tinha visto as Shangri-Las se apresentarem ao vivo antigamente, e a cantora das Shangri-Las, Mary Weiss, forneceu vocais de apoio (sem créditos) na versão do Aerosmith. — J.D.
45. ‘East Coast, West Coast’, do The Joe Perry Project (1981)
Perry deixou o Aerosmith em 1979 e formou rapidamente o The Joe Perry Project, argumentando que o vocalista da banda Ralph Mormon era um cantor melhor que Tyler, incluindo nas músicas do Aerosmith que Perry teimosamente manteve no repertório de sua nova banda. Mormon saiu após o surpreendentemente bom álbum de estreia de 1980, Let the Music Do the Talking, para ser substituído pelo cantor e compositor local Charlie Farren, que trouxe a sublime joia de metal pop “East Coast, West Coast” para o segundo LP do Project, I’ve Got the Rock and Rolls Again (1981). Estava no repertório da banda quando eles entraram em turnê em 2023, desta vez com Gary Cherone do Extreme nos vocais. — J.D.

44. ‘The Reason a Dog’ (1985)
“The reason a dog has so many friends? He wags his tail instead of his tongue.” (“A razão de um cachorro ter tantos amigos? Ele abana o rabo em vez da língua.”) Muito gentil da parte de Tyler oferecer dicas de etiqueta sobre manter a boca fechada, mas obviamente, ele nunca tentou seguir seu próprio conselho. “The Reason a Dog” é uma mistura enxuta e malvada de Done With Mirrors (1985), o álbum onde eles se reuniram com Perry e Whitford, aprendendo tudo de novo sobre como escrever músicas do Aerosmith. “Não quero que os fãs pensem que somos garotos americanos limpos e honrados”, disse Perry a Rolling Stone. “Mas somos americanos, e nós ficamos de pé.” Dois anos antes de Permanent Vacation (1987), é aqui que o verdadeiro retorno do Aerosmith começa. — R.S.
43. ‘Woman of the World’ (1974)
“Woman of the World” é uma entrada curiosa na obra do Aerosmith — uma das poucas faixas de blues-rock que celebra uma rica dona de gatos sem filhos com talento para receber visitas. Tyler canta suavemente: “She’s got big-eyed cats, she’s got coats of sable.” (“Ela tem gatos de olhos grandes, ela tem casacos de zibelina.”) Depois acrescenta: “She seats 44 at her dinner table,” (“Ela acomoda 44 em sua mesa de jantar”), sobre um ritmo de blues que é hipnótico e expansivo. O vocal de Tyler tem um toque distante e tranquilo, mesmo enquanto ele claramente continua trabalhando para imitar seu herói, James Brown. “Woman of the World” captura o Aerosmith num momento de formação, onde Perry e Tyler estavam apenas começando a descobrir sua dinâmica, mas já capazes de criar algo que transcendia suas influências. — S.G.
42. ‘Home Tonight’ (1976)
A confiança do Aerosmith estava tão alta em 1976 que eles decidiram encerrar Rocks superando Elton John. (É justo, já que Rock of the Westies de 1975 de Elton era basicamente sua versão de um álbum do Aerosmith.) “Home Tonight” é uma balada grandiosa de piano, vindo como um final surpresa em Rocks após um álbum inteiro de suas guitarras mais pesadas. Tyler se despede da audiência, com harmonias polidas até brilharem. Whitford fecha com seus solos de guitarra inflexivelmente ferozes — uma bela combinação. — R.S.
41. ‘Bolivian Ragamuffin’ (1982)
Esses foram os anos perdidos da banda no deserto, sem Perry ou Whitford. Mas “Bolivian Ragamuffin” é uma estranheza bizarra deliciosamente fora do padrão do Lado A de Rock in a Hard Place (1982). É a única vez que o Aerosmith tentou copiar o Rush, com Tyler reclamando sobre uma batida tirada direto de “The Spirit of Radio” — uma influência improvável, mas uma encruzilhada surpreendentemente bacana entre Megadon e “Mama Kin“. “Bolivian Ragamuffin” prova que até os álbuns mais ruins do Aerosmith geralmente têm pelo menos alguns tesouros enterrados — se você tiver estômago para caçá-los. (E se você está procurando neste álbum, não ignore “Joanie’s Butterfly.”) —R.S.
40. ‘Come Together’ (1978)
O musical cinematográfico de 1978 Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band foi uma catástrofe tão épica que quase destruiu as carreiras de Peter Frampton e dos Bee Gees perto do auge absoluto de sua fama. A única coisa boa que saiu dele foi a versão do Aerosmith de “Come Together“, que eles tocam durante um momento tipicamente incompreensível no filme onde Frampton e os Bee Gees tentam resgatar uma mulher amordaçada e amarrada a uma placa de neon. Termina com Frampton e Tyler brigando no palco, mas não importa. A música foi o último sucesso deles antes de Run-D.M.C. trazê-los de volta do esquecimento quase uma década depois. — A.G.
39. ‘I Don’t Want to Miss a Thing’ (1998)
Existem dois tipos de pessoas neste mundo: aquelas que veem “I Don’t Want to Miss a Thing” como uma balada poderosa açucarada e piegas que o Aerosmith nem escreveu, e aquelas que acham que é uma de suas melhores músicas dos anos 90 — uma balada irmã linda e épica de “Angel“. Embora seja verdade que Diane Warren escreveu o tema de Armageddon de 1998, ela admitiu que a banda e o produtor Matt Serletic foram responsáveis pelo gigante que se tornou. “Aquilo foi Steven sendo Steven, fazendo a merda legal que só ele pode fazer”, disse Warren, elogiando o arranjo de cordas e as oitavas dramáticas. “Lembro da primeira vez que ouvi e fiquei literalmente derrubada da minha cadeira de quão ótimo aquilo era.” —A.M.
38. ‘The Other Side’ (1989)
Ninguém consegue fazer “mmm-mmm-mmm” como Tyler. Combinado com a caixa de Kramer, a onomatopeia de Tyler anunciou a chegada do que é indiscutivelmente a faixa mais cativante de Pump (1989). É tão simples quanto o rock do fim dos anos 80 ficou, entre o baixo sem frescura de Hamilton, metais simples e brilhantes, e clichês fazendo papel de letras (“Between the devil and the deep blue sea!”; “Entre o diabo e o mar azul profundo!”). Não importa, “The Other Side” é irresistível — talvez demais. Os compositores de “Standing in the Shadow of Love” dos Four Tops ameaçaram ação legal pela melodia excessivamente similar do Aerosmith, resultando num crédito Holland/Dozier/Holland ao lado de Tyler e seu coautor Jim Vallance. —J.H.
37. ‘Combination’ (1976)
Nenhuma música no rock & roll incorpora a ideia de estar “elegantemente arrasado” como esta contribuição de Perry para Rocks (1976). A letra “Walking on Gucci, wearing Yves St. Laurent/barely staying on cause I’m so goddamn gaunt” (Andando de Gucci, vestindo Yves St. Laurent/mal conseguindo ficar em pé porque estou tão terrivelmente magro) expôs a elegância de estrela do rock. Perry na verdade faz mais do que apenas harmonizar com Tyler na música: ele canta a voz principal, quase. Em suas memórias, o guitarrista observou o ciúme que experimentava de seus companheiros de banda toda vez que se aproximava dos holofotes. “Depois de um tempo, porém, a banda cedeu e me apoiou, contanto que eu cantasse a música como uma espécie de dueto com Steven”, escreveu Perry sobre “Combination“. “Até hoje, [eu] fico surpreso com a frequência com que me pedem para tocá-la ao vivo.” —J.H.
36. ‘My Fist Your Face’ (1985)
Ninguém esperava nada do álbum de reunião do Aerosmith, Done With Mirrors (1985). Muito menos eles. “Sei que todo mundo vai perguntar se voltamos a ficar juntos por dinheiro”, disse Perry à Rolling Stone em 1984. “E é claro que sim.” No entanto, tinha sinais surpreendentes de vida, como esta pequena vinheta de briga de bar matadora. “My Fist Your Face” era punk o suficiente para os The Replacements tocarem na turnê de Tim (1985), plenamente conscientes de que nenhum de seus fãs a conheceria. “Os Quiet Riots e todos aqueles caras com couros e tachas e as pilhas de amplificadores Marshall que não estão ligados é melhor tomarem cuidado”, alardeou Perry. “Nós somos a banda sobre a qual sua mãe avisou você.” —R.S.
35. ‘You See Me Crying’ (1975)
Esta joia poderosa mostrou a banda experimentando como fazer a vulnerabilidade bater tão forte quanto sua pestana de guitarra mais pesada — uma habilidade que os serviria bem quando depois invadiram as paradas pop. Tyler pressionou a banda a gastar numa orquestra de 100 peças e assumiu o comando dos arranjos. É uma peça de piano enganosamente complexa, com mudanças de compasso e oscilações dinâmicas que combinam perfeitamente com a extensão vocal sobrenatural de Tyler. No entanto, apesar de todas as suas complexidades, “You See Me Crying” quase se perdeu na névoa dos excessos notórios da banda. Conta-se que Tyler — profundamente em estado alterado — uma vez ouviu a música no rádio e sugeriu que eles a regravassem, apenas para Perry responder: “Somos nós, cabeça de merda.” —S.G.

34. ‘Lightning Strikes’ (1982)
O Aerosmith estava totalmente fora de sincronia com as tendências de 1982, quando fizeram Rock in a Hard Place — isso mesmo, o álbum onde eles acharam que era legal colocar Stonehenge na capa. This Is Spinal Tap (1984) veio dois anos depois, e sim, Steven Tyler levou para o lado pessoal. Mas mesmo sem Joe Perry, o álbum tinha guitarras cruéis dos firmes substitutos Rick Dufay (pai da Minka Kelly!) e Jimmy Crespo. “Lightning Strikes” tem aquele velho poder de riff chicoteante e os jogos de palavras de Tyler, quando ele ameaça “ler seus direitos fúnebres.” —R.S.
33. ‘Dude (Looks Like a Lady)’ (1987)
Houve um tempo, não muito tempo atrás, quando você podia chamar uma música de “Dude (Looks Like a Lady)” e era totalmente socialmente aceitável. Na verdade, este foi o grande single do álbum que restabeleceu o Aerosmith como produtores de sucessos dos anos 80 depois que seu remake de “Walk This Way” com Run-D.M.C. ajudou a apresentá-los à geração MTV. Para conseguir a sagacidade pop de que precisavam, a banda se juntou a Desmond Child, recém-saído de seu trabalho mega-platinado com Bon Jovi. As letras foram inspiradas em eventos da vida real — ou seja, Tyler bêbado vendo uma loira gostosa de trás e então ficando chocado quando ela/ele acabou sendo o cantor do Mötley Crüe, Vince Neil. —J.D.
32. ‘Draw the Line’ (1977)
O Aerosmith tinha feito um álbum por ano durante quatro anos quando chegaram a Draw the Line de 1977, e seu esgotamento e consumo de drogas deram ao quinto álbum uma sensação única de desespero danificado. Com seu riff brutamontes e produção turva e nem-aí, a faixa-título soa mais cruel que muito do punk-rock surgindo no mesmo ano. Tyler explicou a letra “Carrie… was a wet-nap winner” assim: “Bem, um wet nap é algo com que você limpa bundas de bebês. Antigamente, se você tivesse sorte o suficiente de pegar uma aeromoça num avião e você saísse do banheiro, tudo que você tinha para limpar era um wet nap.” —J.D.
31. ‘Adam’s Apple’ (1975)
Deixe com o Aerosmith pegar a saga de Adão e Eva e torná-la ainda mais picante nesta faixa obscura de Toys in the Attic (1975). Sobre uma baixaria de guitarra martelante, Tyler apresenta sua própria teoria de possível intervenção alienígena (a “nave-mãe” que vem “do céu”), mas o que se segue poderia fazer um extraterrestre corar. Adão se delicia no “fruto doce e amargo” de Eva, e ela mesma “comeu — Senhor, foi amor à primeira mordida.” Ainda assim, o mais fascinante sobre “Adam’s Apple” é a solenidade com que Tyler a encara, até lamentando a maneira como “o mal veio como chuva” depois que são expulsos do Jardim do Éden. Bastou o fim da inocência do homem para assustar Tyler. —D.B.
30. ‘Let the Music Do the Talking’ (1985)
Nos anos em que o Aerosmith estava brigando com Perry, foi o guitarrista quem realmente manteve a chama acesa. Todos os três álbuns de seu Projeto Joe Perry ainda são guardados. (Podemos receber um amém para “Black Velvet Pants“? “South Station Blues“? Que tal “I’ve Got the Rock & Rolls Again“?) Mas o auge foi sua música-título arrasadora de 1980 Let the Music Do the Talking. Então, quando Perry voltou ao Aerosmith, eles sabiamente a reviveram como o single e faixa de abertura de Done With Mirrors de 1985. Um caso raro desta banda tomar uma decisão sensata de carreira. —R.S.
29. ‘Chip Away the Stone’ (1978)
O grande sucesso perdido do Aerosmith, um favorito cult valorizado por conhecedores fervorosos. “Chip Away the Stone” é uma valentia rude de country ao estilo Skynyrd, escrita pelo amigo e colaborador de longa data Richie Supa. Como single ao vivo, fracassou no número 77, quebrando sua sequência de sucessos no Top 40. Mas a versão de estúdio muito superior foi enterrada no Lado B, e nem sequer apareceu num álbum até uma década depois, na coletânea Gems (1988). Uma banda mais sensata teria escolhido a “Chip Away the Stone” de estúdio como o single — poderia ter sido o sucesso de rádio salvador de carreira de que eles desesperadamente precisavam. Mas em 1978, Aerosmith e sanidade nem estavam conversando. —R.S.
28. ‘Crazy’ (1993)
Pelos padrões de hoje, escalar sua filha de 16 anos como uma estudante de colegial sexy num vídeo onde ela nada nua, entra num concurso numa casa de strip, e dirige por aí de sutiã ao lado de outra garota má adolescente, interpretada por Alicia Silverstone, parece bem perturbador. Bem, era perturbador em 1993, mas o Aerosmith não dava a mínima. O vídeo transformou Liv Tyler (que tinha acabado de descobrir que Steven Tyler era seu pai) numa estrela, e transformou “Crazy” em mais um sucesso gigante de Get a Grip (1993). —A.G.
27. ‘Big Ten Inch Record’ (1975)
O Aerosmith já tinha regravado “Train Kept a Rollin’” e “Walkin’ the Dog” em álbuns anteriores, mas há algo especialmente comovente em ouvir a banda que deu ao mundo “Back in the Saddle” e “Lord of the Thighs” prestar homenagem às raízes do rock de duplo sentido com sua versão boogie-woogie do clássico blues fálico de 1952 de Bull Moose Jackson. Eles mandam com afeto real, caras do rock pesado prestando homenagem a um precursor estético. —J.D.
26. ‘Rats in the Cellar’ (1976)
Um ano depois de “Toys in the Attic“, o Aerosmith virou a casa da diversão de cabeça para baixo para a sequência, “Rats in the Cellar“. Mas é um conto mais sombrio e sinistro, capturando o momento em que todos os cinco membros da banda estavam acelerando em direção ao desastre. “‘Rats‘ é mais como o que estava realmente acontecendo”, Tyler recordou em seu livro de memórias Does the Noise in My Head Bother You? (2004) “As coisas estavam desmoronando, a sanidade estava fugindo para o sul, a cautela foi jogada ao vento, e aos poucos o caos estava se mudando permanentemente.” —R.S.

25. ‘Angel’ (1987)
O Aerosmith não era uma banda de hair metal. Mas eles tiraram uma página do manual do hair metal ao seguir um hino de rock, “Dude (Looks Like a Lady)“, com uma balada de amor, “Angel“, ao escolher singles de Permanent Vacation (1987). Escrita por Tyler e Desmond “Livin’ on a Prayer” Child, a música solidificou um dos retornos mais improváveis da história do rock ao atingir o Número Três na Billboard Hot 100. Isso pode ter horrorizado fãs da velha guarda que ainda se apegavam aos seus antigos fitas oito-track de Toys in the Attic (1975) e Rocks (1976), mas este era o Aerosmith para uma nova geração. —A.G.
24. ‘Lord of the Thighs’ (1974)
“Lord of the Thighs” é uma faixa tão mergulhada em baixaria que praticamente deixa uma mancha no seu toca-discos. Mas por baixo da sujeira, há a batida embrionária que eventualmente evoluiria para “Walk This Way“. O trabalho de pés de Kramer no bumbo, perfeitamente sincronizado com o riff serpenteante de guitarra de Perry, estabelece uma batida tão primitiva quanto precisa: apenas dois e quatro por cima, com colcheias nos chimbal impulsionando o ritmo. Da lama surgiu um som perturbador e estranhamente sedutor — uma batida gritante que enredaria gerações de guitarristas de rock vindouros. —S.G.
23. ‘Nobody’s Fault’ (1976)
No início, o Aerosmith às vezes era descartado como uma imitação dos Stones, mas este tesouro enterrado de Rocks (1976), escrito por Tyler e Whitford, prova que eles podiam acenar para o Led Zeppelin com desenvoltura genuína. Tyler empurra sua voz para guinchar como Plant, e as guitarras e a pancada de bateria do martelo dos deuses são puro Page e Bonham. Adicione provavelmente as letras mais sombriamente apocalípticas que a banda já escreveu — conjurando terremotos, casas desabadas, pássaros batendo asas desesperadamente, e Terras Santas em decomposição — e você tem um verdadeiro apocalipse santo de arrepiar. (E foi só coincidência que o Zeppelin lançou “Nobody’s Fault But Mine” no mesmo ano?) —D.B.
22. ‘Same Old Song and Dance’ (1974)
O primeiro single de Get Your Wings de 1974 era tudo menos a mesma velha história. Os Bad Boys de Boston estão particularmente ferozes aqui, apoiando-se pesadamente no riff forte de Perry e nas rimas cantadas de Tyler sobre matar, cocaína e um juiz com “prisão de ventre” que vai até a cabeça. “Get yourself cooler, lay yourself low/coincidental murder with nothing to show” (Fique mais frio, abaixe-se/assassinato coincidente sem nada para mostrar), grita Tyler para abrir a faixa, que aparecia frequentemente no repertório da banda: eles a tocaram pela primeira vez em 1973, e novamente 50 anos depois em Pittsburgh — no que seria a penúltima apresentação ao vivo do Aerosmith. —J.H.
21. ‘Livin’ on the Edge’ (1993)
Uma dose sóbria de comentário social após a agitação civil em Los Angeles que seguiu quatro policiais espancando Rodney King em 1992, “Livin’ on the Edge” encontra Tyler espiando no abismo sem muita esperança. “Estamos vivendo no limite”, canta Tyler, enquanto os vocais de fundo o provocam: “Você não pode evitar de cair.” É um problema sem solução, mas o Aerosmith fez soar ótimo com a guitarra de sino de Perry e alguns toques country. Além disso, a música tem um dos vídeos mais malucos dos anos 90, apresentando o garoto de O Exterminador do Futuro 2 (1991) jogando fora uma embalagem de camisinha, Perry desviando de um trem em disparada, e a glória que é Steven Tyler nu. —K.G.

20. ‘No Surprize’ (1979)
No final dos anos 1970, com a banda desmoronando, os garotos do Aerosmith dão uma olhada para trás em seu auge. “No Surprize” é uma das músicas mais cruéis e engraçadas de “como a banda começou” em todo o mundo do rock, um passeio sardônico pelos seus primeiros dias: tocando em botecos, se deliciando na baixaria de Nova York do Max’s Kansas City, assinando na linha pontilhada com Clive Davis, conseguindo drogas com os policiais. Tyler rosna sobre ser enganado pelos tubarões da indústria, perguntando: “Se japoneses podem ferver chás, então onde diabos estão meus royalties?” Na guitarra, Perry soa como o rei do mundo. Mas quando esta música foi lançada, ele estava fora da banda. —R.S.
19. ‘Jaded’ (2001)
A última grande música do Aerosmith, e seu último sucesso, chegando ao Número Sete no início de 2001. Tudo sobre “Jaded” foi impecável, incluindo o timing — estava no Top 10 na semana em que foram incluídos no Hall da Fama do Rock & Roll. De todos os veteranos no Hall, quantos podem se vangloriar de ter tido um novo sucesso estrondoso para tocar na cerimônia, muito menos um tão grande? (Eles deixaram Justin Timberlake cantar o refrão no Super Bowl — essa foi uma decisão nteressante.) “Jaded” é um envio agridoce às suas três primeiras décadas, com Tyler lamentando: “Meu, meu baby blue.” Linda, elegíaca, mas sem sentimentalismo — uma maneira graciosa de completar um dos melhores repertórios do rock. —R.S.
18. ‘What It Takes’ (1989)
Embora este destaque de Pump de 1989 seja considerado uma balada poderosa, tem muito mais em comum com uma música country de varanda. Credite isso à entrega descontraída de Tyler, à presença sutil de acordeão, e ao fato de que, em seu núcleo, é uma música de separação à moda antiga. A banda até a apresenta num bar caipira no vídeo oficial (embora sejamos sempre parciais à versão alternativa no estúdio). Escrita por Tyler e Perry com Desmond Child, o mestre da balada poderosa, “What It Takes” foi um ponto alto toda vez que o Aerosmith a tocou ao vivo, com Tyler provocando a plateia — “Não, não, assim” — antes de guinchar o “lance de dados” final. —J.H.
17. ‘Sick as a Dog’ (1976)
“Sick as a Dog” é um destaque esquecido de Rocks (1976), mas é o Aerosmith em seu mais musicalmente feroz e emocionalmente cru, com harmonias assombrosas e o arranjo de guitarra metal-estilo-Byrds de Hamilton. Tyler canta sobre duas crianças perdidas na estrada, longe de casa, tentando manter uma à outra vivas através de uma longa noite de drogas e desespero. Enquanto ele implora: “You’re the only friend I got/You’ll be the last to see me rot.” (Você é o único amigo que tenho/Você será o último a me ver apodrecer) A música termina com palmas, diretamente do manual das Shangri-Las. Eles editaram “Sick as a Dog” ao vivo no estúdio, com Hamilton na guitarra e Perry no baixo. No último minuto, Perry passou o baixo para Tyler e terminou a música na guitarra, enquanto a fita continuava rodando. — R.S.
16. ‘Cryin” (1993)
Não havia muitas estrelas do rock na casa dos 40 anos na MTV em 1993. É por isso que o Aerosmith fez a escolha brilhante de escalar Alicia Silverstone de 17 anos como a estrela do vídeo de “Cryin’“, o terceiro single de Get a Grip (1993). O vídeo onde ela interpreta uma namorada rejeitada que se vinga do homem traidor tocou na MTV em um loop quase constante por meses, disparando a música para o Número Um na Billboard Hot 100, e ajudando Get a Grip a vender impressionantes 20 milhões de discos no mundo todo. Foi tão bem-sucedido que Silverstone estrelou os próximos dois vídeos do Aerosmith, o que a ajudou a conseguir o papel principal num filmezinho chamado As Patricinhas de Beverly Hills (1995). — A.G.

15. ‘Train Kept a Rollin” (1974)
No início, a pérola do blues “Train Kept a-Rollin’” era filha de Tiny Bradshaw, que gerou a versão acelerada de Johnny Burnette, que gerou a versão do Yardbirds de Blowup (1966), que gerou a versão conduzida pelo Led Zeppelin, que gerou a versão de parar o trânsito do Aerosmith, transformando esse trem no Novo Testamento do rock pesado do rádio FM. Embora a banda tenha estreado uma versão de estúdio de cinco minutos e meio da música em Get Your Wings (1974), a música sempre soava melhor no palco, onde eles aceleravam e desaceleravam como se o trem estivesse vivo e fora de controle e pronto para arrasar, assim como o Aerosmith. — K.G.
14. ‘Lick and a Promise’ (1976)
Era divertido assim ser o Aerosmith nos anos 70, até que não foi mais. “Lick and a Promise” é uma explosão em série de Rocks (1976), com Whitford e Perry arrasando em seu modo característico rápido e pesado. O ritmo maníaco e o caos químico já estavam os alcançando — como Perry disse: “Começamos como uma banda de rock brincando com drogas, depois nos tornamos uma banda de drogas brincando com rock.” Mas nesta empolgação desenfreada, eles continuam dançando no limite — uma das músicas mais puramente alegres que o Aerosmith já fez. Aquele gancho “na-na-na-na-na” era tão indelével que eles o reciclaram anos depois no refrão de seu sucesso de 2001 “Jaded“. — R.S.
13. ‘Amazing’ (1993)
O Aerosmith atingiu o zênite de sua era de baladas poderosas dos anos 90 com “Amazing“, conquistando a MTV com sua icônica trilogia Alicia Silverstone. “Amazing” veio entre “Cryin’” e “Crazy“, mas, como O Poderoso Chefão, esta é uma trilogia que atinge o pico no capítulo do meio. O vídeo tinha um tema de “ciberespaço” bastante bobo — talvez não o melhor uso das habilidades dramáticas de Silverstone, tão adequadas para chutar bandidos na calçada. Mas é uma meditação ao piano genuinamente comovente sobre sobriedade e o trabalho duro necessário para se manter firme. “Amazing” dispara para os céus nos minutos finais, com um longo, amplo e glorioso solo de guitarra de Perry. — R.S.
12. ‘Rag Doll’ (1988)
Para o terceiro single de Permanent Vacation (1988), o Aerosmith recorreu ao médico de músicas de Bryan Adams, Jim Vallance, coautor de “Run to You“, “Cuts Like a Knife” e “Summer of ’69“. Ele os ajudou a criar esta fusão propulsora de blues rock e metal hair, completa com guitarra slide e uma seção de metais. Eles originalmente a chamaram de “Ragtime“, mas Holly Knight (coautora de “Love Is a Battlefield” de Pat Benatar) sugeriu que mudassem para “Rag Doll“. O vídeo se passa num universo onde Tyler aparentemente está tendo casos com todas as jovens mulheres de uma rua suburbana. — A.G.
11. ‘Last Child’ (1976)
Cheia de funk, suja e inconfundivelmente Aerosmith, “Last Child” é um sonho febril presunçoso e sulista e o coração caipira de sua obra-prima de blues pesado Rocks (1976). Whitford coescreveu a música e a construiu em torno de seu riff de guitarra encardido que é tão contagioso que basicamente tem sido um gatilho pavloviano para públicos de shows desde então. A seção rítmica — Kramer na bateria, Hamilton no baixo — estabelece uma fundação “funkificada” que dá a Tyler todo o espaço que ele precisa para sua poesia maluca de varanda: “Can’t catch no dose of my hot tail poon tang sweetheart sweat hog” (Não consigo pegar nenhuma dose da minha gostosa poon tang querida porco suado). No mundo do Aerosmith, onde sentido e absurdo tendem a se confundir, tudo simplesmente funciona. — S.G.
10. ‘Love in an Elevator’ (1989)
Ao longo da história do rock, artistas escreveram músicas inescrutáveis onde o significado lírico fica a critério do ouvinte. “Love in an Elevator” não é uma delas. É sobre Tyler desfrutando de relações carnais num elevador. Se houvesse alguma dúvida sobre isso, o que seria quase impossível considerando o título e cada palavra da música, ela começa com uma operadora de elevador dizendo: “Bom dia Sr. Tyler, indo… para baixo?” (Ela está se referindo tanto ao movimento do elevador quanto fazendo uma referência velada a sexo oral.) Lançada no auge do movimento hair metal, a música se encaixou perfeitamente com novos lançamentos de Poison, Mötley Crüe e Warrant, e deu ao Aerosmith o single de abertura perfeito para Pump (1989). — A.G.
9. ‘No More No More’ (1975)
A declaração existencial definitiva do Aerosmith, sobre a jornada insana e interminável de tocar numa banda de rock & roll. Tyler soa como um vampiro cansado da estrada quando grita: “Ain’t seen the daylight since I started this band.” (Não vejo a luz do dia desde que comecei esta banda.)” – uma frase boa o suficiente para os Beastie Boys roubarem em “No Sleep ‘Til Brooklyn”. “No More No More” é um turbilhão de Holiday Inns, bares enfumaçados, noites tardias, estranhos drogados e a ida de carro para a próxima cidade, com um tom melancólico nos floreios acústicos. Perry conta seu lado da história, se estendendo nos minutos finais para seu solilóquio de guitarra mais elegíaco. — R.S.
8. ‘Seasons of Wither’ (1974)
Deprimente, cara. Esta balada química zonza revela o espírito sensível escondido por trás da presunção de “Lord of the Thighs” da banda. Tyler a escreveu num Halloween quando estava morando numa fazenda de galinhas em Vermont com o baterista Kramer. “Desci para o porão, queimei um incenso e peguei este violão que Joey tinha encontrado num lixão em algum lugar”, Tyler recordou em 1991. “Estava afinado bem mal, e tinha um tom especial. E aquela afinação forçou aquela música para fora.” “Seasons of Wither” tinha uma gravidade proto-grunge muito além do que as pessoas presumiam que esta banda poderia alcançar. Você pode praticamente sentir os ventos frios da Nova Inglaterra se aproximando. — R.S.
7. ‘Toys in the Attic’ (1975)
Com seus riffs de locomotiva e melodias cheias de teias de aranha, “Toys in the Attic” arrasa tanto que é fácil perder o quão profunda ela é. Letras como “Leaving the things that you love from mind/All of the things that you learned from fears/Nothing is left for the years” (Deixando as coisas que você ama longe da mente/Todas as coisas que você aprendeu com medos/Nada sobra para os anos) são poéticas de uma maneira similar ao refrão “Turn off your mind/Relax, and float downstream/It is not dying” (Desligue sua mente/Relaxe e flutue rio abaixo/Não é morrer) na artística “Tomorrow Never Knows” dos Beatles. Mas como o Aerosmith toca direto com abandono de invadir-os-portões-do-Inferno, e Tyler transformou o refrão “Toys! Toys! Toys… in the attic” (Brinquedos! Brinquedos! Brinquedos… no sótão) num erguedor de cerveja sob medida nos shows, o hippismo psicodélico de tudo é fácil de digerir. “Joe [Perry] estava só fazendo um riff, e eu comecei a gritar: ‘Toys, toys, toys… ‘”, Tyler lembrou. “Orgânico, imediato, contagioso… incrível pra caralho. Mais uma vez, os Gêmeos Tóxicos cavalgam para o pôr do sol… desta vez, o pôr do sol do sótão.” — K.G.
6. ‘Mama Kin’ (1973)
“Mama Kin” era o hino que definia o estilo de vida do Aerosmith. Tyler a escreveu antes de entrar para a banda, um sábio hippie místico preso no corpo de uma estrela do rock. “As pessoas sempre perguntam: ‘O que é ‘mama kin’?’” ele disse a Rolling Stone em 2001. “É a mãe de tudo. É o desejo de escrever música, o desejo de transar, de passar pelo relacionamento com uma garota, ou o que quer que seja. Manter contato com mama kin significa manter contato com os velhos espíritos que te levaram até lá para começar.” Tyler era tão devotado à sua mensagem espiritual que tatuou “MA KIN” no braço. Magricelo que é, ele não tinha braço suficiente para caber o título inteiro. — R.S.

5. ‘Janie’s Got a Gun’ (1989)
“Janie’s Got a Gun” se destaca como um dos triunfos mais improváveis do rock. Em 1989, enquanto surfavam alto numa onda de seu ressurgimento comercial, o Aerosmith lançou esta obra noir audaciosa — um conto sem rodeios de vingança, incesto e assassinato. A faixa abre com um prelúdio assustador de gongo de vento e harmônica de vidro, antes de Tyler soltar seu uivo do ponto de vista de uma garota traumatizada. Nada disso deveria ter funcionado — mas contra todas as probabilidades concebíveis, se tornou um dos maiores sucessos da década. Rendeu ao Aerosmith um Grammy e, graças ao vídeo musical que tomou conta da MTV, dirigido por um David Fincher pré-Clube da Luta (1999), relevância cultural renovada. A habilidade de Tyler de habitar a psique de personagens improváveis estava em plena exibição — uma abordagem narrativa que ele empregou em faixas anteriores como “Uncle Salty“, onde ele deu voz a um menino órfão abusado. Mas com “Janie“, ele mergulha ainda mais fundo em seu medo e raiva, entregando o que pode ser a interpretação vocal mais poderosa de sua carreira. — S.G.
4. ‘Back in the Saddle’ (1976)
Perry escreveu o riff enrolado e retumbante de “Back in the Saddle” em seu baixo de seis cordas, deitado de costas em seu quarto enquanto drogado. “Foi uma daquelas músicas que realmente abriu as coisas para nós”, ele recordou depois. “Back in the Saddle” abre o álbum clássico de 1976 do Aerosmith, Rocks, o melhor álbum de hard- rock americano dos anos 1970. Tyler amarrou pandeiros em suas pernas para soar como esporas tilintantes quando ele pisava com o groove ameaçador e enganosamente complexo da música enquanto cantava suas letras de cowboy sexual, e eles até trouxeram um chicote para o estúdio. Essas teatralidades os colocaram no clima para atingir o ideal Platônico de majestade de fora-da-lei vagabundo. — J.D.
3. ‘Dream On’ (1973)
Tyler tinha apenas 24 anos quando gravou “Dream On“, mas soava três vezes mais velho com a maneira que gritava sobre ver rugas em seu rosto e lamentando em letras como: “Você tem que perder para saber como ganhar.” A música de alguma forma se tornou o maior sucesso do Aerosmith dos anos 1970. Mas no contexto da carreira de blues-rock da banda, é sua música menos “Aerosmithiana”, já que Tyler passa a maior parte dela numa viagem ruim, apertando as teclas de seu cravo e cantando em sua voz natural mais grave (embora ele eleve as coisas a um grito demoníaco no final). “Quando escrevi ‘Dream On‘, pensei: ‘De onde isso veio?’” Tyler disse a Rolling Stone. “Não questionei. Quando leio as letras agora, para um cara que estava chapado, estúpido e babando, consegui tirar algo de lá: ‘O passado se foi/Passou como o crepúsculo ao amanhecer.’” Para o Aerosmith, foi um começo improvável. — K.G.
2. ‘Sweet Emotion’ (1975)
Em 1975, o Aerosmith já tinha lançado dois álbuns e tinha legado ao mundo futuros clássicos como “Dream On” e “Mama Kin“. Mas “Sweet Emotion“, o primeiro single lançado de Toys in the Attic (1975), parecia algo diferente — o começo de um Aerosmith mais sólido, mais ousado e mais confiante, tomando forma diante de nossos ouvidos. Não é apenas a autoconfiança inabalável com que a banda toca, mas a maneira como “Sweet Emotion” mistura perfeitamente sagacidade pop (aquela frase do título) com aspereza do rock (aqueles versos e a participação de talk-box de Perry). É uma receita que os sustentaria por várias décadas mais. No estilo tipicamente bagunçado do Aerosmith, a música foi parcialmente inspirada por um momento de caos da banda: Tyler estava com raiva de Perry, e da então esposa de Perry, por não compartilharem suas drogas com ele e descarregou sua fúria nas letras (“Você fala sobre coisas que ninguém se importa/Vestindo coisas que ninguém usa”). Mas como frequentemente faziam, a banda e o produtor Jack Douglas conseguiram juntar tudo no estúdio. Com a vulcânica “Sweet Emotion“, o Aerosmith sentiu que estava verdadeiramente pronto para conquistar não apenas bares e clubes, mas o mundo. — D.B.
1. ‘Walk This Way’ (1975)
“Walk This Way” mostra o Aerosmith em seu momento mais provocante, cheio de ritmo e no auge da forma — os “Bad Boys de Boston” em sua fase mais rebelde. Perry brilha com um riff de guitarra sujo e marcante, enquanto Tyler despeja sua poesia frenética e sexual. A música nasceu depois que a banda foi assistir ao novo filme de Mel Brooks, O Jovem Frankenstein (1974), e caiu na risada com a cena em que Marty Feldman e Gene Wilder fazem a piada do “walk this way” (“ande por aqui”). Mas o que começou como uma brincadeira virou um sucesso: a canção entrou para o Top 10, com o baterista Kramer adicionando um ritmo dançante inspirado no funk (ele já havia tocado com as lendas do R&B Tavares). Nos primeiros dias do hip-hop, DJs no sul do Bronx usavam a introdução da música como base para suas mixagens. Em 1986, o grupo Run-D.M.C. a reviveu em uma nova versão — que, embora tenha marcado o início do declínio deles, serviu para ressuscitar a carreira do Aerosmith. “Walk This Way” continua sendo o alicerce de toda a grandiosidade que a banda construiu ao longo de 50 anos. — R.S.
+++ SAIBA MAIS: Futuro incerto do Aerosmith: Joe Perry fala sobre limitações de Steven Tyler
+++ LEIA MAIS: Steven Tyler e Joe Perry tocam juntos pela 1ª vez desde 2023
+++ DESCUBRA: O músico do Aerosmith que superou mais rapidamente o fim da banda
+++ [LISTA]: Os 75 melhores álbuns de 1975
O post As 50 melhores músicas do Aerosmith, segundo Rolling Stone apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
As 50 melhores músicas do Aerosmith, segundo Rolling Stone

Por mais de 50 anos, o Aerosmith tem reinado como os guerreiros supremos do rock & roll americano. Os “Bad Boys de Boston” construíram um dos repertórios mais clássicos de todos os tempos, sem nunca fazer nada do jeito sensato. Eles estouraram nos anos setenta como o carro chefe do blues-metal, os monstros do gênero mais legais de todos: o ataque de guitarra de Joe Perry e Brad Whitford, o ritmo funk de Joey Kramer e Tom Hamilton, a tagarelice suja e desenfreada do maluco/poeta Steven Tyler.
Mas o Aerosmith também reinou como a irmandade mais disfuncional do rock, com cinco personalidades famosamente combativas. Esses caras batalharam, se cansaram, bateram no fundo do poço, mas sobreviveram para fazer um dos retornos mais bizarros da história da música. Nada poderia matar sua química estranha — nem drogas, nem desintoxicação, nem todos aqueles anos de caos do rock & roll. “Cometemos cada erro seis vezes”, Joe Perry disse a Rolling Stone em 2001. “Nós pagamos por toda essa porra. Eu saí da banda, Brad saiu da banda, a gente errou muito, assinamos contratos ruins, tivemos empresários ruins, tivemos bons empresários. Mas durante tudo isso, algo nos manteve juntos.”
Infelizmente, o Aerosmith acabou de ter que anunciar que eles finalmente estão parando como banda de turnê, depois que Tyler fraturou sua laringe no palco. Mas em honra a sua trajetória histórica, vamos celebrar esse legado com um tributo às 50 melhores músicas do Aerosmith. Algumas dessas melodias são mega-hits famosos que todo mundo conhece. Outras são lados B, valorizados por fãs vigorosos. Algumas são hinos de guitarra para bate cabelo; algumas são baladas da MTV. Mas essas 50 melodias clássicas definem o Aerosmith como os mais cruéis, mais sujos e maiores fora-da-lei do hard rock americano. Toque essas músicas alto para sempre, e continue sonhando.

50. ‘Make It’ (1973)
O Aerosmith deu o pontapé inicial em seu álbum de estreia com “Make It“, um dos mais icônicos hinos de “Boa noite, pessoal, bem-vindos ao show” do rock dos anos setenta. Foi uma declaração de missão. Eles tinham acabado de tomar a escolha decisiva de se mudar juntos para Boston, conseguir um apartamento e buscar sua fortuna. “Make It” é a música que Tyler compôs no banco de trás quando a banda dirigiu para lá. “Escrevi ‘Make It‘ num carro dirigindo de New Hampshire para Boston”, ele disse. “Tem aquela colina que você sobe e vê o horizonte de Boston.” Ele escreveu a letra numa caixa de lenços de papel, olhando para a cidade, pronto para perseguir o sonho. Toda a saga do Aerosmith começa aqui. — R.S.
49. ‘S.O.S. (Too Bad)’ (1974)
Este sucesso metálico do álbum Get Your Wings (1974) parece o Aerosmith no seu melhor rosnando. Tyler ronda com uma intensidade feroz. Kramer está segurando suas baquetas ao contrário, batendo com as pontas grossas só para ficar tão alto quanto humanamente possível. Mas é Perry quem rouba o show, com um solo de guitarra afiado numa lâmina de barbear enferrujada. Rápido e irregular, o toque de guitarra de Perry pinga com ameaça proto-metal, combinando com o ritmo maníaco definido pelo estoico deus do baixo Hamilton. O ano de 1974 foi um momento de fazer ou morrer para a banda de Boston, que estava constantemente no cepo da gravadora. “S.O.S.” é uma declaração de intenção de uma banda que sabia que tinha algo a provar — e provou com pura força. — S.G.
48. ‘Kings and Queens’ (1977)
Quem se importa se a letra de Tyler confunde viagens vikings com implementos de execução da revolução francesa? “Kings and Queens” contém uma das melodias mais ousadas e dramáticas do Aerosmith, e a ponte sombria acena para o Pink Floyd tanto quanto para as baladas passadas da banda como “Dream On“. Embora a canção parecesse um deslize comparada a tudo no álbum Rocks (1976) antes dela, em retrospectiva, é um testemunho de como as escolhas musicais certas (como a forma que Tyler geme “Screams of no reply” (“Gritos sem resposta”) podem elevar uma banda a um trono mais alto. — K.G.
47. ‘Fever’ (1993)
Get a Grip (1993) é o som do Aerosmith rasgando pela estrada do roqueiro de meia-idade: famintos por sucessos, mas felizes de estar ali. A produção polida está longe do grunhido de rock de garagem da banda dos anos setenta. Mas até os críticos teriam dificuldade em resistir à atração gravitacional de “Fever“, com sua energia delirante e aquelas harmonias excitadas na ponte. Nunca alguém a recuar de uma metáfora deliciosamente vulgar, Tyler canta: “The buzz that you’re getting from the crack don’t last, I’d rather be OD’ing in the crack of her ass.” (“O barato que você está tendo com o crack não dura, eu preferiria estar em overdose na fenda da bunda dela.”) É o Tyler clássico, regozijando-se na sacanagem e no absurdo de tudo, que é tudo que podemos pedir. — S.G.
46. ‘Remember (Walking in the Sand)’ (1979)
O Aerosmith abriu 1979 com Night in the Ruts (1979) olhando para trás em seu apogeu com “No Surprize“. O único lançamento do álbum de fraco desempenho foi outro gesto nostálgico, uma versão da obra-prima operística de grupo feminino das Shangri-Las de 1964, “Remember (Walking in the Sand)“, reformulada como uma grande balada de metal de arena. Pode ter parecido uma escolha estranha para os fãs do Aerosmith, mas conectava-se às raízes rock’n’roll novaiorquinas de Tyler. Ele tinha visto as Shangri-Las se apresentarem ao vivo antigamente, e a cantora das Shangri-Las, Mary Weiss, forneceu vocais de apoio (sem créditos) na versão do Aerosmith. — J.D.
45. ‘East Coast, West Coast’, do The Joe Perry Project (1981)
Perry deixou o Aerosmith em 1979 e formou rapidamente o The Joe Perry Project, argumentando que o vocalista da banda Ralph Mormon era um cantor melhor que Tyler, incluindo nas músicas do Aerosmith que Perry teimosamente manteve no repertório de sua nova banda. Mormon saiu após o surpreendentemente bom álbum de estreia de 1980, Let the Music Do the Talking, para ser substituído pelo cantor e compositor local Charlie Farren, que trouxe a sublime joia de metal pop “East Coast, West Coast” para o segundo LP do Project, I’ve Got the Rock and Rolls Again (1981). Estava no repertório da banda quando eles entraram em turnê em 2023, desta vez com Gary Cherone do Extreme nos vocais. — J.D.

44. ‘The Reason a Dog’ (1985)
“The reason a dog has so many friends? He wags his tail instead of his tongue.” (“A razão de um cachorro ter tantos amigos? Ele abana o rabo em vez da língua.”) Muito gentil da parte de Tyler oferecer dicas de etiqueta sobre manter a boca fechada, mas obviamente, ele nunca tentou seguir seu próprio conselho. “The Reason a Dog” é uma mistura enxuta e malvada de Done With Mirrors (1985), o álbum onde eles se reuniram com Perry e Whitford, aprendendo tudo de novo sobre como escrever músicas do Aerosmith. “Não quero que os fãs pensem que somos garotos americanos limpos e honrados”, disse Perry a Rolling Stone. “Mas somos americanos, e nós ficamos de pé.” Dois anos antes de Permanent Vacation (1987), é aqui que o verdadeiro retorno do Aerosmith começa. — R.S.
43. ‘Woman of the World’ (1974)
“Woman of the World” é uma entrada curiosa na obra do Aerosmith — uma das poucas faixas de blues-rock que celebra uma rica dona de gatos sem filhos com talento para receber visitas. Tyler canta suavemente: “She’s got big-eyed cats, she’s got coats of sable.” (“Ela tem gatos de olhos grandes, ela tem casacos de zibelina.”) Depois acrescenta: “She seats 44 at her dinner table,” (“Ela acomoda 44 em sua mesa de jantar”), sobre um ritmo de blues que é hipnótico e expansivo. O vocal de Tyler tem um toque distante e tranquilo, mesmo enquanto ele claramente continua trabalhando para imitar seu herói, James Brown. “Woman of the World” captura o Aerosmith num momento de formação, onde Perry e Tyler estavam apenas começando a descobrir sua dinâmica, mas já capazes de criar algo que transcendia suas influências. — S.G.
42. ‘Home Tonight’ (1976)
A confiança do Aerosmith estava tão alta em 1976 que eles decidiram encerrar Rocks superando Elton John. (É justo, já que Rock of the Westies de 1975 de Elton era basicamente sua versão de um álbum do Aerosmith.) “Home Tonight” é uma balada grandiosa de piano, vindo como um final surpresa em Rocks após um álbum inteiro de suas guitarras mais pesadas. Tyler se despede da audiência, com harmonias polidas até brilharem. Whitford fecha com seus solos de guitarra inflexivelmente ferozes — uma bela combinação. — R.S.
41. ‘Bolivian Ragamuffin’ (1982)
Esses foram os anos perdidos da banda no deserto, sem Perry ou Whitford. Mas “Bolivian Ragamuffin” é uma estranheza bizarra deliciosamente fora do padrão do Lado A de Rock in a Hard Place (1982). É a única vez que o Aerosmith tentou copiar o Rush, com Tyler reclamando sobre uma batida tirada direto de “The Spirit of Radio” — uma influência improvável, mas uma encruzilhada surpreendentemente bacana entre Megadon e “Mama Kin“. “Bolivian Ragamuffin” prova que até os álbuns mais ruins do Aerosmith geralmente têm pelo menos alguns tesouros enterrados — se você tiver estômago para caçá-los. (E se você está procurando neste álbum, não ignore “Joanie’s Butterfly.”) —R.S.
40. ‘Come Together’ (1978)
O musical cinematográfico de 1978 Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band foi uma catástrofe tão épica que quase destruiu as carreiras de Peter Frampton e dos Bee Gees perto do auge absoluto de sua fama. A única coisa boa que saiu dele foi a versão do Aerosmith de “Come Together“, que eles tocam durante um momento tipicamente incompreensível no filme onde Frampton e os Bee Gees tentam resgatar uma mulher amordaçada e amarrada a uma placa de neon. Termina com Frampton e Tyler brigando no palco, mas não importa. A música foi o último sucesso deles antes de Run-D.M.C. trazê-los de volta do esquecimento quase uma década depois. — A.G.
39. ‘I Don’t Want to Miss a Thing’ (1998)
Existem dois tipos de pessoas neste mundo: aquelas que veem “I Don’t Want to Miss a Thing” como uma balada poderosa açucarada e piegas que o Aerosmith nem escreveu, e aquelas que acham que é uma de suas melhores músicas dos anos 90 — uma balada irmã linda e épica de “Angel“. Embora seja verdade que Diane Warren escreveu o tema de Armageddon de 1998, ela admitiu que a banda e o produtor Matt Serletic foram responsáveis pelo gigante que se tornou. “Aquilo foi Steven sendo Steven, fazendo a merda legal que só ele pode fazer”, disse Warren, elogiando o arranjo de cordas e as oitavas dramáticas. “Lembro da primeira vez que ouvi e fiquei literalmente derrubada da minha cadeira de quão ótimo aquilo era.” —A.M.
38. ‘The Other Side’ (1989)
Ninguém consegue fazer “mmm-mmm-mmm” como Tyler. Combinado com a caixa de Kramer, a onomatopeia de Tyler anunciou a chegada do que é indiscutivelmente a faixa mais cativante de Pump (1989). É tão simples quanto o rock do fim dos anos 80 ficou, entre o baixo sem frescura de Hamilton, metais simples e brilhantes, e clichês fazendo papel de letras (“Between the devil and the deep blue sea!”; “Entre o diabo e o mar azul profundo!”). Não importa, “The Other Side” é irresistível — talvez demais. Os compositores de “Standing in the Shadow of Love” dos Four Tops ameaçaram ação legal pela melodia excessivamente similar do Aerosmith, resultando num crédito Holland/Dozier/Holland ao lado de Tyler e seu coautor Jim Vallance. —J.H.
37. ‘Combination’ (1976)
Nenhuma música no rock & roll incorpora a ideia de estar “elegantemente arrasado” como esta contribuição de Perry para Rocks (1976). A letra “Walking on Gucci, wearing Yves St. Laurent/barely staying on cause I’m so goddamn gaunt” (Andando de Gucci, vestindo Yves St. Laurent/mal conseguindo ficar em pé porque estou tão terrivelmente magro) expôs a elegância de estrela do rock. Perry na verdade faz mais do que apenas harmonizar com Tyler na música: ele canta a voz principal, quase. Em suas memórias, o guitarrista observou o ciúme que experimentava de seus companheiros de banda toda vez que se aproximava dos holofotes. “Depois de um tempo, porém, a banda cedeu e me apoiou, contanto que eu cantasse a música como uma espécie de dueto com Steven”, escreveu Perry sobre “Combination“. “Até hoje, [eu] fico surpreso com a frequência com que me pedem para tocá-la ao vivo.” —J.H.
36. ‘My Fist Your Face’ (1985)
Ninguém esperava nada do álbum de reunião do Aerosmith, Done With Mirrors (1985). Muito menos eles. “Sei que todo mundo vai perguntar se voltamos a ficar juntos por dinheiro”, disse Perry à Rolling Stone em 1984. “E é claro que sim.” No entanto, tinha sinais surpreendentes de vida, como esta pequena vinheta de briga de bar matadora. “My Fist Your Face” era punk o suficiente para os The Replacements tocarem na turnê de Tim (1985), plenamente conscientes de que nenhum de seus fãs a conheceria. “Os Quiet Riots e todos aqueles caras com couros e tachas e as pilhas de amplificadores Marshall que não estão ligados é melhor tomarem cuidado”, alardeou Perry. “Nós somos a banda sobre a qual sua mãe avisou você.” —R.S.
35. ‘You See Me Crying’ (1975)
Esta joia poderosa mostrou a banda experimentando como fazer a vulnerabilidade bater tão forte quanto sua pestana de guitarra mais pesada — uma habilidade que os serviria bem quando depois invadiram as paradas pop. Tyler pressionou a banda a gastar numa orquestra de 100 peças e assumiu o comando dos arranjos. É uma peça de piano enganosamente complexa, com mudanças de compasso e oscilações dinâmicas que combinam perfeitamente com a extensão vocal sobrenatural de Tyler. No entanto, apesar de todas as suas complexidades, “You See Me Crying” quase se perdeu na névoa dos excessos notórios da banda. Conta-se que Tyler — profundamente em estado alterado — uma vez ouviu a música no rádio e sugeriu que eles a regravassem, apenas para Perry responder: “Somos nós, cabeça de merda.” —S.G.

34. ‘Lightning Strikes’ (1982)
O Aerosmith estava totalmente fora de sincronia com as tendências de 1982, quando fizeram Rock in a Hard Place — isso mesmo, o álbum onde eles acharam que era legal colocar Stonehenge na capa. This Is Spinal Tap (1984) veio dois anos depois, e sim, Steven Tyler levou para o lado pessoal. Mas mesmo sem Joe Perry, o álbum tinha guitarras cruéis dos firmes substitutos Rick Dufay (pai da Minka Kelly!) e Jimmy Crespo. “Lightning Strikes” tem aquele velho poder de riff chicoteante e os jogos de palavras de Tyler, quando ele ameaça “ler seus direitos fúnebres.” —R.S.
33. ‘Dude (Looks Like a Lady)’ (1987)
Houve um tempo, não muito tempo atrás, quando você podia chamar uma música de “Dude (Looks Like a Lady)” e era totalmente socialmente aceitável. Na verdade, este foi o grande single do álbum que restabeleceu o Aerosmith como produtores de sucessos dos anos 80 depois que seu remake de “Walk This Way” com Run-D.M.C. ajudou a apresentá-los à geração MTV. Para conseguir a sagacidade pop de que precisavam, a banda se juntou a Desmond Child, recém-saído de seu trabalho mega-platinado com Bon Jovi. As letras foram inspiradas em eventos da vida real — ou seja, Tyler bêbado vendo uma loira gostosa de trás e então ficando chocado quando ela/ele acabou sendo o cantor do Mötley Crüe, Vince Neil. —J.D.
32. ‘Draw the Line’ (1977)
O Aerosmith tinha feito um álbum por ano durante quatro anos quando chegaram a Draw the Line de 1977, e seu esgotamento e consumo de drogas deram ao quinto álbum uma sensação única de desespero danificado. Com seu riff brutamontes e produção turva e nem-aí, a faixa-título soa mais cruel que muito do punk-rock surgindo no mesmo ano. Tyler explicou a letra “Carrie… was a wet-nap winner” assim: “Bem, um wet nap é algo com que você limpa bundas de bebês. Antigamente, se você tivesse sorte o suficiente de pegar uma aeromoça num avião e você saísse do banheiro, tudo que você tinha para limpar era um wet nap.” —J.D.
31. ‘Adam’s Apple’ (1975)
Deixe com o Aerosmith pegar a saga de Adão e Eva e torná-la ainda mais picante nesta faixa obscura de Toys in the Attic (1975). Sobre uma baixaria de guitarra martelante, Tyler apresenta sua própria teoria de possível intervenção alienígena (a “nave-mãe” que vem “do céu”), mas o que se segue poderia fazer um extraterrestre corar. Adão se delicia no “fruto doce e amargo” de Eva, e ela mesma “comeu — Senhor, foi amor à primeira mordida.” Ainda assim, o mais fascinante sobre “Adam’s Apple” é a solenidade com que Tyler a encara, até lamentando a maneira como “o mal veio como chuva” depois que são expulsos do Jardim do Éden. Bastou o fim da inocência do homem para assustar Tyler. —D.B.
30. ‘Let the Music Do the Talking’ (1985)
Nos anos em que o Aerosmith estava brigando com Perry, foi o guitarrista quem realmente manteve a chama acesa. Todos os três álbuns de seu Projeto Joe Perry ainda são guardados. (Podemos receber um amém para “Black Velvet Pants“? “South Station Blues“? Que tal “I’ve Got the Rock & Rolls Again“?) Mas o auge foi sua música-título arrasadora de 1980 Let the Music Do the Talking. Então, quando Perry voltou ao Aerosmith, eles sabiamente a reviveram como o single e faixa de abertura de Done With Mirrors de 1985. Um caso raro desta banda tomar uma decisão sensata de carreira. —R.S.
29. ‘Chip Away the Stone’ (1978)
O grande sucesso perdido do Aerosmith, um favorito cult valorizado por conhecedores fervorosos. “Chip Away the Stone” é uma valentia rude de country ao estilo Skynyrd, escrita pelo amigo e colaborador de longa data Richie Supa. Como single ao vivo, fracassou no número 77, quebrando sua sequência de sucessos no Top 40. Mas a versão de estúdio muito superior foi enterrada no Lado B, e nem sequer apareceu num álbum até uma década depois, na coletânea Gems (1988). Uma banda mais sensata teria escolhido a “Chip Away the Stone” de estúdio como o single — poderia ter sido o sucesso de rádio salvador de carreira de que eles desesperadamente precisavam. Mas em 1978, Aerosmith e sanidade nem estavam conversando. —R.S.
28. ‘Crazy’ (1993)
Pelos padrões de hoje, escalar sua filha de 16 anos como uma estudante de colegial sexy num vídeo onde ela nada nua, entra num concurso numa casa de strip, e dirige por aí de sutiã ao lado de outra garota má adolescente, interpretada por Alicia Silverstone, parece bem perturbador. Bem, era perturbador em 1993, mas o Aerosmith não dava a mínima. O vídeo transformou Liv Tyler (que tinha acabado de descobrir que Steven Tyler era seu pai) numa estrela, e transformou “Crazy” em mais um sucesso gigante de Get a Grip (1993). —A.G.
27. ‘Big Ten Inch Record’ (1975)
O Aerosmith já tinha regravado “Train Kept a Rollin’” e “Walkin’ the Dog” em álbuns anteriores, mas há algo especialmente comovente em ouvir a banda que deu ao mundo “Back in the Saddle” e “Lord of the Thighs” prestar homenagem às raízes do rock de duplo sentido com sua versão boogie-woogie do clássico blues fálico de 1952 de Bull Moose Jackson. Eles mandam com afeto real, caras do rock pesado prestando homenagem a um precursor estético. —J.D.
26. ‘Rats in the Cellar’ (1976)
Um ano depois de “Toys in the Attic“, o Aerosmith virou a casa da diversão de cabeça para baixo para a sequência, “Rats in the Cellar“. Mas é um conto mais sombrio e sinistro, capturando o momento em que todos os cinco membros da banda estavam acelerando em direção ao desastre. “‘Rats‘ é mais como o que estava realmente acontecendo”, Tyler recordou em seu livro de memórias Does the Noise in My Head Bother You? (2004) “As coisas estavam desmoronando, a sanidade estava fugindo para o sul, a cautela foi jogada ao vento, e aos poucos o caos estava se mudando permanentemente.” —R.S.

25. ‘Angel’ (1987)
O Aerosmith não era uma banda de hair metal. Mas eles tiraram uma página do manual do hair metal ao seguir um hino de rock, “Dude (Looks Like a Lady)“, com uma balada de amor, “Angel“, ao escolher singles de Permanent Vacation (1987). Escrita por Tyler e Desmond “Livin’ on a Prayer” Child, a música solidificou um dos retornos mais improváveis da história do rock ao atingir o Número Três na Billboard Hot 100. Isso pode ter horrorizado fãs da velha guarda que ainda se apegavam aos seus antigos fitas oito-track de Toys in the Attic (1975) e Rocks (1976), mas este era o Aerosmith para uma nova geração. —A.G.
24. ‘Lord of the Thighs’ (1974)
“Lord of the Thighs” é uma faixa tão mergulhada em baixaria que praticamente deixa uma mancha no seu toca-discos. Mas por baixo da sujeira, há a batida embrionária que eventualmente evoluiria para “Walk This Way“. O trabalho de pés de Kramer no bumbo, perfeitamente sincronizado com o riff serpenteante de guitarra de Perry, estabelece uma batida tão primitiva quanto precisa: apenas dois e quatro por cima, com colcheias nos chimbal impulsionando o ritmo. Da lama surgiu um som perturbador e estranhamente sedutor — uma batida gritante que enredaria gerações de guitarristas de rock vindouros. —S.G.
23. ‘Nobody’s Fault’ (1976)
No início, o Aerosmith às vezes era descartado como uma imitação dos Stones, mas este tesouro enterrado de Rocks (1976), escrito por Tyler e Whitford, prova que eles podiam acenar para o Led Zeppelin com desenvoltura genuína. Tyler empurra sua voz para guinchar como Plant, e as guitarras e a pancada de bateria do martelo dos deuses são puro Page e Bonham. Adicione provavelmente as letras mais sombriamente apocalípticas que a banda já escreveu — conjurando terremotos, casas desabadas, pássaros batendo asas desesperadamente, e Terras Santas em decomposição — e você tem um verdadeiro apocalipse santo de arrepiar. (E foi só coincidência que o Zeppelin lançou “Nobody’s Fault But Mine” no mesmo ano?) —D.B.
22. ‘Same Old Song and Dance’ (1974)
O primeiro single de Get Your Wings de 1974 era tudo menos a mesma velha história. Os Bad Boys de Boston estão particularmente ferozes aqui, apoiando-se pesadamente no riff forte de Perry e nas rimas cantadas de Tyler sobre matar, cocaína e um juiz com “prisão de ventre” que vai até a cabeça. “Get yourself cooler, lay yourself low/coincidental murder with nothing to show” (Fique mais frio, abaixe-se/assassinato coincidente sem nada para mostrar), grita Tyler para abrir a faixa, que aparecia frequentemente no repertório da banda: eles a tocaram pela primeira vez em 1973, e novamente 50 anos depois em Pittsburgh — no que seria a penúltima apresentação ao vivo do Aerosmith. —J.H.
21. ‘Livin’ on the Edge’ (1993)
Uma dose sóbria de comentário social após a agitação civil em Los Angeles que seguiu quatro policiais espancando Rodney King em 1992, “Livin’ on the Edge” encontra Tyler espiando no abismo sem muita esperança. “Estamos vivendo no limite”, canta Tyler, enquanto os vocais de fundo o provocam: “Você não pode evitar de cair.” É um problema sem solução, mas o Aerosmith fez soar ótimo com a guitarra de sino de Perry e alguns toques country. Além disso, a música tem um dos vídeos mais malucos dos anos 90, apresentando o garoto de O Exterminador do Futuro 2 (1991) jogando fora uma embalagem de camisinha, Perry desviando de um trem em disparada, e a glória que é Steven Tyler nu. —K.G.

20. ‘No Surprize’ (1979)
No final dos anos 1970, com a banda desmoronando, os garotos do Aerosmith dão uma olhada para trás em seu auge. “No Surprize” é uma das músicas mais cruéis e engraçadas de “como a banda começou” em todo o mundo do rock, um passeio sardônico pelos seus primeiros dias: tocando em botecos, se deliciando na baixaria de Nova York do Max’s Kansas City, assinando na linha pontilhada com Clive Davis, conseguindo drogas com os policiais. Tyler rosna sobre ser enganado pelos tubarões da indústria, perguntando: “Se japoneses podem ferver chás, então onde diabos estão meus royalties?” Na guitarra, Perry soa como o rei do mundo. Mas quando esta música foi lançada, ele estava fora da banda. —R.S.
19. ‘Jaded’ (2001)
A última grande música do Aerosmith, e seu último sucesso, chegando ao Número Sete no início de 2001. Tudo sobre “Jaded” foi impecável, incluindo o timing — estava no Top 10 na semana em que foram incluídos no Hall da Fama do Rock & Roll. De todos os veteranos no Hall, quantos podem se vangloriar de ter tido um novo sucesso estrondoso para tocar na cerimônia, muito menos um tão grande? (Eles deixaram Justin Timberlake cantar o refrão no Super Bowl — essa foi uma decisão nteressante.) “Jaded” é um envio agridoce às suas três primeiras décadas, com Tyler lamentando: “Meu, meu baby blue.” Linda, elegíaca, mas sem sentimentalismo — uma maneira graciosa de completar um dos melhores repertórios do rock. —R.S.
18. ‘What It Takes’ (1989)
Embora este destaque de Pump de 1989 seja considerado uma balada poderosa, tem muito mais em comum com uma música country de varanda. Credite isso à entrega descontraída de Tyler, à presença sutil de acordeão, e ao fato de que, em seu núcleo, é uma música de separação à moda antiga. A banda até a apresenta num bar caipira no vídeo oficial (embora sejamos sempre parciais à versão alternativa no estúdio). Escrita por Tyler e Perry com Desmond Child, o mestre da balada poderosa, “What It Takes” foi um ponto alto toda vez que o Aerosmith a tocou ao vivo, com Tyler provocando a plateia — “Não, não, assim” — antes de guinchar o “lance de dados” final. —J.H.
17. ‘Sick as a Dog’ (1976)
“Sick as a Dog” é um destaque esquecido de Rocks (1976), mas é o Aerosmith em seu mais musicalmente feroz e emocionalmente cru, com harmonias assombrosas e o arranjo de guitarra metal-estilo-Byrds de Hamilton. Tyler canta sobre duas crianças perdidas na estrada, longe de casa, tentando manter uma à outra vivas através de uma longa noite de drogas e desespero. Enquanto ele implora: “You’re the only friend I got/You’ll be the last to see me rot.” (Você é o único amigo que tenho/Você será o último a me ver apodrecer) A música termina com palmas, diretamente do manual das Shangri-Las. Eles editaram “Sick as a Dog” ao vivo no estúdio, com Hamilton na guitarra e Perry no baixo. No último minuto, Perry passou o baixo para Tyler e terminou a música na guitarra, enquanto a fita continuava rodando. — R.S.
16. ‘Cryin” (1993)
Não havia muitas estrelas do rock na casa dos 40 anos na MTV em 1993. É por isso que o Aerosmith fez a escolha brilhante de escalar Alicia Silverstone de 17 anos como a estrela do vídeo de “Cryin’“, o terceiro single de Get a Grip (1993). O vídeo onde ela interpreta uma namorada rejeitada que se vinga do homem traidor tocou na MTV em um loop quase constante por meses, disparando a música para o Número Um na Billboard Hot 100, e ajudando Get a Grip a vender impressionantes 20 milhões de discos no mundo todo. Foi tão bem-sucedido que Silverstone estrelou os próximos dois vídeos do Aerosmith, o que a ajudou a conseguir o papel principal num filmezinho chamado As Patricinhas de Beverly Hills (1995). — A.G.

15. ‘Train Kept a Rollin” (1974)
No início, a pérola do blues “Train Kept a-Rollin’” era filha de Tiny Bradshaw, que gerou a versão acelerada de Johnny Burnette, que gerou a versão do Yardbirds de Blowup (1966), que gerou a versão conduzida pelo Led Zeppelin, que gerou a versão de parar o trânsito do Aerosmith, transformando esse trem no Novo Testamento do rock pesado do rádio FM. Embora a banda tenha estreado uma versão de estúdio de cinco minutos e meio da música em Get Your Wings (1974), a música sempre soava melhor no palco, onde eles aceleravam e desaceleravam como se o trem estivesse vivo e fora de controle e pronto para arrasar, assim como o Aerosmith. — K.G.
14. ‘Lick and a Promise’ (1976)
Era divertido assim ser o Aerosmith nos anos 70, até que não foi mais. “Lick and a Promise” é uma explosão em série de Rocks (1976), com Whitford e Perry arrasando em seu modo característico rápido e pesado. O ritmo maníaco e o caos químico já estavam os alcançando — como Perry disse: “Começamos como uma banda de rock brincando com drogas, depois nos tornamos uma banda de drogas brincando com rock.” Mas nesta empolgação desenfreada, eles continuam dançando no limite — uma das músicas mais puramente alegres que o Aerosmith já fez. Aquele gancho “na-na-na-na-na” era tão indelével que eles o reciclaram anos depois no refrão de seu sucesso de 2001 “Jaded“. — R.S.
13. ‘Amazing’ (1993)
O Aerosmith atingiu o zênite de sua era de baladas poderosas dos anos 90 com “Amazing“, conquistando a MTV com sua icônica trilogia Alicia Silverstone. “Amazing” veio entre “Cryin’” e “Crazy“, mas, como O Poderoso Chefão, esta é uma trilogia que atinge o pico no capítulo do meio. O vídeo tinha um tema de “ciberespaço” bastante bobo — talvez não o melhor uso das habilidades dramáticas de Silverstone, tão adequadas para chutar bandidos na calçada. Mas é uma meditação ao piano genuinamente comovente sobre sobriedade e o trabalho duro necessário para se manter firme. “Amazing” dispara para os céus nos minutos finais, com um longo, amplo e glorioso solo de guitarra de Perry. — R.S.
12. ‘Rag Doll’ (1988)
Para o terceiro single de Permanent Vacation (1988), o Aerosmith recorreu ao médico de músicas de Bryan Adams, Jim Vallance, coautor de “Run to You“, “Cuts Like a Knife” e “Summer of ’69“. Ele os ajudou a criar esta fusão propulsora de blues rock e metal hair, completa com guitarra slide e uma seção de metais. Eles originalmente a chamaram de “Ragtime“, mas Holly Knight (coautora de “Love Is a Battlefield” de Pat Benatar) sugeriu que mudassem para “Rag Doll“. O vídeo se passa num universo onde Tyler aparentemente está tendo casos com todas as jovens mulheres de uma rua suburbana. — A.G.
11. ‘Last Child’ (1976)
Cheia de funk, suja e inconfundivelmente Aerosmith, “Last Child” é um sonho febril presunçoso e sulista e o coração caipira de sua obra-prima de blues pesado Rocks (1976). Whitford coescreveu a música e a construiu em torno de seu riff de guitarra encardido que é tão contagioso que basicamente tem sido um gatilho pavloviano para públicos de shows desde então. A seção rítmica — Kramer na bateria, Hamilton no baixo — estabelece uma fundação “funkificada” que dá a Tyler todo o espaço que ele precisa para sua poesia maluca de varanda: “Can’t catch no dose of my hot tail poon tang sweetheart sweat hog” (Não consigo pegar nenhuma dose da minha gostosa poon tang querida porco suado). No mundo do Aerosmith, onde sentido e absurdo tendem a se confundir, tudo simplesmente funciona. — S.G.
10. ‘Love in an Elevator’ (1989)
Ao longo da história do rock, artistas escreveram músicas inescrutáveis onde o significado lírico fica a critério do ouvinte. “Love in an Elevator” não é uma delas. É sobre Tyler desfrutando de relações carnais num elevador. Se houvesse alguma dúvida sobre isso, o que seria quase impossível considerando o título e cada palavra da música, ela começa com uma operadora de elevador dizendo: “Bom dia Sr. Tyler, indo… para baixo?” (Ela está se referindo tanto ao movimento do elevador quanto fazendo uma referência velada a sexo oral.) Lançada no auge do movimento hair metal, a música se encaixou perfeitamente com novos lançamentos de Poison, Mötley Crüe e Warrant, e deu ao Aerosmith o single de abertura perfeito para Pump (1989). — A.G.
9. ‘No More No More’ (1975)
A declaração existencial definitiva do Aerosmith, sobre a jornada insana e interminável de tocar numa banda de rock & roll. Tyler soa como um vampiro cansado da estrada quando grita: “Ain’t seen the daylight since I started this band.” (Não vejo a luz do dia desde que comecei esta banda.)” – uma frase boa o suficiente para os Beastie Boys roubarem em “No Sleep ‘Til Brooklyn”. “No More No More” é um turbilhão de Holiday Inns, bares enfumaçados, noites tardias, estranhos drogados e a ida de carro para a próxima cidade, com um tom melancólico nos floreios acústicos. Perry conta seu lado da história, se estendendo nos minutos finais para seu solilóquio de guitarra mais elegíaco. — R.S.
8. ‘Seasons of Wither’ (1974)
Deprimente, cara. Esta balada química zonza revela o espírito sensível escondido por trás da presunção de “Lord of the Thighs” da banda. Tyler a escreveu num Halloween quando estava morando numa fazenda de galinhas em Vermont com o baterista Kramer. “Desci para o porão, queimei um incenso e peguei este violão que Joey tinha encontrado num lixão em algum lugar”, Tyler recordou em 1991. “Estava afinado bem mal, e tinha um tom especial. E aquela afinação forçou aquela música para fora.” “Seasons of Wither” tinha uma gravidade proto-grunge muito além do que as pessoas presumiam que esta banda poderia alcançar. Você pode praticamente sentir os ventos frios da Nova Inglaterra se aproximando. — R.S.
7. ‘Toys in the Attic’ (1975)
Com seus riffs de locomotiva e melodias cheias de teias de aranha, “Toys in the Attic” arrasa tanto que é fácil perder o quão profunda ela é. Letras como “Leaving the things that you love from mind/All of the things that you learned from fears/Nothing is left for the years” (Deixando as coisas que você ama longe da mente/Todas as coisas que você aprendeu com medos/Nada sobra para os anos) são poéticas de uma maneira similar ao refrão “Turn off your mind/Relax, and float downstream/It is not dying” (Desligue sua mente/Relaxe e flutue rio abaixo/Não é morrer) na artística “Tomorrow Never Knows” dos Beatles. Mas como o Aerosmith toca direto com abandono de invadir-os-portões-do-Inferno, e Tyler transformou o refrão “Toys! Toys! Toys… in the attic” (Brinquedos! Brinquedos! Brinquedos… no sótão) num erguedor de cerveja sob medida nos shows, o hippismo psicodélico de tudo é fácil de digerir. “Joe [Perry] estava só fazendo um riff, e eu comecei a gritar: ‘Toys, toys, toys… ‘”, Tyler lembrou. “Orgânico, imediato, contagioso… incrível pra caralho. Mais uma vez, os Gêmeos Tóxicos cavalgam para o pôr do sol… desta vez, o pôr do sol do sótão.” — K.G.
6. ‘Mama Kin’ (1973)
“Mama Kin” era o hino que definia o estilo de vida do Aerosmith. Tyler a escreveu antes de entrar para a banda, um sábio hippie místico preso no corpo de uma estrela do rock. “As pessoas sempre perguntam: ‘O que é ‘mama kin’?’” ele disse a Rolling Stone em 2001. “É a mãe de tudo. É o desejo de escrever música, o desejo de transar, de passar pelo relacionamento com uma garota, ou o que quer que seja. Manter contato com mama kin significa manter contato com os velhos espíritos que te levaram até lá para começar.” Tyler era tão devotado à sua mensagem espiritual que tatuou “MA KIN” no braço. Magricelo que é, ele não tinha braço suficiente para caber o título inteiro. — R.S.

5. ‘Janie’s Got a Gun’ (1989)
“Janie’s Got a Gun” se destaca como um dos triunfos mais improváveis do rock. Em 1989, enquanto surfavam alto numa onda de seu ressurgimento comercial, o Aerosmith lançou esta obra noir audaciosa — um conto sem rodeios de vingança, incesto e assassinato. A faixa abre com um prelúdio assustador de gongo de vento e harmônica de vidro, antes de Tyler soltar seu uivo do ponto de vista de uma garota traumatizada. Nada disso deveria ter funcionado — mas contra todas as probabilidades concebíveis, se tornou um dos maiores sucessos da década. Rendeu ao Aerosmith um Grammy e, graças ao vídeo musical que tomou conta da MTV, dirigido por um David Fincher pré-Clube da Luta (1999), relevância cultural renovada. A habilidade de Tyler de habitar a psique de personagens improváveis estava em plena exibição — uma abordagem narrativa que ele empregou em faixas anteriores como “Uncle Salty“, onde ele deu voz a um menino órfão abusado. Mas com “Janie“, ele mergulha ainda mais fundo em seu medo e raiva, entregando o que pode ser a interpretação vocal mais poderosa de sua carreira. — S.G.
4. ‘Back in the Saddle’ (1976)
Perry escreveu o riff enrolado e retumbante de “Back in the Saddle” em seu baixo de seis cordas, deitado de costas em seu quarto enquanto drogado. “Foi uma daquelas músicas que realmente abriu as coisas para nós”, ele recordou depois. “Back in the Saddle” abre o álbum clássico de 1976 do Aerosmith, Rocks, o melhor álbum de hard- rock americano dos anos 1970. Tyler amarrou pandeiros em suas pernas para soar como esporas tilintantes quando ele pisava com o groove ameaçador e enganosamente complexo da música enquanto cantava suas letras de cowboy sexual, e eles até trouxeram um chicote para o estúdio. Essas teatralidades os colocaram no clima para atingir o ideal Platônico de majestade de fora-da-lei vagabundo. — J.D.
3. ‘Dream On’ (1973)
Tyler tinha apenas 24 anos quando gravou “Dream On“, mas soava três vezes mais velho com a maneira que gritava sobre ver rugas em seu rosto e lamentando em letras como: “Você tem que perder para saber como ganhar.” A música de alguma forma se tornou o maior sucesso do Aerosmith dos anos 1970. Mas no contexto da carreira de blues-rock da banda, é sua música menos “Aerosmithiana”, já que Tyler passa a maior parte dela numa viagem ruim, apertando as teclas de seu cravo e cantando em sua voz natural mais grave (embora ele eleve as coisas a um grito demoníaco no final). “Quando escrevi ‘Dream On‘, pensei: ‘De onde isso veio?’” Tyler disse a Rolling Stone. “Não questionei. Quando leio as letras agora, para um cara que estava chapado, estúpido e babando, consegui tirar algo de lá: ‘O passado se foi/Passou como o crepúsculo ao amanhecer.’” Para o Aerosmith, foi um começo improvável. — K.G.
2. ‘Sweet Emotion’ (1975)
Em 1975, o Aerosmith já tinha lançado dois álbuns e tinha legado ao mundo futuros clássicos como “Dream On” e “Mama Kin“. Mas “Sweet Emotion“, o primeiro single lançado de Toys in the Attic (1975), parecia algo diferente — o começo de um Aerosmith mais sólido, mais ousado e mais confiante, tomando forma diante de nossos ouvidos. Não é apenas a autoconfiança inabalável com que a banda toca, mas a maneira como “Sweet Emotion” mistura perfeitamente sagacidade pop (aquela frase do título) com aspereza do rock (aqueles versos e a participação de talk-box de Perry). É uma receita que os sustentaria por várias décadas mais. No estilo tipicamente bagunçado do Aerosmith, a música foi parcialmente inspirada por um momento de caos da banda: Tyler estava com raiva de Perry, e da então esposa de Perry, por não compartilharem suas drogas com ele e descarregou sua fúria nas letras (“Você fala sobre coisas que ninguém se importa/Vestindo coisas que ninguém usa”). Mas como frequentemente faziam, a banda e o produtor Jack Douglas conseguiram juntar tudo no estúdio. Com a vulcânica “Sweet Emotion“, o Aerosmith sentiu que estava verdadeiramente pronto para conquistar não apenas bares e clubes, mas o mundo. — D.B.
1. ‘Walk This Way’ (1975)
“Walk This Way” mostra o Aerosmith em seu momento mais provocante, cheio de ritmo e no auge da forma — os “Bad Boys de Boston” em sua fase mais rebelde. Perry brilha com um riff de guitarra sujo e marcante, enquanto Tyler despeja sua poesia frenética e sexual. A música nasceu depois que a banda foi assistir ao novo filme de Mel Brooks, O Jovem Frankenstein (1974), e caiu na risada com a cena em que Marty Feldman e Gene Wilder fazem a piada do “walk this way” (“ande por aqui”). Mas o que começou como uma brincadeira virou um sucesso: a canção entrou para o Top 10, com o baterista Kramer adicionando um ritmo dançante inspirado no funk (ele já havia tocado com as lendas do R&B Tavares). Nos primeiros dias do hip-hop, DJs no sul do Bronx usavam a introdução da música como base para suas mixagens. Em 1986, o grupo Run-D.M.C. a reviveu em uma nova versão — que, embora tenha marcado o início do declínio deles, serviu para ressuscitar a carreira do Aerosmith. “Walk This Way” continua sendo o alicerce de toda a grandiosidade que a banda construiu ao longo de 50 anos. — R.S.
+++ SAIBA MAIS: Futuro incerto do Aerosmith: Joe Perry fala sobre limitações de Steven Tyler
+++ LEIA MAIS: Steven Tyler e Joe Perry tocam juntos pela 1ª vez desde 2023
+++ DESCUBRA: O músico do Aerosmith que superou mais rapidamente o fim da banda
+++ [LISTA]: Os 75 melhores álbuns de 1975
O post As 50 melhores músicas do Aerosmith, segundo Rolling Stone apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
As 50 melhores músicas do Aerosmith, segundo Rolling Stone

Por mais de 50 anos, o Aerosmith tem reinado como os guerreiros supremos do rock & roll americano. Os “Bad Boys de Boston” construíram um dos repertórios mais clássicos de todos os tempos, sem nunca fazer nada do jeito sensato. Eles estouraram nos anos setenta como o carro chefe do blues-metal, os monstros do gênero mais legais de todos: o ataque de guitarra de Joe Perry e Brad Whitford, o ritmo funk de Joey Kramer e Tom Hamilton, a tagarelice suja e desenfreada do maluco/poeta Steven Tyler.
Mas o Aerosmith também reinou como a irmandade mais disfuncional do rock, com cinco personalidades famosamente combativas. Esses caras batalharam, se cansaram, bateram no fundo do poço, mas sobreviveram para fazer um dos retornos mais bizarros da história da música. Nada poderia matar sua química estranha — nem drogas, nem desintoxicação, nem todos aqueles anos de caos do rock & roll. “Cometemos cada erro seis vezes”, Joe Perry disse a Rolling Stone em 2001. “Nós pagamos por toda essa porra. Eu saí da banda, Brad saiu da banda, a gente errou muito, assinamos contratos ruins, tivemos empresários ruins, tivemos bons empresários. Mas durante tudo isso, algo nos manteve juntos.”
Infelizmente, o Aerosmith acabou de ter que anunciar que eles finalmente estão parando como banda de turnê, depois que Tyler fraturou sua laringe no palco. Mas em honra a sua trajetória histórica, vamos celebrar esse legado com um tributo às 50 melhores músicas do Aerosmith. Algumas dessas melodias são mega-hits famosos que todo mundo conhece. Outras são lados B, valorizados por fãs vigorosos. Algumas são hinos de guitarra para bate cabelo; algumas são baladas da MTV. Mas essas 50 melodias clássicas definem o Aerosmith como os mais cruéis, mais sujos e maiores fora-da-lei do hard rock americano. Toque essas músicas alto para sempre, e continue sonhando.

50. ‘Make It’ (1973)
O Aerosmith deu o pontapé inicial em seu álbum de estreia com “Make It“, um dos mais icônicos hinos de “Boa noite, pessoal, bem-vindos ao show” do rock dos anos setenta. Foi uma declaração de missão. Eles tinham acabado de tomar a escolha decisiva de se mudar juntos para Boston, conseguir um apartamento e buscar sua fortuna. “Make It” é a música que Tyler compôs no banco de trás quando a banda dirigiu para lá. “Escrevi ‘Make It‘ num carro dirigindo de New Hampshire para Boston”, ele disse. “Tem aquela colina que você sobe e vê o horizonte de Boston.” Ele escreveu a letra numa caixa de lenços de papel, olhando para a cidade, pronto para perseguir o sonho. Toda a saga do Aerosmith começa aqui. — R.S.
49. ‘S.O.S. (Too Bad)’ (1974)
Este sucesso metálico do álbum Get Your Wings (1974) parece o Aerosmith no seu melhor rosnando. Tyler ronda com uma intensidade feroz. Kramer está segurando suas baquetas ao contrário, batendo com as pontas grossas só para ficar tão alto quanto humanamente possível. Mas é Perry quem rouba o show, com um solo de guitarra afiado numa lâmina de barbear enferrujada. Rápido e irregular, o toque de guitarra de Perry pinga com ameaça proto-metal, combinando com o ritmo maníaco definido pelo estoico deus do baixo Hamilton. O ano de 1974 foi um momento de fazer ou morrer para a banda de Boston, que estava constantemente no cepo da gravadora. “S.O.S.” é uma declaração de intenção de uma banda que sabia que tinha algo a provar — e provou com pura força. — S.G.
48. ‘Kings and Queens’ (1977)
Quem se importa se a letra de Tyler confunde viagens vikings com implementos de execução da revolução francesa? “Kings and Queens” contém uma das melodias mais ousadas e dramáticas do Aerosmith, e a ponte sombria acena para o Pink Floyd tanto quanto para as baladas passadas da banda como “Dream On“. Embora a canção parecesse um deslize comparada a tudo no álbum Rocks (1976) antes dela, em retrospectiva, é um testemunho de como as escolhas musicais certas (como a forma que Tyler geme “Screams of no reply” (“Gritos sem resposta”) podem elevar uma banda a um trono mais alto. — K.G.
47. ‘Fever’ (1993)
Get a Grip (1993) é o som do Aerosmith rasgando pela estrada do roqueiro de meia-idade: famintos por sucessos, mas felizes de estar ali. A produção polida está longe do grunhido de rock de garagem da banda dos anos setenta. Mas até os críticos teriam dificuldade em resistir à atração gravitacional de “Fever“, com sua energia delirante e aquelas harmonias excitadas na ponte. Nunca alguém a recuar de uma metáfora deliciosamente vulgar, Tyler canta: “The buzz that you’re getting from the crack don’t last, I’d rather be OD’ing in the crack of her ass.” (“O barato que você está tendo com o crack não dura, eu preferiria estar em overdose na fenda da bunda dela.”) É o Tyler clássico, regozijando-se na sacanagem e no absurdo de tudo, que é tudo que podemos pedir. — S.G.
46. ‘Remember (Walking in the Sand)’ (1979)
O Aerosmith abriu 1979 com Night in the Ruts (1979) olhando para trás em seu apogeu com “No Surprize“. O único lançamento do álbum de fraco desempenho foi outro gesto nostálgico, uma versão da obra-prima operística de grupo feminino das Shangri-Las de 1964, “Remember (Walking in the Sand)“, reformulada como uma grande balada de metal de arena. Pode ter parecido uma escolha estranha para os fãs do Aerosmith, mas conectava-se às raízes rock’n’roll novaiorquinas de Tyler. Ele tinha visto as Shangri-Las se apresentarem ao vivo antigamente, e a cantora das Shangri-Las, Mary Weiss, forneceu vocais de apoio (sem créditos) na versão do Aerosmith. — J.D.
45. ‘East Coast, West Coast’, do The Joe Perry Project (1981)
Perry deixou o Aerosmith em 1979 e formou rapidamente o The Joe Perry Project, argumentando que o vocalista da banda Ralph Mormon era um cantor melhor que Tyler, incluindo nas músicas do Aerosmith que Perry teimosamente manteve no repertório de sua nova banda. Mormon saiu após o surpreendentemente bom álbum de estreia de 1980, Let the Music Do the Talking, para ser substituído pelo cantor e compositor local Charlie Farren, que trouxe a sublime joia de metal pop “East Coast, West Coast” para o segundo LP do Project, I’ve Got the Rock and Rolls Again (1981). Estava no repertório da banda quando eles entraram em turnê em 2023, desta vez com Gary Cherone do Extreme nos vocais. — J.D.

44. ‘The Reason a Dog’ (1985)
“The reason a dog has so many friends? He wags his tail instead of his tongue.” (“A razão de um cachorro ter tantos amigos? Ele abana o rabo em vez da língua.”) Muito gentil da parte de Tyler oferecer dicas de etiqueta sobre manter a boca fechada, mas obviamente, ele nunca tentou seguir seu próprio conselho. “The Reason a Dog” é uma mistura enxuta e malvada de Done With Mirrors (1985), o álbum onde eles se reuniram com Perry e Whitford, aprendendo tudo de novo sobre como escrever músicas do Aerosmith. “Não quero que os fãs pensem que somos garotos americanos limpos e honrados”, disse Perry a Rolling Stone. “Mas somos americanos, e nós ficamos de pé.” Dois anos antes de Permanent Vacation (1987), é aqui que o verdadeiro retorno do Aerosmith começa. — R.S.
43. ‘Woman of the World’ (1974)
“Woman of the World” é uma entrada curiosa na obra do Aerosmith — uma das poucas faixas de blues-rock que celebra uma rica dona de gatos sem filhos com talento para receber visitas. Tyler canta suavemente: “She’s got big-eyed cats, she’s got coats of sable.” (“Ela tem gatos de olhos grandes, ela tem casacos de zibelina.”) Depois acrescenta: “She seats 44 at her dinner table,” (“Ela acomoda 44 em sua mesa de jantar”), sobre um ritmo de blues que é hipnótico e expansivo. O vocal de Tyler tem um toque distante e tranquilo, mesmo enquanto ele claramente continua trabalhando para imitar seu herói, James Brown. “Woman of the World” captura o Aerosmith num momento de formação, onde Perry e Tyler estavam apenas começando a descobrir sua dinâmica, mas já capazes de criar algo que transcendia suas influências. — S.G.
42. ‘Home Tonight’ (1976)
A confiança do Aerosmith estava tão alta em 1976 que eles decidiram encerrar Rocks superando Elton John. (É justo, já que Rock of the Westies de 1975 de Elton era basicamente sua versão de um álbum do Aerosmith.) “Home Tonight” é uma balada grandiosa de piano, vindo como um final surpresa em Rocks após um álbum inteiro de suas guitarras mais pesadas. Tyler se despede da audiência, com harmonias polidas até brilharem. Whitford fecha com seus solos de guitarra inflexivelmente ferozes — uma bela combinação. — R.S.
41. ‘Bolivian Ragamuffin’ (1982)
Esses foram os anos perdidos da banda no deserto, sem Perry ou Whitford. Mas “Bolivian Ragamuffin” é uma estranheza bizarra deliciosamente fora do padrão do Lado A de Rock in a Hard Place (1982). É a única vez que o Aerosmith tentou copiar o Rush, com Tyler reclamando sobre uma batida tirada direto de “The Spirit of Radio” — uma influência improvável, mas uma encruzilhada surpreendentemente bacana entre Megadon e “Mama Kin“. “Bolivian Ragamuffin” prova que até os álbuns mais ruins do Aerosmith geralmente têm pelo menos alguns tesouros enterrados — se você tiver estômago para caçá-los. (E se você está procurando neste álbum, não ignore “Joanie’s Butterfly.”) —R.S.
40. ‘Come Together’ (1978)
O musical cinematográfico de 1978 Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band foi uma catástrofe tão épica que quase destruiu as carreiras de Peter Frampton e dos Bee Gees perto do auge absoluto de sua fama. A única coisa boa que saiu dele foi a versão do Aerosmith de “Come Together“, que eles tocam durante um momento tipicamente incompreensível no filme onde Frampton e os Bee Gees tentam resgatar uma mulher amordaçada e amarrada a uma placa de neon. Termina com Frampton e Tyler brigando no palco, mas não importa. A música foi o último sucesso deles antes de Run-D.M.C. trazê-los de volta do esquecimento quase uma década depois. — A.G.
39. ‘I Don’t Want to Miss a Thing’ (1998)
Existem dois tipos de pessoas neste mundo: aquelas que veem “I Don’t Want to Miss a Thing” como uma balada poderosa açucarada e piegas que o Aerosmith nem escreveu, e aquelas que acham que é uma de suas melhores músicas dos anos 90 — uma balada irmã linda e épica de “Angel“. Embora seja verdade que Diane Warren escreveu o tema de Armageddon de 1998, ela admitiu que a banda e o produtor Matt Serletic foram responsáveis pelo gigante que se tornou. “Aquilo foi Steven sendo Steven, fazendo a merda legal que só ele pode fazer”, disse Warren, elogiando o arranjo de cordas e as oitavas dramáticas. “Lembro da primeira vez que ouvi e fiquei literalmente derrubada da minha cadeira de quão ótimo aquilo era.” —A.M.
38. ‘The Other Side’ (1989)
Ninguém consegue fazer “mmm-mmm-mmm” como Tyler. Combinado com a caixa de Kramer, a onomatopeia de Tyler anunciou a chegada do que é indiscutivelmente a faixa mais cativante de Pump (1989). É tão simples quanto o rock do fim dos anos 80 ficou, entre o baixo sem frescura de Hamilton, metais simples e brilhantes, e clichês fazendo papel de letras (“Between the devil and the deep blue sea!”; “Entre o diabo e o mar azul profundo!”). Não importa, “The Other Side” é irresistível — talvez demais. Os compositores de “Standing in the Shadow of Love” dos Four Tops ameaçaram ação legal pela melodia excessivamente similar do Aerosmith, resultando num crédito Holland/Dozier/Holland ao lado de Tyler e seu coautor Jim Vallance. —J.H.
37. ‘Combination’ (1976)
Nenhuma música no rock & roll incorpora a ideia de estar “elegantemente arrasado” como esta contribuição de Perry para Rocks (1976). A letra “Walking on Gucci, wearing Yves St. Laurent/barely staying on cause I’m so goddamn gaunt” (Andando de Gucci, vestindo Yves St. Laurent/mal conseguindo ficar em pé porque estou tão terrivelmente magro) expôs a elegância de estrela do rock. Perry na verdade faz mais do que apenas harmonizar com Tyler na música: ele canta a voz principal, quase. Em suas memórias, o guitarrista observou o ciúme que experimentava de seus companheiros de banda toda vez que se aproximava dos holofotes. “Depois de um tempo, porém, a banda cedeu e me apoiou, contanto que eu cantasse a música como uma espécie de dueto com Steven”, escreveu Perry sobre “Combination“. “Até hoje, [eu] fico surpreso com a frequência com que me pedem para tocá-la ao vivo.” —J.H.
36. ‘My Fist Your Face’ (1985)
Ninguém esperava nada do álbum de reunião do Aerosmith, Done With Mirrors (1985). Muito menos eles. “Sei que todo mundo vai perguntar se voltamos a ficar juntos por dinheiro”, disse Perry à Rolling Stone em 1984. “E é claro que sim.” No entanto, tinha sinais surpreendentes de vida, como esta pequena vinheta de briga de bar matadora. “My Fist Your Face” era punk o suficiente para os The Replacements tocarem na turnê de Tim (1985), plenamente conscientes de que nenhum de seus fãs a conheceria. “Os Quiet Riots e todos aqueles caras com couros e tachas e as pilhas de amplificadores Marshall que não estão ligados é melhor tomarem cuidado”, alardeou Perry. “Nós somos a banda sobre a qual sua mãe avisou você.” —R.S.
35. ‘You See Me Crying’ (1975)
Esta joia poderosa mostrou a banda experimentando como fazer a vulnerabilidade bater tão forte quanto sua pestana de guitarra mais pesada — uma habilidade que os serviria bem quando depois invadiram as paradas pop. Tyler pressionou a banda a gastar numa orquestra de 100 peças e assumiu o comando dos arranjos. É uma peça de piano enganosamente complexa, com mudanças de compasso e oscilações dinâmicas que combinam perfeitamente com a extensão vocal sobrenatural de Tyler. No entanto, apesar de todas as suas complexidades, “You See Me Crying” quase se perdeu na névoa dos excessos notórios da banda. Conta-se que Tyler — profundamente em estado alterado — uma vez ouviu a música no rádio e sugeriu que eles a regravassem, apenas para Perry responder: “Somos nós, cabeça de merda.” —S.G.

34. ‘Lightning Strikes’ (1982)
O Aerosmith estava totalmente fora de sincronia com as tendências de 1982, quando fizeram Rock in a Hard Place — isso mesmo, o álbum onde eles acharam que era legal colocar Stonehenge na capa. This Is Spinal Tap (1984) veio dois anos depois, e sim, Steven Tyler levou para o lado pessoal. Mas mesmo sem Joe Perry, o álbum tinha guitarras cruéis dos firmes substitutos Rick Dufay (pai da Minka Kelly!) e Jimmy Crespo. “Lightning Strikes” tem aquele velho poder de riff chicoteante e os jogos de palavras de Tyler, quando ele ameaça “ler seus direitos fúnebres.” —R.S.
33. ‘Dude (Looks Like a Lady)’ (1987)
Houve um tempo, não muito tempo atrás, quando você podia chamar uma música de “Dude (Looks Like a Lady)” e era totalmente socialmente aceitável. Na verdade, este foi o grande single do álbum que restabeleceu o Aerosmith como produtores de sucessos dos anos 80 depois que seu remake de “Walk This Way” com Run-D.M.C. ajudou a apresentá-los à geração MTV. Para conseguir a sagacidade pop de que precisavam, a banda se juntou a Desmond Child, recém-saído de seu trabalho mega-platinado com Bon Jovi. As letras foram inspiradas em eventos da vida real — ou seja, Tyler bêbado vendo uma loira gostosa de trás e então ficando chocado quando ela/ele acabou sendo o cantor do Mötley Crüe, Vince Neil. —J.D.
32. ‘Draw the Line’ (1977)
O Aerosmith tinha feito um álbum por ano durante quatro anos quando chegaram a Draw the Line de 1977, e seu esgotamento e consumo de drogas deram ao quinto álbum uma sensação única de desespero danificado. Com seu riff brutamontes e produção turva e nem-aí, a faixa-título soa mais cruel que muito do punk-rock surgindo no mesmo ano. Tyler explicou a letra “Carrie… was a wet-nap winner” assim: “Bem, um wet nap é algo com que você limpa bundas de bebês. Antigamente, se você tivesse sorte o suficiente de pegar uma aeromoça num avião e você saísse do banheiro, tudo que você tinha para limpar era um wet nap.” —J.D.
31. ‘Adam’s Apple’ (1975)
Deixe com o Aerosmith pegar a saga de Adão e Eva e torná-la ainda mais picante nesta faixa obscura de Toys in the Attic (1975). Sobre uma baixaria de guitarra martelante, Tyler apresenta sua própria teoria de possível intervenção alienígena (a “nave-mãe” que vem “do céu”), mas o que se segue poderia fazer um extraterrestre corar. Adão se delicia no “fruto doce e amargo” de Eva, e ela mesma “comeu — Senhor, foi amor à primeira mordida.” Ainda assim, o mais fascinante sobre “Adam’s Apple” é a solenidade com que Tyler a encara, até lamentando a maneira como “o mal veio como chuva” depois que são expulsos do Jardim do Éden. Bastou o fim da inocência do homem para assustar Tyler. —D.B.
30. ‘Let the Music Do the Talking’ (1985)
Nos anos em que o Aerosmith estava brigando com Perry, foi o guitarrista quem realmente manteve a chama acesa. Todos os três álbuns de seu Projeto Joe Perry ainda são guardados. (Podemos receber um amém para “Black Velvet Pants“? “South Station Blues“? Que tal “I’ve Got the Rock & Rolls Again“?) Mas o auge foi sua música-título arrasadora de 1980 Let the Music Do the Talking. Então, quando Perry voltou ao Aerosmith, eles sabiamente a reviveram como o single e faixa de abertura de Done With Mirrors de 1985. Um caso raro desta banda tomar uma decisão sensata de carreira. —R.S.
29. ‘Chip Away the Stone’ (1978)
O grande sucesso perdido do Aerosmith, um favorito cult valorizado por conhecedores fervorosos. “Chip Away the Stone” é uma valentia rude de country ao estilo Skynyrd, escrita pelo amigo e colaborador de longa data Richie Supa. Como single ao vivo, fracassou no número 77, quebrando sua sequência de sucessos no Top 40. Mas a versão de estúdio muito superior foi enterrada no Lado B, e nem sequer apareceu num álbum até uma década depois, na coletânea Gems (1988). Uma banda mais sensata teria escolhido a “Chip Away the Stone” de estúdio como o single — poderia ter sido o sucesso de rádio salvador de carreira de que eles desesperadamente precisavam. Mas em 1978, Aerosmith e sanidade nem estavam conversando. —R.S.
28. ‘Crazy’ (1993)
Pelos padrões de hoje, escalar sua filha de 16 anos como uma estudante de colegial sexy num vídeo onde ela nada nua, entra num concurso numa casa de strip, e dirige por aí de sutiã ao lado de outra garota má adolescente, interpretada por Alicia Silverstone, parece bem perturbador. Bem, era perturbador em 1993, mas o Aerosmith não dava a mínima. O vídeo transformou Liv Tyler (que tinha acabado de descobrir que Steven Tyler era seu pai) numa estrela, e transformou “Crazy” em mais um sucesso gigante de Get a Grip (1993). —A.G.
27. ‘Big Ten Inch Record’ (1975)
O Aerosmith já tinha regravado “Train Kept a Rollin’” e “Walkin’ the Dog” em álbuns anteriores, mas há algo especialmente comovente em ouvir a banda que deu ao mundo “Back in the Saddle” e “Lord of the Thighs” prestar homenagem às raízes do rock de duplo sentido com sua versão boogie-woogie do clássico blues fálico de 1952 de Bull Moose Jackson. Eles mandam com afeto real, caras do rock pesado prestando homenagem a um precursor estético. —J.D.
26. ‘Rats in the Cellar’ (1976)
Um ano depois de “Toys in the Attic“, o Aerosmith virou a casa da diversão de cabeça para baixo para a sequência, “Rats in the Cellar“. Mas é um conto mais sombrio e sinistro, capturando o momento em que todos os cinco membros da banda estavam acelerando em direção ao desastre. “‘Rats‘ é mais como o que estava realmente acontecendo”, Tyler recordou em seu livro de memórias Does the Noise in My Head Bother You? (2004) “As coisas estavam desmoronando, a sanidade estava fugindo para o sul, a cautela foi jogada ao vento, e aos poucos o caos estava se mudando permanentemente.” —R.S.

25. ‘Angel’ (1987)
O Aerosmith não era uma banda de hair metal. Mas eles tiraram uma página do manual do hair metal ao seguir um hino de rock, “Dude (Looks Like a Lady)“, com uma balada de amor, “Angel“, ao escolher singles de Permanent Vacation (1987). Escrita por Tyler e Desmond “Livin’ on a Prayer” Child, a música solidificou um dos retornos mais improváveis da história do rock ao atingir o Número Três na Billboard Hot 100. Isso pode ter horrorizado fãs da velha guarda que ainda se apegavam aos seus antigos fitas oito-track de Toys in the Attic (1975) e Rocks (1976), mas este era o Aerosmith para uma nova geração. —A.G.
24. ‘Lord of the Thighs’ (1974)
“Lord of the Thighs” é uma faixa tão mergulhada em baixaria que praticamente deixa uma mancha no seu toca-discos. Mas por baixo da sujeira, há a batida embrionária que eventualmente evoluiria para “Walk This Way“. O trabalho de pés de Kramer no bumbo, perfeitamente sincronizado com o riff serpenteante de guitarra de Perry, estabelece uma batida tão primitiva quanto precisa: apenas dois e quatro por cima, com colcheias nos chimbal impulsionando o ritmo. Da lama surgiu um som perturbador e estranhamente sedutor — uma batida gritante que enredaria gerações de guitarristas de rock vindouros. —S.G.
23. ‘Nobody’s Fault’ (1976)
No início, o Aerosmith às vezes era descartado como uma imitação dos Stones, mas este tesouro enterrado de Rocks (1976), escrito por Tyler e Whitford, prova que eles podiam acenar para o Led Zeppelin com desenvoltura genuína. Tyler empurra sua voz para guinchar como Plant, e as guitarras e a pancada de bateria do martelo dos deuses são puro Page e Bonham. Adicione provavelmente as letras mais sombriamente apocalípticas que a banda já escreveu — conjurando terremotos, casas desabadas, pássaros batendo asas desesperadamente, e Terras Santas em decomposição — e você tem um verdadeiro apocalipse santo de arrepiar. (E foi só coincidência que o Zeppelin lançou “Nobody’s Fault But Mine” no mesmo ano?) —D.B.
22. ‘Same Old Song and Dance’ (1974)
O primeiro single de Get Your Wings de 1974 era tudo menos a mesma velha história. Os Bad Boys de Boston estão particularmente ferozes aqui, apoiando-se pesadamente no riff forte de Perry e nas rimas cantadas de Tyler sobre matar, cocaína e um juiz com “prisão de ventre” que vai até a cabeça. “Get yourself cooler, lay yourself low/coincidental murder with nothing to show” (Fique mais frio, abaixe-se/assassinato coincidente sem nada para mostrar), grita Tyler para abrir a faixa, que aparecia frequentemente no repertório da banda: eles a tocaram pela primeira vez em 1973, e novamente 50 anos depois em Pittsburgh — no que seria a penúltima apresentação ao vivo do Aerosmith. —J.H.
21. ‘Livin’ on the Edge’ (1993)
Uma dose sóbria de comentário social após a agitação civil em Los Angeles que seguiu quatro policiais espancando Rodney King em 1992, “Livin’ on the Edge” encontra Tyler espiando no abismo sem muita esperança. “Estamos vivendo no limite”, canta Tyler, enquanto os vocais de fundo o provocam: “Você não pode evitar de cair.” É um problema sem solução, mas o Aerosmith fez soar ótimo com a guitarra de sino de Perry e alguns toques country. Além disso, a música tem um dos vídeos mais malucos dos anos 90, apresentando o garoto de O Exterminador do Futuro 2 (1991) jogando fora uma embalagem de camisinha, Perry desviando de um trem em disparada, e a glória que é Steven Tyler nu. —K.G.

20. ‘No Surprize’ (1979)
No final dos anos 1970, com a banda desmoronando, os garotos do Aerosmith dão uma olhada para trás em seu auge. “No Surprize” é uma das músicas mais cruéis e engraçadas de “como a banda começou” em todo o mundo do rock, um passeio sardônico pelos seus primeiros dias: tocando em botecos, se deliciando na baixaria de Nova York do Max’s Kansas City, assinando na linha pontilhada com Clive Davis, conseguindo drogas com os policiais. Tyler rosna sobre ser enganado pelos tubarões da indústria, perguntando: “Se japoneses podem ferver chás, então onde diabos estão meus royalties?” Na guitarra, Perry soa como o rei do mundo. Mas quando esta música foi lançada, ele estava fora da banda. —R.S.
19. ‘Jaded’ (2001)
A última grande música do Aerosmith, e seu último sucesso, chegando ao Número Sete no início de 2001. Tudo sobre “Jaded” foi impecável, incluindo o timing — estava no Top 10 na semana em que foram incluídos no Hall da Fama do Rock & Roll. De todos os veteranos no Hall, quantos podem se vangloriar de ter tido um novo sucesso estrondoso para tocar na cerimônia, muito menos um tão grande? (Eles deixaram Justin Timberlake cantar o refrão no Super Bowl — essa foi uma decisão nteressante.) “Jaded” é um envio agridoce às suas três primeiras décadas, com Tyler lamentando: “Meu, meu baby blue.” Linda, elegíaca, mas sem sentimentalismo — uma maneira graciosa de completar um dos melhores repertórios do rock. —R.S.
18. ‘What It Takes’ (1989)
Embora este destaque de Pump de 1989 seja considerado uma balada poderosa, tem muito mais em comum com uma música country de varanda. Credite isso à entrega descontraída de Tyler, à presença sutil de acordeão, e ao fato de que, em seu núcleo, é uma música de separação à moda antiga. A banda até a apresenta num bar caipira no vídeo oficial (embora sejamos sempre parciais à versão alternativa no estúdio). Escrita por Tyler e Perry com Desmond Child, o mestre da balada poderosa, “What It Takes” foi um ponto alto toda vez que o Aerosmith a tocou ao vivo, com Tyler provocando a plateia — “Não, não, assim” — antes de guinchar o “lance de dados” final. —J.H.
17. ‘Sick as a Dog’ (1976)
“Sick as a Dog” é um destaque esquecido de Rocks (1976), mas é o Aerosmith em seu mais musicalmente feroz e emocionalmente cru, com harmonias assombrosas e o arranjo de guitarra metal-estilo-Byrds de Hamilton. Tyler canta sobre duas crianças perdidas na estrada, longe de casa, tentando manter uma à outra vivas através de uma longa noite de drogas e desespero. Enquanto ele implora: “You’re the only friend I got/You’ll be the last to see me rot.” (Você é o único amigo que tenho/Você será o último a me ver apodrecer) A música termina com palmas, diretamente do manual das Shangri-Las. Eles editaram “Sick as a Dog” ao vivo no estúdio, com Hamilton na guitarra e Perry no baixo. No último minuto, Perry passou o baixo para Tyler e terminou a música na guitarra, enquanto a fita continuava rodando. — R.S.
16. ‘Cryin” (1993)
Não havia muitas estrelas do rock na casa dos 40 anos na MTV em 1993. É por isso que o Aerosmith fez a escolha brilhante de escalar Alicia Silverstone de 17 anos como a estrela do vídeo de “Cryin’“, o terceiro single de Get a Grip (1993). O vídeo onde ela interpreta uma namorada rejeitada que se vinga do homem traidor tocou na MTV em um loop quase constante por meses, disparando a música para o Número Um na Billboard Hot 100, e ajudando Get a Grip a vender impressionantes 20 milhões de discos no mundo todo. Foi tão bem-sucedido que Silverstone estrelou os próximos dois vídeos do Aerosmith, o que a ajudou a conseguir o papel principal num filmezinho chamado As Patricinhas de Beverly Hills (1995). — A.G.

15. ‘Train Kept a Rollin” (1974)
No início, a pérola do blues “Train Kept a-Rollin’” era filha de Tiny Bradshaw, que gerou a versão acelerada de Johnny Burnette, que gerou a versão do Yardbirds de Blowup (1966), que gerou a versão conduzida pelo Led Zeppelin, que gerou a versão de parar o trânsito do Aerosmith, transformando esse trem no Novo Testamento do rock pesado do rádio FM. Embora a banda tenha estreado uma versão de estúdio de cinco minutos e meio da música em Get Your Wings (1974), a música sempre soava melhor no palco, onde eles aceleravam e desaceleravam como se o trem estivesse vivo e fora de controle e pronto para arrasar, assim como o Aerosmith. — K.G.
14. ‘Lick and a Promise’ (1976)
Era divertido assim ser o Aerosmith nos anos 70, até que não foi mais. “Lick and a Promise” é uma explosão em série de Rocks (1976), com Whitford e Perry arrasando em seu modo característico rápido e pesado. O ritmo maníaco e o caos químico já estavam os alcançando — como Perry disse: “Começamos como uma banda de rock brincando com drogas, depois nos tornamos uma banda de drogas brincando com rock.” Mas nesta empolgação desenfreada, eles continuam dançando no limite — uma das músicas mais puramente alegres que o Aerosmith já fez. Aquele gancho “na-na-na-na-na” era tão indelével que eles o reciclaram anos depois no refrão de seu sucesso de 2001 “Jaded“. — R.S.
13. ‘Amazing’ (1993)
O Aerosmith atingiu o zênite de sua era de baladas poderosas dos anos 90 com “Amazing“, conquistando a MTV com sua icônica trilogia Alicia Silverstone. “Amazing” veio entre “Cryin’” e “Crazy“, mas, como O Poderoso Chefão, esta é uma trilogia que atinge o pico no capítulo do meio. O vídeo tinha um tema de “ciberespaço” bastante bobo — talvez não o melhor uso das habilidades dramáticas de Silverstone, tão adequadas para chutar bandidos na calçada. Mas é uma meditação ao piano genuinamente comovente sobre sobriedade e o trabalho duro necessário para se manter firme. “Amazing” dispara para os céus nos minutos finais, com um longo, amplo e glorioso solo de guitarra de Perry. — R.S.
12. ‘Rag Doll’ (1988)
Para o terceiro single de Permanent Vacation (1988), o Aerosmith recorreu ao médico de músicas de Bryan Adams, Jim Vallance, coautor de “Run to You“, “Cuts Like a Knife” e “Summer of ’69“. Ele os ajudou a criar esta fusão propulsora de blues rock e metal hair, completa com guitarra slide e uma seção de metais. Eles originalmente a chamaram de “Ragtime“, mas Holly Knight (coautora de “Love Is a Battlefield” de Pat Benatar) sugeriu que mudassem para “Rag Doll“. O vídeo se passa num universo onde Tyler aparentemente está tendo casos com todas as jovens mulheres de uma rua suburbana. — A.G.
11. ‘Last Child’ (1976)
Cheia de funk, suja e inconfundivelmente Aerosmith, “Last Child” é um sonho febril presunçoso e sulista e o coração caipira de sua obra-prima de blues pesado Rocks (1976). Whitford coescreveu a música e a construiu em torno de seu riff de guitarra encardido que é tão contagioso que basicamente tem sido um gatilho pavloviano para públicos de shows desde então. A seção rítmica — Kramer na bateria, Hamilton no baixo — estabelece uma fundação “funkificada” que dá a Tyler todo o espaço que ele precisa para sua poesia maluca de varanda: “Can’t catch no dose of my hot tail poon tang sweetheart sweat hog” (Não consigo pegar nenhuma dose da minha gostosa poon tang querida porco suado). No mundo do Aerosmith, onde sentido e absurdo tendem a se confundir, tudo simplesmente funciona. — S.G.
10. ‘Love in an Elevator’ (1989)
Ao longo da história do rock, artistas escreveram músicas inescrutáveis onde o significado lírico fica a critério do ouvinte. “Love in an Elevator” não é uma delas. É sobre Tyler desfrutando de relações carnais num elevador. Se houvesse alguma dúvida sobre isso, o que seria quase impossível considerando o título e cada palavra da música, ela começa com uma operadora de elevador dizendo: “Bom dia Sr. Tyler, indo… para baixo?” (Ela está se referindo tanto ao movimento do elevador quanto fazendo uma referência velada a sexo oral.) Lançada no auge do movimento hair metal, a música se encaixou perfeitamente com novos lançamentos de Poison, Mötley Crüe e Warrant, e deu ao Aerosmith o single de abertura perfeito para Pump (1989). — A.G.
9. ‘No More No More’ (1975)
A declaração existencial definitiva do Aerosmith, sobre a jornada insana e interminável de tocar numa banda de rock & roll. Tyler soa como um vampiro cansado da estrada quando grita: “Ain’t seen the daylight since I started this band.” (Não vejo a luz do dia desde que comecei esta banda.)” – uma frase boa o suficiente para os Beastie Boys roubarem em “No Sleep ‘Til Brooklyn”. “No More No More” é um turbilhão de Holiday Inns, bares enfumaçados, noites tardias, estranhos drogados e a ida de carro para a próxima cidade, com um tom melancólico nos floreios acústicos. Perry conta seu lado da história, se estendendo nos minutos finais para seu solilóquio de guitarra mais elegíaco. — R.S.
8. ‘Seasons of Wither’ (1974)
Deprimente, cara. Esta balada química zonza revela o espírito sensível escondido por trás da presunção de “Lord of the Thighs” da banda. Tyler a escreveu num Halloween quando estava morando numa fazenda de galinhas em Vermont com o baterista Kramer. “Desci para o porão, queimei um incenso e peguei este violão que Joey tinha encontrado num lixão em algum lugar”, Tyler recordou em 1991. “Estava afinado bem mal, e tinha um tom especial. E aquela afinação forçou aquela música para fora.” “Seasons of Wither” tinha uma gravidade proto-grunge muito além do que as pessoas presumiam que esta banda poderia alcançar. Você pode praticamente sentir os ventos frios da Nova Inglaterra se aproximando. — R.S.
7. ‘Toys in the Attic’ (1975)
Com seus riffs de locomotiva e melodias cheias de teias de aranha, “Toys in the Attic” arrasa tanto que é fácil perder o quão profunda ela é. Letras como “Leaving the things that you love from mind/All of the things that you learned from fears/Nothing is left for the years” (Deixando as coisas que você ama longe da mente/Todas as coisas que você aprendeu com medos/Nada sobra para os anos) são poéticas de uma maneira similar ao refrão “Turn off your mind/Relax, and float downstream/It is not dying” (Desligue sua mente/Relaxe e flutue rio abaixo/Não é morrer) na artística “Tomorrow Never Knows” dos Beatles. Mas como o Aerosmith toca direto com abandono de invadir-os-portões-do-Inferno, e Tyler transformou o refrão “Toys! Toys! Toys… in the attic” (Brinquedos! Brinquedos! Brinquedos… no sótão) num erguedor de cerveja sob medida nos shows, o hippismo psicodélico de tudo é fácil de digerir. “Joe [Perry] estava só fazendo um riff, e eu comecei a gritar: ‘Toys, toys, toys… ‘”, Tyler lembrou. “Orgânico, imediato, contagioso… incrível pra caralho. Mais uma vez, os Gêmeos Tóxicos cavalgam para o pôr do sol… desta vez, o pôr do sol do sótão.” — K.G.
6. ‘Mama Kin’ (1973)
“Mama Kin” era o hino que definia o estilo de vida do Aerosmith. Tyler a escreveu antes de entrar para a banda, um sábio hippie místico preso no corpo de uma estrela do rock. “As pessoas sempre perguntam: ‘O que é ‘mama kin’?’” ele disse a Rolling Stone em 2001. “É a mãe de tudo. É o desejo de escrever música, o desejo de transar, de passar pelo relacionamento com uma garota, ou o que quer que seja. Manter contato com mama kin significa manter contato com os velhos espíritos que te levaram até lá para começar.” Tyler era tão devotado à sua mensagem espiritual que tatuou “MA KIN” no braço. Magricelo que é, ele não tinha braço suficiente para caber o título inteiro. — R.S.

5. ‘Janie’s Got a Gun’ (1989)
“Janie’s Got a Gun” se destaca como um dos triunfos mais improváveis do rock. Em 1989, enquanto surfavam alto numa onda de seu ressurgimento comercial, o Aerosmith lançou esta obra noir audaciosa — um conto sem rodeios de vingança, incesto e assassinato. A faixa abre com um prelúdio assustador de gongo de vento e harmônica de vidro, antes de Tyler soltar seu uivo do ponto de vista de uma garota traumatizada. Nada disso deveria ter funcionado — mas contra todas as probabilidades concebíveis, se tornou um dos maiores sucessos da década. Rendeu ao Aerosmith um Grammy e, graças ao vídeo musical que tomou conta da MTV, dirigido por um David Fincher pré-Clube da Luta (1999), relevância cultural renovada. A habilidade de Tyler de habitar a psique de personagens improváveis estava em plena exibição — uma abordagem narrativa que ele empregou em faixas anteriores como “Uncle Salty“, onde ele deu voz a um menino órfão abusado. Mas com “Janie“, ele mergulha ainda mais fundo em seu medo e raiva, entregando o que pode ser a interpretação vocal mais poderosa de sua carreira. — S.G.
4. ‘Back in the Saddle’ (1976)
Perry escreveu o riff enrolado e retumbante de “Back in the Saddle” em seu baixo de seis cordas, deitado de costas em seu quarto enquanto drogado. “Foi uma daquelas músicas que realmente abriu as coisas para nós”, ele recordou depois. “Back in the Saddle” abre o álbum clássico de 1976 do Aerosmith, Rocks, o melhor álbum de hard- rock americano dos anos 1970. Tyler amarrou pandeiros em suas pernas para soar como esporas tilintantes quando ele pisava com o groove ameaçador e enganosamente complexo da música enquanto cantava suas letras de cowboy sexual, e eles até trouxeram um chicote para o estúdio. Essas teatralidades os colocaram no clima para atingir o ideal Platônico de majestade de fora-da-lei vagabundo. — J.D.
3. ‘Dream On’ (1973)
Tyler tinha apenas 24 anos quando gravou “Dream On“, mas soava três vezes mais velho com a maneira que gritava sobre ver rugas em seu rosto e lamentando em letras como: “Você tem que perder para saber como ganhar.” A música de alguma forma se tornou o maior sucesso do Aerosmith dos anos 1970. Mas no contexto da carreira de blues-rock da banda, é sua música menos “Aerosmithiana”, já que Tyler passa a maior parte dela numa viagem ruim, apertando as teclas de seu cravo e cantando em sua voz natural mais grave (embora ele eleve as coisas a um grito demoníaco no final). “Quando escrevi ‘Dream On‘, pensei: ‘De onde isso veio?’” Tyler disse a Rolling Stone. “Não questionei. Quando leio as letras agora, para um cara que estava chapado, estúpido e babando, consegui tirar algo de lá: ‘O passado se foi/Passou como o crepúsculo ao amanhecer.’” Para o Aerosmith, foi um começo improvável. — K.G.
2. ‘Sweet Emotion’ (1975)
Em 1975, o Aerosmith já tinha lançado dois álbuns e tinha legado ao mundo futuros clássicos como “Dream On” e “Mama Kin“. Mas “Sweet Emotion“, o primeiro single lançado de Toys in the Attic (1975), parecia algo diferente — o começo de um Aerosmith mais sólido, mais ousado e mais confiante, tomando forma diante de nossos ouvidos. Não é apenas a autoconfiança inabalável com que a banda toca, mas a maneira como “Sweet Emotion” mistura perfeitamente sagacidade pop (aquela frase do título) com aspereza do rock (aqueles versos e a participação de talk-box de Perry). É uma receita que os sustentaria por várias décadas mais. No estilo tipicamente bagunçado do Aerosmith, a música foi parcialmente inspirada por um momento de caos da banda: Tyler estava com raiva de Perry, e da então esposa de Perry, por não compartilharem suas drogas com ele e descarregou sua fúria nas letras (“Você fala sobre coisas que ninguém se importa/Vestindo coisas que ninguém usa”). Mas como frequentemente faziam, a banda e o produtor Jack Douglas conseguiram juntar tudo no estúdio. Com a vulcânica “Sweet Emotion“, o Aerosmith sentiu que estava verdadeiramente pronto para conquistar não apenas bares e clubes, mas o mundo. — D.B.
1. ‘Walk This Way’ (1975)
“Walk This Way” mostra o Aerosmith em seu momento mais provocante, cheio de ritmo e no auge da forma — os “Bad Boys de Boston” em sua fase mais rebelde. Perry brilha com um riff de guitarra sujo e marcante, enquanto Tyler despeja sua poesia frenética e sexual. A música nasceu depois que a banda foi assistir ao novo filme de Mel Brooks, O Jovem Frankenstein (1974), e caiu na risada com a cena em que Marty Feldman e Gene Wilder fazem a piada do “walk this way” (“ande por aqui”). Mas o que começou como uma brincadeira virou um sucesso: a canção entrou para o Top 10, com o baterista Kramer adicionando um ritmo dançante inspirado no funk (ele já havia tocado com as lendas do R&B Tavares). Nos primeiros dias do hip-hop, DJs no sul do Bronx usavam a introdução da música como base para suas mixagens. Em 1986, o grupo Run-D.M.C. a reviveu em uma nova versão — que, embora tenha marcado o início do declínio deles, serviu para ressuscitar a carreira do Aerosmith. “Walk This Way” continua sendo o alicerce de toda a grandiosidade que a banda construiu ao longo de 50 anos. — R.S.
+++ SAIBA MAIS: Futuro incerto do Aerosmith: Joe Perry fala sobre limitações de Steven Tyler
+++ LEIA MAIS: Steven Tyler e Joe Perry tocam juntos pela 1ª vez desde 2023
+++ DESCUBRA: O músico do Aerosmith que superou mais rapidamente o fim da banda
+++ [LISTA]: Os 75 melhores álbuns de 1975
O post As 50 melhores músicas do Aerosmith, segundo Rolling Stone apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
As 50 melhores músicas do Aerosmith, segundo Rolling Stone

Por mais de 50 anos, o Aerosmith tem reinado como os guerreiros supremos do rock & roll americano. Os “Bad Boys de Boston” construíram um dos repertórios mais clássicos de todos os tempos, sem nunca fazer nada do jeito sensato. Eles estouraram nos anos setenta como o carro chefe do blues-metal, os monstros do gênero mais legais de todos: o ataque de guitarra de Joe Perry e Brad Whitford, o ritmo funk de Joey Kramer e Tom Hamilton, a tagarelice suja e desenfreada do maluco/poeta Steven Tyler.
Mas o Aerosmith também reinou como a irmandade mais disfuncional do rock, com cinco personalidades famosamente combativas. Esses caras batalharam, se cansaram, bateram no fundo do poço, mas sobreviveram para fazer um dos retornos mais bizarros da história da música. Nada poderia matar sua química estranha — nem drogas, nem desintoxicação, nem todos aqueles anos de caos do rock & roll. “Cometemos cada erro seis vezes”, Joe Perry disse a Rolling Stone em 2001. “Nós pagamos por toda essa porra. Eu saí da banda, Brad saiu da banda, a gente errou muito, assinamos contratos ruins, tivemos empresários ruins, tivemos bons empresários. Mas durante tudo isso, algo nos manteve juntos.”
Infelizmente, o Aerosmith acabou de ter que anunciar que eles finalmente estão parando como banda de turnê, depois que Tyler fraturou sua laringe no palco. Mas em honra a sua trajetória histórica, vamos celebrar esse legado com um tributo às 50 melhores músicas do Aerosmith. Algumas dessas melodias são mega-hits famosos que todo mundo conhece. Outras são lados B, valorizados por fãs vigorosos. Algumas são hinos de guitarra para bate cabelo; algumas são baladas da MTV. Mas essas 50 melodias clássicas definem o Aerosmith como os mais cruéis, mais sujos e maiores fora-da-lei do hard rock americano. Toque essas músicas alto para sempre, e continue sonhando.

50. ‘Make It’ (1973)
O Aerosmith deu o pontapé inicial em seu álbum de estreia com “Make It“, um dos mais icônicos hinos de “Boa noite, pessoal, bem-vindos ao show” do rock dos anos setenta. Foi uma declaração de missão. Eles tinham acabado de tomar a escolha decisiva de se mudar juntos para Boston, conseguir um apartamento e buscar sua fortuna. “Make It” é a música que Tyler compôs no banco de trás quando a banda dirigiu para lá. “Escrevi ‘Make It‘ num carro dirigindo de New Hampshire para Boston”, ele disse. “Tem aquela colina que você sobe e vê o horizonte de Boston.” Ele escreveu a letra numa caixa de lenços de papel, olhando para a cidade, pronto para perseguir o sonho. Toda a saga do Aerosmith começa aqui. — R.S.
49. ‘S.O.S. (Too Bad)’ (1974)
Este sucesso metálico do álbum Get Your Wings (1974) parece o Aerosmith no seu melhor rosnando. Tyler ronda com uma intensidade feroz. Kramer está segurando suas baquetas ao contrário, batendo com as pontas grossas só para ficar tão alto quanto humanamente possível. Mas é Perry quem rouba o show, com um solo de guitarra afiado numa lâmina de barbear enferrujada. Rápido e irregular, o toque de guitarra de Perry pinga com ameaça proto-metal, combinando com o ritmo maníaco definido pelo estoico deus do baixo Hamilton. O ano de 1974 foi um momento de fazer ou morrer para a banda de Boston, que estava constantemente no cepo da gravadora. “S.O.S.” é uma declaração de intenção de uma banda que sabia que tinha algo a provar — e provou com pura força. — S.G.
48. ‘Kings and Queens’ (1977)
Quem se importa se a letra de Tyler confunde viagens vikings com implementos de execução da revolução francesa? “Kings and Queens” contém uma das melodias mais ousadas e dramáticas do Aerosmith, e a ponte sombria acena para o Pink Floyd tanto quanto para as baladas passadas da banda como “Dream On“. Embora a canção parecesse um deslize comparada a tudo no álbum Rocks (1976) antes dela, em retrospectiva, é um testemunho de como as escolhas musicais certas (como a forma que Tyler geme “Screams of no reply” (“Gritos sem resposta”) podem elevar uma banda a um trono mais alto. — K.G.
47. ‘Fever’ (1993)
Get a Grip (1993) é o som do Aerosmith rasgando pela estrada do roqueiro de meia-idade: famintos por sucessos, mas felizes de estar ali. A produção polida está longe do grunhido de rock de garagem da banda dos anos setenta. Mas até os críticos teriam dificuldade em resistir à atração gravitacional de “Fever“, com sua energia delirante e aquelas harmonias excitadas na ponte. Nunca alguém a recuar de uma metáfora deliciosamente vulgar, Tyler canta: “The buzz that you’re getting from the crack don’t last, I’d rather be OD’ing in the crack of her ass.” (“O barato que você está tendo com o crack não dura, eu preferiria estar em overdose na fenda da bunda dela.”) É o Tyler clássico, regozijando-se na sacanagem e no absurdo de tudo, que é tudo que podemos pedir. — S.G.
46. ‘Remember (Walking in the Sand)’ (1979)
O Aerosmith abriu 1979 com Night in the Ruts (1979) olhando para trás em seu apogeu com “No Surprize“. O único lançamento do álbum de fraco desempenho foi outro gesto nostálgico, uma versão da obra-prima operística de grupo feminino das Shangri-Las de 1964, “Remember (Walking in the Sand)“, reformulada como uma grande balada de metal de arena. Pode ter parecido uma escolha estranha para os fãs do Aerosmith, mas conectava-se às raízes rock’n’roll novaiorquinas de Tyler. Ele tinha visto as Shangri-Las se apresentarem ao vivo antigamente, e a cantora das Shangri-Las, Mary Weiss, forneceu vocais de apoio (sem créditos) na versão do Aerosmith. — J.D.
45. ‘East Coast, West Coast’, do The Joe Perry Project (1981)
Perry deixou o Aerosmith em 1979 e formou rapidamente o The Joe Perry Project, argumentando que o vocalista da banda Ralph Mormon era um cantor melhor que Tyler, incluindo nas músicas do Aerosmith que Perry teimosamente manteve no repertório de sua nova banda. Mormon saiu após o surpreendentemente bom álbum de estreia de 1980, Let the Music Do the Talking, para ser substituído pelo cantor e compositor local Charlie Farren, que trouxe a sublime joia de metal pop “East Coast, West Coast” para o segundo LP do Project, I’ve Got the Rock and Rolls Again (1981). Estava no repertório da banda quando eles entraram em turnê em 2023, desta vez com Gary Cherone do Extreme nos vocais. — J.D.

44. ‘The Reason a Dog’ (1985)
“The reason a dog has so many friends? He wags his tail instead of his tongue.” (“A razão de um cachorro ter tantos amigos? Ele abana o rabo em vez da língua.”) Muito gentil da parte de Tyler oferecer dicas de etiqueta sobre manter a boca fechada, mas obviamente, ele nunca tentou seguir seu próprio conselho. “The Reason a Dog” é uma mistura enxuta e malvada de Done With Mirrors (1985), o álbum onde eles se reuniram com Perry e Whitford, aprendendo tudo de novo sobre como escrever músicas do Aerosmith. “Não quero que os fãs pensem que somos garotos americanos limpos e honrados”, disse Perry a Rolling Stone. “Mas somos americanos, e nós ficamos de pé.” Dois anos antes de Permanent Vacation (1987), é aqui que o verdadeiro retorno do Aerosmith começa. — R.S.
43. ‘Woman of the World’ (1974)
“Woman of the World” é uma entrada curiosa na obra do Aerosmith — uma das poucas faixas de blues-rock que celebra uma rica dona de gatos sem filhos com talento para receber visitas. Tyler canta suavemente: “She’s got big-eyed cats, she’s got coats of sable.” (“Ela tem gatos de olhos grandes, ela tem casacos de zibelina.”) Depois acrescenta: “She seats 44 at her dinner table,” (“Ela acomoda 44 em sua mesa de jantar”), sobre um ritmo de blues que é hipnótico e expansivo. O vocal de Tyler tem um toque distante e tranquilo, mesmo enquanto ele claramente continua trabalhando para imitar seu herói, James Brown. “Woman of the World” captura o Aerosmith num momento de formação, onde Perry e Tyler estavam apenas começando a descobrir sua dinâmica, mas já capazes de criar algo que transcendia suas influências. — S.G.
42. ‘Home Tonight’ (1976)
A confiança do Aerosmith estava tão alta em 1976 que eles decidiram encerrar Rocks superando Elton John. (É justo, já que Rock of the Westies de 1975 de Elton era basicamente sua versão de um álbum do Aerosmith.) “Home Tonight” é uma balada grandiosa de piano, vindo como um final surpresa em Rocks após um álbum inteiro de suas guitarras mais pesadas. Tyler se despede da audiência, com harmonias polidas até brilharem. Whitford fecha com seus solos de guitarra inflexivelmente ferozes — uma bela combinação. — R.S.
41. ‘Bolivian Ragamuffin’ (1982)
Esses foram os anos perdidos da banda no deserto, sem Perry ou Whitford. Mas “Bolivian Ragamuffin” é uma estranheza bizarra deliciosamente fora do padrão do Lado A de Rock in a Hard Place (1982). É a única vez que o Aerosmith tentou copiar o Rush, com Tyler reclamando sobre uma batida tirada direto de “The Spirit of Radio” — uma influência improvável, mas uma encruzilhada surpreendentemente bacana entre Megadon e “Mama Kin“. “Bolivian Ragamuffin” prova que até os álbuns mais ruins do Aerosmith geralmente têm pelo menos alguns tesouros enterrados — se você tiver estômago para caçá-los. (E se você está procurando neste álbum, não ignore “Joanie’s Butterfly.”) —R.S.
40. ‘Come Together’ (1978)
O musical cinematográfico de 1978 Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band foi uma catástrofe tão épica que quase destruiu as carreiras de Peter Frampton e dos Bee Gees perto do auge absoluto de sua fama. A única coisa boa que saiu dele foi a versão do Aerosmith de “Come Together“, que eles tocam durante um momento tipicamente incompreensível no filme onde Frampton e os Bee Gees tentam resgatar uma mulher amordaçada e amarrada a uma placa de neon. Termina com Frampton e Tyler brigando no palco, mas não importa. A música foi o último sucesso deles antes de Run-D.M.C. trazê-los de volta do esquecimento quase uma década depois. — A.G.
39. ‘I Don’t Want to Miss a Thing’ (1998)
Existem dois tipos de pessoas neste mundo: aquelas que veem “I Don’t Want to Miss a Thing” como uma balada poderosa açucarada e piegas que o Aerosmith nem escreveu, e aquelas que acham que é uma de suas melhores músicas dos anos 90 — uma balada irmã linda e épica de “Angel“. Embora seja verdade que Diane Warren escreveu o tema de Armageddon de 1998, ela admitiu que a banda e o produtor Matt Serletic foram responsáveis pelo gigante que se tornou. “Aquilo foi Steven sendo Steven, fazendo a merda legal que só ele pode fazer”, disse Warren, elogiando o arranjo de cordas e as oitavas dramáticas. “Lembro da primeira vez que ouvi e fiquei literalmente derrubada da minha cadeira de quão ótimo aquilo era.” —A.M.
38. ‘The Other Side’ (1989)
Ninguém consegue fazer “mmm-mmm-mmm” como Tyler. Combinado com a caixa de Kramer, a onomatopeia de Tyler anunciou a chegada do que é indiscutivelmente a faixa mais cativante de Pump (1989). É tão simples quanto o rock do fim dos anos 80 ficou, entre o baixo sem frescura de Hamilton, metais simples e brilhantes, e clichês fazendo papel de letras (“Between the devil and the deep blue sea!”; “Entre o diabo e o mar azul profundo!”). Não importa, “The Other Side” é irresistível — talvez demais. Os compositores de “Standing in the Shadow of Love” dos Four Tops ameaçaram ação legal pela melodia excessivamente similar do Aerosmith, resultando num crédito Holland/Dozier/Holland ao lado de Tyler e seu coautor Jim Vallance. —J.H.
37. ‘Combination’ (1976)
Nenhuma música no rock & roll incorpora a ideia de estar “elegantemente arrasado” como esta contribuição de Perry para Rocks (1976). A letra “Walking on Gucci, wearing Yves St. Laurent/barely staying on cause I’m so goddamn gaunt” (Andando de Gucci, vestindo Yves St. Laurent/mal conseguindo ficar em pé porque estou tão terrivelmente magro) expôs a elegância de estrela do rock. Perry na verdade faz mais do que apenas harmonizar com Tyler na música: ele canta a voz principal, quase. Em suas memórias, o guitarrista observou o ciúme que experimentava de seus companheiros de banda toda vez que se aproximava dos holofotes. “Depois de um tempo, porém, a banda cedeu e me apoiou, contanto que eu cantasse a música como uma espécie de dueto com Steven”, escreveu Perry sobre “Combination“. “Até hoje, [eu] fico surpreso com a frequência com que me pedem para tocá-la ao vivo.” —J.H.
36. ‘My Fist Your Face’ (1985)
Ninguém esperava nada do álbum de reunião do Aerosmith, Done With Mirrors (1985). Muito menos eles. “Sei que todo mundo vai perguntar se voltamos a ficar juntos por dinheiro”, disse Perry à Rolling Stone em 1984. “E é claro que sim.” No entanto, tinha sinais surpreendentes de vida, como esta pequena vinheta de briga de bar matadora. “My Fist Your Face” era punk o suficiente para os The Replacements tocarem na turnê de Tim (1985), plenamente conscientes de que nenhum de seus fãs a conheceria. “Os Quiet Riots e todos aqueles caras com couros e tachas e as pilhas de amplificadores Marshall que não estão ligados é melhor tomarem cuidado”, alardeou Perry. “Nós somos a banda sobre a qual sua mãe avisou você.” —R.S.
35. ‘You See Me Crying’ (1975)
Esta joia poderosa mostrou a banda experimentando como fazer a vulnerabilidade bater tão forte quanto sua pestana de guitarra mais pesada — uma habilidade que os serviria bem quando depois invadiram as paradas pop. Tyler pressionou a banda a gastar numa orquestra de 100 peças e assumiu o comando dos arranjos. É uma peça de piano enganosamente complexa, com mudanças de compasso e oscilações dinâmicas que combinam perfeitamente com a extensão vocal sobrenatural de Tyler. No entanto, apesar de todas as suas complexidades, “You See Me Crying” quase se perdeu na névoa dos excessos notórios da banda. Conta-se que Tyler — profundamente em estado alterado — uma vez ouviu a música no rádio e sugeriu que eles a regravassem, apenas para Perry responder: “Somos nós, cabeça de merda.” —S.G.

34. ‘Lightning Strikes’ (1982)
O Aerosmith estava totalmente fora de sincronia com as tendências de 1982, quando fizeram Rock in a Hard Place — isso mesmo, o álbum onde eles acharam que era legal colocar Stonehenge na capa. This Is Spinal Tap (1984) veio dois anos depois, e sim, Steven Tyler levou para o lado pessoal. Mas mesmo sem Joe Perry, o álbum tinha guitarras cruéis dos firmes substitutos Rick Dufay (pai da Minka Kelly!) e Jimmy Crespo. “Lightning Strikes” tem aquele velho poder de riff chicoteante e os jogos de palavras de Tyler, quando ele ameaça “ler seus direitos fúnebres.” —R.S.
33. ‘Dude (Looks Like a Lady)’ (1987)
Houve um tempo, não muito tempo atrás, quando você podia chamar uma música de “Dude (Looks Like a Lady)” e era totalmente socialmente aceitável. Na verdade, este foi o grande single do álbum que restabeleceu o Aerosmith como produtores de sucessos dos anos 80 depois que seu remake de “Walk This Way” com Run-D.M.C. ajudou a apresentá-los à geração MTV. Para conseguir a sagacidade pop de que precisavam, a banda se juntou a Desmond Child, recém-saído de seu trabalho mega-platinado com Bon Jovi. As letras foram inspiradas em eventos da vida real — ou seja, Tyler bêbado vendo uma loira gostosa de trás e então ficando chocado quando ela/ele acabou sendo o cantor do Mötley Crüe, Vince Neil. —J.D.
32. ‘Draw the Line’ (1977)
O Aerosmith tinha feito um álbum por ano durante quatro anos quando chegaram a Draw the Line de 1977, e seu esgotamento e consumo de drogas deram ao quinto álbum uma sensação única de desespero danificado. Com seu riff brutamontes e produção turva e nem-aí, a faixa-título soa mais cruel que muito do punk-rock surgindo no mesmo ano. Tyler explicou a letra “Carrie… was a wet-nap winner” assim: “Bem, um wet nap é algo com que você limpa bundas de bebês. Antigamente, se você tivesse sorte o suficiente de pegar uma aeromoça num avião e você saísse do banheiro, tudo que você tinha para limpar era um wet nap.” —J.D.
31. ‘Adam’s Apple’ (1975)
Deixe com o Aerosmith pegar a saga de Adão e Eva e torná-la ainda mais picante nesta faixa obscura de Toys in the Attic (1975). Sobre uma baixaria de guitarra martelante, Tyler apresenta sua própria teoria de possível intervenção alienígena (a “nave-mãe” que vem “do céu”), mas o que se segue poderia fazer um extraterrestre corar. Adão se delicia no “fruto doce e amargo” de Eva, e ela mesma “comeu — Senhor, foi amor à primeira mordida.” Ainda assim, o mais fascinante sobre “Adam’s Apple” é a solenidade com que Tyler a encara, até lamentando a maneira como “o mal veio como chuva” depois que são expulsos do Jardim do Éden. Bastou o fim da inocência do homem para assustar Tyler. —D.B.
30. ‘Let the Music Do the Talking’ (1985)
Nos anos em que o Aerosmith estava brigando com Perry, foi o guitarrista quem realmente manteve a chama acesa. Todos os três álbuns de seu Projeto Joe Perry ainda são guardados. (Podemos receber um amém para “Black Velvet Pants“? “South Station Blues“? Que tal “I’ve Got the Rock & Rolls Again“?) Mas o auge foi sua música-título arrasadora de 1980 Let the Music Do the Talking. Então, quando Perry voltou ao Aerosmith, eles sabiamente a reviveram como o single e faixa de abertura de Done With Mirrors de 1985. Um caso raro desta banda tomar uma decisão sensata de carreira. —R.S.
29. ‘Chip Away the Stone’ (1978)
O grande sucesso perdido do Aerosmith, um favorito cult valorizado por conhecedores fervorosos. “Chip Away the Stone” é uma valentia rude de country ao estilo Skynyrd, escrita pelo amigo e colaborador de longa data Richie Supa. Como single ao vivo, fracassou no número 77, quebrando sua sequência de sucessos no Top 40. Mas a versão de estúdio muito superior foi enterrada no Lado B, e nem sequer apareceu num álbum até uma década depois, na coletânea Gems (1988). Uma banda mais sensata teria escolhido a “Chip Away the Stone” de estúdio como o single — poderia ter sido o sucesso de rádio salvador de carreira de que eles desesperadamente precisavam. Mas em 1978, Aerosmith e sanidade nem estavam conversando. —R.S.
28. ‘Crazy’ (1993)
Pelos padrões de hoje, escalar sua filha de 16 anos como uma estudante de colegial sexy num vídeo onde ela nada nua, entra num concurso numa casa de strip, e dirige por aí de sutiã ao lado de outra garota má adolescente, interpretada por Alicia Silverstone, parece bem perturbador. Bem, era perturbador em 1993, mas o Aerosmith não dava a mínima. O vídeo transformou Liv Tyler (que tinha acabado de descobrir que Steven Tyler era seu pai) numa estrela, e transformou “Crazy” em mais um sucesso gigante de Get a Grip (1993). —A.G.
27. ‘Big Ten Inch Record’ (1975)
O Aerosmith já tinha regravado “Train Kept a Rollin’” e “Walkin’ the Dog” em álbuns anteriores, mas há algo especialmente comovente em ouvir a banda que deu ao mundo “Back in the Saddle” e “Lord of the Thighs” prestar homenagem às raízes do rock de duplo sentido com sua versão boogie-woogie do clássico blues fálico de 1952 de Bull Moose Jackson. Eles mandam com afeto real, caras do rock pesado prestando homenagem a um precursor estético. —J.D.
26. ‘Rats in the Cellar’ (1976)
Um ano depois de “Toys in the Attic“, o Aerosmith virou a casa da diversão de cabeça para baixo para a sequência, “Rats in the Cellar“. Mas é um conto mais sombrio e sinistro, capturando o momento em que todos os cinco membros da banda estavam acelerando em direção ao desastre. “‘Rats‘ é mais como o que estava realmente acontecendo”, Tyler recordou em seu livro de memórias Does the Noise in My Head Bother You? (2004) “As coisas estavam desmoronando, a sanidade estava fugindo para o sul, a cautela foi jogada ao vento, e aos poucos o caos estava se mudando permanentemente.” —R.S.

25. ‘Angel’ (1987)
O Aerosmith não era uma banda de hair metal. Mas eles tiraram uma página do manual do hair metal ao seguir um hino de rock, “Dude (Looks Like a Lady)“, com uma balada de amor, “Angel“, ao escolher singles de Permanent Vacation (1987). Escrita por Tyler e Desmond “Livin’ on a Prayer” Child, a música solidificou um dos retornos mais improváveis da história do rock ao atingir o Número Três na Billboard Hot 100. Isso pode ter horrorizado fãs da velha guarda que ainda se apegavam aos seus antigos fitas oito-track de Toys in the Attic (1975) e Rocks (1976), mas este era o Aerosmith para uma nova geração. —A.G.
24. ‘Lord of the Thighs’ (1974)
“Lord of the Thighs” é uma faixa tão mergulhada em baixaria que praticamente deixa uma mancha no seu toca-discos. Mas por baixo da sujeira, há a batida embrionária que eventualmente evoluiria para “Walk This Way“. O trabalho de pés de Kramer no bumbo, perfeitamente sincronizado com o riff serpenteante de guitarra de Perry, estabelece uma batida tão primitiva quanto precisa: apenas dois e quatro por cima, com colcheias nos chimbal impulsionando o ritmo. Da lama surgiu um som perturbador e estranhamente sedutor — uma batida gritante que enredaria gerações de guitarristas de rock vindouros. —S.G.
23. ‘Nobody’s Fault’ (1976)
No início, o Aerosmith às vezes era descartado como uma imitação dos Stones, mas este tesouro enterrado de Rocks (1976), escrito por Tyler e Whitford, prova que eles podiam acenar para o Led Zeppelin com desenvoltura genuína. Tyler empurra sua voz para guinchar como Plant, e as guitarras e a pancada de bateria do martelo dos deuses são puro Page e Bonham. Adicione provavelmente as letras mais sombriamente apocalípticas que a banda já escreveu — conjurando terremotos, casas desabadas, pássaros batendo asas desesperadamente, e Terras Santas em decomposição — e você tem um verdadeiro apocalipse santo de arrepiar. (E foi só coincidência que o Zeppelin lançou “Nobody’s Fault But Mine” no mesmo ano?) —D.B.
22. ‘Same Old Song and Dance’ (1974)
O primeiro single de Get Your Wings de 1974 era tudo menos a mesma velha história. Os Bad Boys de Boston estão particularmente ferozes aqui, apoiando-se pesadamente no riff forte de Perry e nas rimas cantadas de Tyler sobre matar, cocaína e um juiz com “prisão de ventre” que vai até a cabeça. “Get yourself cooler, lay yourself low/coincidental murder with nothing to show” (Fique mais frio, abaixe-se/assassinato coincidente sem nada para mostrar), grita Tyler para abrir a faixa, que aparecia frequentemente no repertório da banda: eles a tocaram pela primeira vez em 1973, e novamente 50 anos depois em Pittsburgh — no que seria a penúltima apresentação ao vivo do Aerosmith. —J.H.
21. ‘Livin’ on the Edge’ (1993)
Uma dose sóbria de comentário social após a agitação civil em Los Angeles que seguiu quatro policiais espancando Rodney King em 1992, “Livin’ on the Edge” encontra Tyler espiando no abismo sem muita esperança. “Estamos vivendo no limite”, canta Tyler, enquanto os vocais de fundo o provocam: “Você não pode evitar de cair.” É um problema sem solução, mas o Aerosmith fez soar ótimo com a guitarra de sino de Perry e alguns toques country. Além disso, a música tem um dos vídeos mais malucos dos anos 90, apresentando o garoto de O Exterminador do Futuro 2 (1991) jogando fora uma embalagem de camisinha, Perry desviando de um trem em disparada, e a glória que é Steven Tyler nu. —K.G.

20. ‘No Surprize’ (1979)
No final dos anos 1970, com a banda desmoronando, os garotos do Aerosmith dão uma olhada para trás em seu auge. “No Surprize” é uma das músicas mais cruéis e engraçadas de “como a banda começou” em todo o mundo do rock, um passeio sardônico pelos seus primeiros dias: tocando em botecos, se deliciando na baixaria de Nova York do Max’s Kansas City, assinando na linha pontilhada com Clive Davis, conseguindo drogas com os policiais. Tyler rosna sobre ser enganado pelos tubarões da indústria, perguntando: “Se japoneses podem ferver chás, então onde diabos estão meus royalties?” Na guitarra, Perry soa como o rei do mundo. Mas quando esta música foi lançada, ele estava fora da banda. —R.S.
19. ‘Jaded’ (2001)
A última grande música do Aerosmith, e seu último sucesso, chegando ao Número Sete no início de 2001. Tudo sobre “Jaded” foi impecável, incluindo o timing — estava no Top 10 na semana em que foram incluídos no Hall da Fama do Rock & Roll. De todos os veteranos no Hall, quantos podem se vangloriar de ter tido um novo sucesso estrondoso para tocar na cerimônia, muito menos um tão grande? (Eles deixaram Justin Timberlake cantar o refrão no Super Bowl — essa foi uma decisão nteressante.) “Jaded” é um envio agridoce às suas três primeiras décadas, com Tyler lamentando: “Meu, meu baby blue.” Linda, elegíaca, mas sem sentimentalismo — uma maneira graciosa de completar um dos melhores repertórios do rock. —R.S.
18. ‘What It Takes’ (1989)
Embora este destaque de Pump de 1989 seja considerado uma balada poderosa, tem muito mais em comum com uma música country de varanda. Credite isso à entrega descontraída de Tyler, à presença sutil de acordeão, e ao fato de que, em seu núcleo, é uma música de separação à moda antiga. A banda até a apresenta num bar caipira no vídeo oficial (embora sejamos sempre parciais à versão alternativa no estúdio). Escrita por Tyler e Perry com Desmond Child, o mestre da balada poderosa, “What It Takes” foi um ponto alto toda vez que o Aerosmith a tocou ao vivo, com Tyler provocando a plateia — “Não, não, assim” — antes de guinchar o “lance de dados” final. —J.H.
17. ‘Sick as a Dog’ (1976)
“Sick as a Dog” é um destaque esquecido de Rocks (1976), mas é o Aerosmith em seu mais musicalmente feroz e emocionalmente cru, com harmonias assombrosas e o arranjo de guitarra metal-estilo-Byrds de Hamilton. Tyler canta sobre duas crianças perdidas na estrada, longe de casa, tentando manter uma à outra vivas através de uma longa noite de drogas e desespero. Enquanto ele implora: “You’re the only friend I got/You’ll be the last to see me rot.” (Você é o único amigo que tenho/Você será o último a me ver apodrecer) A música termina com palmas, diretamente do manual das Shangri-Las. Eles editaram “Sick as a Dog” ao vivo no estúdio, com Hamilton na guitarra e Perry no baixo. No último minuto, Perry passou o baixo para Tyler e terminou a música na guitarra, enquanto a fita continuava rodando. — R.S.
16. ‘Cryin” (1993)
Não havia muitas estrelas do rock na casa dos 40 anos na MTV em 1993. É por isso que o Aerosmith fez a escolha brilhante de escalar Alicia Silverstone de 17 anos como a estrela do vídeo de “Cryin’“, o terceiro single de Get a Grip (1993). O vídeo onde ela interpreta uma namorada rejeitada que se vinga do homem traidor tocou na MTV em um loop quase constante por meses, disparando a música para o Número Um na Billboard Hot 100, e ajudando Get a Grip a vender impressionantes 20 milhões de discos no mundo todo. Foi tão bem-sucedido que Silverstone estrelou os próximos dois vídeos do Aerosmith, o que a ajudou a conseguir o papel principal num filmezinho chamado As Patricinhas de Beverly Hills (1995). — A.G.

15. ‘Train Kept a Rollin” (1974)
No início, a pérola do blues “Train Kept a-Rollin’” era filha de Tiny Bradshaw, que gerou a versão acelerada de Johnny Burnette, que gerou a versão do Yardbirds de Blowup (1966), que gerou a versão conduzida pelo Led Zeppelin, que gerou a versão de parar o trânsito do Aerosmith, transformando esse trem no Novo Testamento do rock pesado do rádio FM. Embora a banda tenha estreado uma versão de estúdio de cinco minutos e meio da música em Get Your Wings (1974), a música sempre soava melhor no palco, onde eles aceleravam e desaceleravam como se o trem estivesse vivo e fora de controle e pronto para arrasar, assim como o Aerosmith. — K.G.
14. ‘Lick and a Promise’ (1976)
Era divertido assim ser o Aerosmith nos anos 70, até que não foi mais. “Lick and a Promise” é uma explosão em série de Rocks (1976), com Whitford e Perry arrasando em seu modo característico rápido e pesado. O ritmo maníaco e o caos químico já estavam os alcançando — como Perry disse: “Começamos como uma banda de rock brincando com drogas, depois nos tornamos uma banda de drogas brincando com rock.” Mas nesta empolgação desenfreada, eles continuam dançando no limite — uma das músicas mais puramente alegres que o Aerosmith já fez. Aquele gancho “na-na-na-na-na” era tão indelével que eles o reciclaram anos depois no refrão de seu sucesso de 2001 “Jaded“. — R.S.
13. ‘Amazing’ (1993)
O Aerosmith atingiu o zênite de sua era de baladas poderosas dos anos 90 com “Amazing“, conquistando a MTV com sua icônica trilogia Alicia Silverstone. “Amazing” veio entre “Cryin’” e “Crazy“, mas, como O Poderoso Chefão, esta é uma trilogia que atinge o pico no capítulo do meio. O vídeo tinha um tema de “ciberespaço” bastante bobo — talvez não o melhor uso das habilidades dramáticas de Silverstone, tão adequadas para chutar bandidos na calçada. Mas é uma meditação ao piano genuinamente comovente sobre sobriedade e o trabalho duro necessário para se manter firme. “Amazing” dispara para os céus nos minutos finais, com um longo, amplo e glorioso solo de guitarra de Perry. — R.S.
12. ‘Rag Doll’ (1988)
Para o terceiro single de Permanent Vacation (1988), o Aerosmith recorreu ao médico de músicas de Bryan Adams, Jim Vallance, coautor de “Run to You“, “Cuts Like a Knife” e “Summer of ’69“. Ele os ajudou a criar esta fusão propulsora de blues rock e metal hair, completa com guitarra slide e uma seção de metais. Eles originalmente a chamaram de “Ragtime“, mas Holly Knight (coautora de “Love Is a Battlefield” de Pat Benatar) sugeriu que mudassem para “Rag Doll“. O vídeo se passa num universo onde Tyler aparentemente está tendo casos com todas as jovens mulheres de uma rua suburbana. — A.G.
11. ‘Last Child’ (1976)
Cheia de funk, suja e inconfundivelmente Aerosmith, “Last Child” é um sonho febril presunçoso e sulista e o coração caipira de sua obra-prima de blues pesado Rocks (1976). Whitford coescreveu a música e a construiu em torno de seu riff de guitarra encardido que é tão contagioso que basicamente tem sido um gatilho pavloviano para públicos de shows desde então. A seção rítmica — Kramer na bateria, Hamilton no baixo — estabelece uma fundação “funkificada” que dá a Tyler todo o espaço que ele precisa para sua poesia maluca de varanda: “Can’t catch no dose of my hot tail poon tang sweetheart sweat hog” (Não consigo pegar nenhuma dose da minha gostosa poon tang querida porco suado). No mundo do Aerosmith, onde sentido e absurdo tendem a se confundir, tudo simplesmente funciona. — S.G.
10. ‘Love in an Elevator’ (1989)
Ao longo da história do rock, artistas escreveram músicas inescrutáveis onde o significado lírico fica a critério do ouvinte. “Love in an Elevator” não é uma delas. É sobre Tyler desfrutando de relações carnais num elevador. Se houvesse alguma dúvida sobre isso, o que seria quase impossível considerando o título e cada palavra da música, ela começa com uma operadora de elevador dizendo: “Bom dia Sr. Tyler, indo… para baixo?” (Ela está se referindo tanto ao movimento do elevador quanto fazendo uma referência velada a sexo oral.) Lançada no auge do movimento hair metal, a música se encaixou perfeitamente com novos lançamentos de Poison, Mötley Crüe e Warrant, e deu ao Aerosmith o single de abertura perfeito para Pump (1989). — A.G.
9. ‘No More No More’ (1975)
A declaração existencial definitiva do Aerosmith, sobre a jornada insana e interminável de tocar numa banda de rock & roll. Tyler soa como um vampiro cansado da estrada quando grita: “Ain’t seen the daylight since I started this band.” (Não vejo a luz do dia desde que comecei esta banda.)” – uma frase boa o suficiente para os Beastie Boys roubarem em “No Sleep ‘Til Brooklyn”. “No More No More” é um turbilhão de Holiday Inns, bares enfumaçados, noites tardias, estranhos drogados e a ida de carro para a próxima cidade, com um tom melancólico nos floreios acústicos. Perry conta seu lado da história, se estendendo nos minutos finais para seu solilóquio de guitarra mais elegíaco. — R.S.
8. ‘Seasons of Wither’ (1974)
Deprimente, cara. Esta balada química zonza revela o espírito sensível escondido por trás da presunção de “Lord of the Thighs” da banda. Tyler a escreveu num Halloween quando estava morando numa fazenda de galinhas em Vermont com o baterista Kramer. “Desci para o porão, queimei um incenso e peguei este violão que Joey tinha encontrado num lixão em algum lugar”, Tyler recordou em 1991. “Estava afinado bem mal, e tinha um tom especial. E aquela afinação forçou aquela música para fora.” “Seasons of Wither” tinha uma gravidade proto-grunge muito além do que as pessoas presumiam que esta banda poderia alcançar. Você pode praticamente sentir os ventos frios da Nova Inglaterra se aproximando. — R.S.
7. ‘Toys in the Attic’ (1975)
Com seus riffs de locomotiva e melodias cheias de teias de aranha, “Toys in the Attic” arrasa tanto que é fácil perder o quão profunda ela é. Letras como “Leaving the things that you love from mind/All of the things that you learned from fears/Nothing is left for the years” (Deixando as coisas que você ama longe da mente/Todas as coisas que você aprendeu com medos/Nada sobra para os anos) são poéticas de uma maneira similar ao refrão “Turn off your mind/Relax, and float downstream/It is not dying” (Desligue sua mente/Relaxe e flutue rio abaixo/Não é morrer) na artística “Tomorrow Never Knows” dos Beatles. Mas como o Aerosmith toca direto com abandono de invadir-os-portões-do-Inferno, e Tyler transformou o refrão “Toys! Toys! Toys… in the attic” (Brinquedos! Brinquedos! Brinquedos… no sótão) num erguedor de cerveja sob medida nos shows, o hippismo psicodélico de tudo é fácil de digerir. “Joe [Perry] estava só fazendo um riff, e eu comecei a gritar: ‘Toys, toys, toys… ‘”, Tyler lembrou. “Orgânico, imediato, contagioso… incrível pra caralho. Mais uma vez, os Gêmeos Tóxicos cavalgam para o pôr do sol… desta vez, o pôr do sol do sótão.” — K.G.
6. ‘Mama Kin’ (1973)
“Mama Kin” era o hino que definia o estilo de vida do Aerosmith. Tyler a escreveu antes de entrar para a banda, um sábio hippie místico preso no corpo de uma estrela do rock. “As pessoas sempre perguntam: ‘O que é ‘mama kin’?’” ele disse a Rolling Stone em 2001. “É a mãe de tudo. É o desejo de escrever música, o desejo de transar, de passar pelo relacionamento com uma garota, ou o que quer que seja. Manter contato com mama kin significa manter contato com os velhos espíritos que te levaram até lá para começar.” Tyler era tão devotado à sua mensagem espiritual que tatuou “MA KIN” no braço. Magricelo que é, ele não tinha braço suficiente para caber o título inteiro. — R.S.

5. ‘Janie’s Got a Gun’ (1989)
“Janie’s Got a Gun” se destaca como um dos triunfos mais improváveis do rock. Em 1989, enquanto surfavam alto numa onda de seu ressurgimento comercial, o Aerosmith lançou esta obra noir audaciosa — um conto sem rodeios de vingança, incesto e assassinato. A faixa abre com um prelúdio assustador de gongo de vento e harmônica de vidro, antes de Tyler soltar seu uivo do ponto de vista de uma garota traumatizada. Nada disso deveria ter funcionado — mas contra todas as probabilidades concebíveis, se tornou um dos maiores sucessos da década. Rendeu ao Aerosmith um Grammy e, graças ao vídeo musical que tomou conta da MTV, dirigido por um David Fincher pré-Clube da Luta (1999), relevância cultural renovada. A habilidade de Tyler de habitar a psique de personagens improváveis estava em plena exibição — uma abordagem narrativa que ele empregou em faixas anteriores como “Uncle Salty“, onde ele deu voz a um menino órfão abusado. Mas com “Janie“, ele mergulha ainda mais fundo em seu medo e raiva, entregando o que pode ser a interpretação vocal mais poderosa de sua carreira. — S.G.
4. ‘Back in the Saddle’ (1976)
Perry escreveu o riff enrolado e retumbante de “Back in the Saddle” em seu baixo de seis cordas, deitado de costas em seu quarto enquanto drogado. “Foi uma daquelas músicas que realmente abriu as coisas para nós”, ele recordou depois. “Back in the Saddle” abre o álbum clássico de 1976 do Aerosmith, Rocks, o melhor álbum de hard- rock americano dos anos 1970. Tyler amarrou pandeiros em suas pernas para soar como esporas tilintantes quando ele pisava com o groove ameaçador e enganosamente complexo da música enquanto cantava suas letras de cowboy sexual, e eles até trouxeram um chicote para o estúdio. Essas teatralidades os colocaram no clima para atingir o ideal Platônico de majestade de fora-da-lei vagabundo. — J.D.
3. ‘Dream On’ (1973)
Tyler tinha apenas 24 anos quando gravou “Dream On“, mas soava três vezes mais velho com a maneira que gritava sobre ver rugas em seu rosto e lamentando em letras como: “Você tem que perder para saber como ganhar.” A música de alguma forma se tornou o maior sucesso do Aerosmith dos anos 1970. Mas no contexto da carreira de blues-rock da banda, é sua música menos “Aerosmithiana”, já que Tyler passa a maior parte dela numa viagem ruim, apertando as teclas de seu cravo e cantando em sua voz natural mais grave (embora ele eleve as coisas a um grito demoníaco no final). “Quando escrevi ‘Dream On‘, pensei: ‘De onde isso veio?’” Tyler disse a Rolling Stone. “Não questionei. Quando leio as letras agora, para um cara que estava chapado, estúpido e babando, consegui tirar algo de lá: ‘O passado se foi/Passou como o crepúsculo ao amanhecer.’” Para o Aerosmith, foi um começo improvável. — K.G.
2. ‘Sweet Emotion’ (1975)
Em 1975, o Aerosmith já tinha lançado dois álbuns e tinha legado ao mundo futuros clássicos como “Dream On” e “Mama Kin“. Mas “Sweet Emotion“, o primeiro single lançado de Toys in the Attic (1975), parecia algo diferente — o começo de um Aerosmith mais sólido, mais ousado e mais confiante, tomando forma diante de nossos ouvidos. Não é apenas a autoconfiança inabalável com que a banda toca, mas a maneira como “Sweet Emotion” mistura perfeitamente sagacidade pop (aquela frase do título) com aspereza do rock (aqueles versos e a participação de talk-box de Perry). É uma receita que os sustentaria por várias décadas mais. No estilo tipicamente bagunçado do Aerosmith, a música foi parcialmente inspirada por um momento de caos da banda: Tyler estava com raiva de Perry, e da então esposa de Perry, por não compartilharem suas drogas com ele e descarregou sua fúria nas letras (“Você fala sobre coisas que ninguém se importa/Vestindo coisas que ninguém usa”). Mas como frequentemente faziam, a banda e o produtor Jack Douglas conseguiram juntar tudo no estúdio. Com a vulcânica “Sweet Emotion“, o Aerosmith sentiu que estava verdadeiramente pronto para conquistar não apenas bares e clubes, mas o mundo. — D.B.
1. ‘Walk This Way’ (1975)
“Walk This Way” mostra o Aerosmith em seu momento mais provocante, cheio de ritmo e no auge da forma — os “Bad Boys de Boston” em sua fase mais rebelde. Perry brilha com um riff de guitarra sujo e marcante, enquanto Tyler despeja sua poesia frenética e sexual. A música nasceu depois que a banda foi assistir ao novo filme de Mel Brooks, O Jovem Frankenstein (1974), e caiu na risada com a cena em que Marty Feldman e Gene Wilder fazem a piada do “walk this way” (“ande por aqui”). Mas o que começou como uma brincadeira virou um sucesso: a canção entrou para o Top 10, com o baterista Kramer adicionando um ritmo dançante inspirado no funk (ele já havia tocado com as lendas do R&B Tavares). Nos primeiros dias do hip-hop, DJs no sul do Bronx usavam a introdução da música como base para suas mixagens. Em 1986, o grupo Run-D.M.C. a reviveu em uma nova versão — que, embora tenha marcado o início do declínio deles, serviu para ressuscitar a carreira do Aerosmith. “Walk This Way” continua sendo o alicerce de toda a grandiosidade que a banda construiu ao longo de 50 anos. — R.S.
+++ SAIBA MAIS: Futuro incerto do Aerosmith: Joe Perry fala sobre limitações de Steven Tyler
+++ LEIA MAIS: Steven Tyler e Joe Perry tocam juntos pela 1ª vez desde 2023
+++ DESCUBRA: O músico do Aerosmith que superou mais rapidamente o fim da banda
+++ [LISTA]: Os 75 melhores álbuns de 1975
O post As 50 melhores músicas do Aerosmith, segundo Rolling Stone apareceu primeiro em Rolling Stone Brasil.
